Mostrar mensagens com a etiqueta entrevista. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta entrevista. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A primeira e verdadeira polissemia




"O choro de um bebê é um prodígio de polissemia. Um único significante pode ter inúmeros significados: fome, frio, calor, fralda cheia, cólicas, posição desconfortável, sono, dor (que por sua vez podem ser muitas dores diferentes). Nas primeiras semanas de nossa filha, eu e minha mulher nos comportamos como linguistas atormentados, uma espécie de Bouvard e Pécuchet enlouquecidos com a natureza escorregadia daquele significante.”


Francisco Bosco, Orfeu de Bicicleta (um Pai no Século XXI), pág. 83




Fonte: Observador, em 24 de Agosto de 2015

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Entrevista a Elizabeth Gilbert sobre o seu processo de escrita / Interview to Elizabeth Gilbert about her writing process



Aqui fica uma entrevista a Elizabeth Gilbert, a escritora do sucesso mundial "Eat, Pray, Love", que eu adorei. Aqui ela fala do seu processo de escrita.

Q: How did you land your first book deal?
A: I spent about six years sending my short stories out to magazines, and collecting rejections. Then one day Esquire bought one of my stories out of the slush pile and published it. It was through this publication that I found my agent (or, rather, that my agent found me). She then negotiated a book deal on my behalf.

I had a collection of short stories written and ready to go, but I had to promise the publisher that I would deliver a novel, in order to seal the deal. Having never before written a novel, this was rather frightening. But you have to deliver the goods, once you sign that contract, or else they get fussy and want their money back — which is a good motivation to get your work done…

Q: You have written both nonfiction and fiction books; is there any difference to your approach or creative process when writing these two different genres?
A: Less than you might think. I feel that it’s more or less the same process, either way. Because all my work is so research-based, it always begins with a long period of study or immersion. Lots of note-taking. Many shoe boxes of index cards are involved. This part of the process can take years, but it’s during the research period that the story begins to grow in my mind, and that helps me to find my confidence.

Once the research is done, I then outline the book as well as I can, which means putting the index cards into some sort of sensible narrative order. Then I sit down to write. For me, the writing itself is usually pretty fast — but that’s only because I’ve always over-prepared so much. (When it comes time to write, then, it’s kind of like painting a house that’s already been very well prepped: now I just get to roll on the paint.)

And in both cases — with fiction and non-fiction — I make sure that I’ve decided exactly to whom I am writing the book, long before I even begin. Each one of my books has been written to a different person, and always to somebody I know well. I find that this is almost the most important decision (“Who exactly is it for?”) because that intimacy with my imagined reader will completely determine my voice and how I tell the story. I think it’s important to keep that one reader in mind as you write, and to hold yourself accountable to the duty of delighting them or transporting them as well as you can. It keeps me honest, somehow, and gives me a more human touch, I hope.

Q: In your opinion, what’s the best way to self-edit?
A: Fearlessly, and fast. Ask yourself if this sentence, paragraph, or chapter truly furthers the narrative. If not, chuck it. (Keep a document open at all times called SCRAP, and throw your cuts in there. This will give you the security of knowing that the words are not lost forever. That said, once you’ve made the cut, try not to look back.)

Try to move thorough the document quickly, rather than getting bogged down in debating every single semi-colon. Don’t overthink it; your first instinct is usually correct. You have a story to tell here, after all — so use a machete to get you there, if you must, but keep telling the story and keep chopping through the underbrush that stands in the story’s way.

Also, don’t edit as you go. One of the greatest time-wasters in the literary world is to edit as you work, sentence-by sentence. This gives off the illusion that you’re actually being disciplined and productive (after all, you’ve been sitting at your desk for three whole hours, laboring over that one paragraph!) but it’s a lie. You aren’t working; you’re just messing around and calling it work.

