terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Amorzade" e a escrita enquanto analgésico

Termo usado por António Lobo Antunes na sua mais recente crónica para a revista Visão. Aqui deixo dois excertos:

"O pintor italiano Valerio Adami dedicou-me assim um desenho. Com amorzade e a justeza da expressão surpreendeu-me: não me tinha passado pela cabeça que é exactamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje, logo à noite ou amanhã telefonam e estarão no sítio em que combinámos, sem falta, e a gente a abraçar-se às palmadas nas costas. Porque razão os homens se abraçam sempre às palmadas nas costas? Sobretudo se estivemos uns tempos sem nos vermos é um festival de pancadaria cúmplice, acompanhado de palavras ternas tais como
- Meu cabrão
e outras doçuras no género.

(...)

Isto, de criar, palavra de honra que é muito difícil, mas é a única forma de as dores secretas abrandarem. E então fingimos que não há nada e continua-se. O que custa um livro, o que deve custar um desenho, um simples traço até. Porém é um tormento que equilibra e igualmente, em certas alturas, um júbilo indizível. Felizmente que ando com um livro, numa altura em que a minha relação comigo me tem feito sofrer..."

Podem ler na íntegra AQUI.


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