So move, move, move. Keep the pace. Think of it this way: Have you ever tried to walk on a tightrope? It’s far easier to do if you’re running, than if you’re looking down and deliberately choosing every step. If you slow down or even stop, you risk wavering and falling. The best writing comes at an uninterrupted tightrope-running pace. You can always fix it later. Better yet, just finish it and hand the manuscript over to someone else, and let them edit you with fresh eyes. And for heaven’s sake, listen to their feedback.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Disto e daquilo, à conversa com Eduardo Galeano



Os medos, a perda de um grande amigo, o mundo que é feito de histórias, a utopia...de tudo isto e mais nos fala Eduardo Galeano, escritor uruguaio. São (quase) 10 minutos de uma boa conversa.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A necessidade premente de aprovação segundo Alain de Botton



Diogo Gonçalves conversou com Alain de Botton sobre o seu livro Status Anxiety (em português com a tradição duvidosa Status Ansiedade...porque não traduziram para A Ansiedade do Estatuto?). Mais do que ler devorei este livro que considero brilhante e obviamente recomendo. Fica um excerto (grande :)) da entrevista:

"Alain de Botton, o mais lido filósofo vivo, decidiu responder a algumas questões acerca do seu maravilhoso livro Status Anxiety. O livro fala-nos da ansiedade, prevalente em muitas sociedades modernas, em ser o “Número Um”. Mostra-nos também que isso pode ser um jogo de perde-ganha socialmente disfuncional, uma vez que a nossa posição social é sempre dependente da posição dos outros.

(...)

José Saramago, o único escritor Português que ganhou o prémio Nobel, dizia “Eu vivo inquieto e escrevo para inquietar.” Qual foi a tua inquietação, quando escreveste o livro Status Anxiety?
Com o meu livro, quis definir uma nova doença da forma que a via na minha vida e na dos outros que me são próximos. A ansiedade de estatuto é uma preocupação acerca de como nos posicionamos no mundo, se estamos a ir para cima ou para baixo, se somos vencedores ou perdedores. Nós preocupamo-nos acerca do nosso estatuto por uma simples razão: porque a maioria das pessoas tende a ser boa para nós de acordo com a quantidade de estatuto que temos: se ouvirem que fomos promovidos, vai haver um pouco mais de energia no seu sorriso; se formos despedidos, vão fingir que não nos viram. Em última análise, preocupamo-nos por não ter estatuto porque não somos bons em permanecer confiantes sobre nós próprios se os outros não parecerem gostar ou respeitar-nos bastante. O nosso ‘ego’ ou auto-conceito poderia ser ilustrado como balão a perder ar, a requerer permanentemente amor exterior para manter-se cheio e vulnerável às mais pequenas alfinetadas de negligência: nós precisamos de sinais de respeito por parte do mundo para nos sentirmos aceitáveis para com nós próprios.

No teu livro, mostras-nos que algumas das ideias que deram origem à ideologia capitalista, tais como a meritocracia e a “mão invisível”, são também as causas do fenómeno da ansiedade de estatuto, e uma fonte de desespero para a sociedade. Apesar de toda a dor que podem causar, porque é que são estas ideias ainda tão prevalentes no mundo de hoje?
A ansiedede de estatuto está pior do que nunca, porque as possibilidades de realização (sexual, financeira, profissional) parecem ser maiores do que nunca. Existem tantas coisas à nossa espera se não nos julgarmos a nós próprios como “losers”. Somos constantemente cercados por histórias de pessoas que conseguiram. Durante a maior parte da história da humanidade, um pressuposto oposto dominou: baixas expectativas eram vistas como normais e sábias. Apenas uns poucos poderiam aspirar à riqueza e à realização. A maioria sabia bem o suficiente que estava condenada à exploração e à resignação. Como é óbvio, continua a ser altamente improvável que possamos hoje alcançar o topo da sociedade. É talvez tão improvável que possamos rivalizar com o sucesso de Bill Gates como poderíamos no século dezassete tornar-nos tão poderosos como Luís XIV. No entanto, e infelizmente, parece que deixou de parecer improvável; dependendo das revistas que lemos, pode de facto parecer até absurdo como é que ainda não o conseguimos.

Qual foi o efeito mais gratificante, que resultou da publicação do teu livro?
O livro ajudou a fazer com que o conceito pareça universal. Apesar de tudo, até o Bill Gates sofre da ansiedade de estatuto. Porquê? Porque ele se compara a si próprio com o seu grupo de referência. Todos nós fazemos isto, e é por isso que acabamos por sentir que precisamos de mais coisas apesar de estarmos muito melhor do que as pessoas alguma vez estiveram no passado. Não é que nós sejamos particularmente ingratos, é só que não nos julgamos em relação a pessoas que viveram no passado. Não conseguimos felicitar-nos por muito tempo pela nossa prosperidade em termos históricos ou geográficos. Só nos sentimos afortunados quando temos tanto como, ou mais do que, as pessoas com quem crescemos, com quem trabalhamos, que temos como amigas, e nos identificamos em termos públicos. É por isso que a melhor forma de nos sentirmos bem sucedidos é escolher amigos que são exactamente um bocadinho menos bem sucedidos do que nós…"

Retirada daqui.

sábado, 8 de janeiro de 2011

José Leon Machado fala de "A Vendedora de Cupidos"

José Leon Machado: já AQUIALI falei dos seus livros. Encontro agora a sua entrevista ao Jornal de Letras.

"Agrada-lhe imaginar como seria o mundo em épocas distantes. José Leon Machado, 44 anos, fá-lo através da escrita, para melhor conhecer e compreender as suas "origens". Em A Vendedora de Cupidos, o seu mais recente livro, parte da morte misteriosa do padre de uma aldeia para criar um retrato pitoresco do país, atrasado e rústico, durante a II Guerra Mundial. Com a chancela das Edições Vercial, o romance é o segundo título de uma trilogia que atravessa a História do século XX em Portugal, desde a queda da Monarquia até ao 25 de Abril".

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Rui Zink responde a 5 perguntas sobre como aprender a ser escritor



É possível aprender a ser escritor, ou seja, é possível estudar para sê-lo? Há "técnicas" para isso?



R. Z.: É possível aprender e apreender técnicas, tal como é possível aprender a tocar piano ou a pintar ou a dançar. Naturalmente que dar o passo extra depende de algo que não se pode ensinar e que a pessoa tem ou não em bruto dentro dela. Mas o treino, a técnica e a teimosia ajudam, e não há artista digno desse nome sem nenhuma destas três coisas.



Qual é o seu primeiro conselho a um aspirante a escritor?


R. Z.: Ler e copiar, copiar muito. E, já agora, viver.




Concorda com o apelo à concisão de Saul Bellow? Onde termina uma narrativa literária concisa e começa uma listagem de frases ligadas por um mesmo tema?


R. Z.: Boa questão. Obviamente o apelo de Bellow tem uma batota: ele fê-lo depois de ter escrito prolixos calhamaços. Mas a busca da palavra exacta parece-me tão aconselhável como a busca da nota certa. Senão somos como aquele aluno a quem o professor pediu quanto eram 2+2 e que responde 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, e fica espantado por chumbar, já que deu a resposta certa.



Um escritor principiante deve ousar experimentar novas estruturas narrativas ou deve ater-se às consagradas pela literatura?


R. Z.: E porque não ambas? Com peso e medida umas vezes, sem peso nem medida outras.



Ter um "estilo próprio" é coisa a acalentar como virtude ou é um vício de escrita a combater?


R. Z.: É um objectivo a acarinhar. Mas não serve de nada pensar muito nisso. Ou se chega ou não se chega. Só é escritor, para mim, quem alcança uma voz própria.



Excerto de uma entrevista concedida pelo escritor à revista brasileira Samizdat, em 15 de Outubro de 2008.

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin