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quinta-feira, 3 de maio de 2018

"Poema à Mãe" de Eugénio de Andrade



No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.


Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.


Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.


Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.


Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.


Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.


Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!


Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;


Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;


Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...


Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.


Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.


Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade

sábado, 28 de abril de 2018

Um poema e uma ilustração para o Dia da Mãe

Lin Wang








SÓ POR ISSO, MÃE


Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.


Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.


Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.


Só porque tu existes,
Vale a pena!

Lopes Morgado, “Mulher Mãe”

sexta-feira, 5 de junho de 2015

8 citações sobre o que é ser pai ou mãe / 8 quotes about what it means to be a parent

Charles West Cope, "O hush Thee, my baby", 1874 


1.  “To the world you may be one person; but to one person you may be the world.”

- Dr. Seuss, writer and cartoonist


2. “Making the decision to have a child is momentous. It is to decide forever to have your heart go walking around outside your body."

- Elizabeth Stone, teacher and author


3. “Your children need your presence more than your presents.”

– Jesse Jackson, American civil rights activist and Baptist minister 


4. "There really are places in the heart you don’t even know exist until you love a child." 

- Anne Lamott, novelist and nonfiction writer


  
5. “Give the ones you love wings to fly, roots to come back and reasons to stay.”

- The 14th Dalai Lama, Tibetan spiritual leader and advocate for peace

6. “Parents can only give good advice or put them on the right paths, but the final forming of a person's character lies in their own hands.”


- Anne Frank, diarist


7. "Parenthood… It’s about guiding the next generation, and forgiving the last." 

- Peter Krause, actor



8. “Children are apt to live up to what you believe of them.”

- Lady Bird Johnson, Former First Lady of the United States




 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Amor de mãe


Tamara Adams


Amor de mãe


Às vezes choro por ti, meu querido.
Às vezes choro porque o mundo é tão grande e tu és tão pequeno que fico preocupada. Sim…, como eu me preocupo com a tua pequenez neste mundo imenso.
Às vezes choro porque és tão grande e eu sou tão pequena e, quanto maior te tornas para mim, mais pequena eu me torno para ti e fico preocupada. Oh meu Deus, como eu me preocupo com a minha pequenez no teu mundo imenso.
Às vezes choro porque este amor é tão grande e o meu coração tão pequeno. E um coração repleto de amor sofre, estranhamente, como um coração partido.
Às vezes choro porque fico emocionada com a tua beleza.
Às vezes choro porque fico emocionada com a tua força.
Às vezes choro porque desde que tu existes, eu desisti de uma parte de mim e, embora mesmo que pudesse, eu não mudasse nada , às vezes sinto-me completamente perdida.
Às vezes choro porque a tua pele é tão macia e, os teus olhos tão brilhantes e, a tua alma é tão nova e, o teu coração é tão aberto e, eu sinto-me triste. Sinto-me triste porque eu sei que a essa inocência vai desaparecer de dia para dia enquanto cresces e passas por episódios estúpidos e desnecessários que eu não posso prevenir, porque és dolorosamente humano, como todos nós.
Às vezes choro porque precisas de ajuda e não há nada ao meu alcance que possa fazer. O sentimento de impotência, nos pais, é pior do que uma tortura, um pesadelo interminável ou o pior episódio de terror de sempre.
Às vezes choro porque, como mãe, tenho de vestir o meu casaco de menina crescida todos os dias, e vestir o casaco de menina crescida e lidar com o sentimento de impotência ao mesmo tempo não há nada confortável!
Às vezes choro porque me sinto tão estupidamente cansada, não é com sono, mas sim cansada, que não consigo fazer nada. Nem sequer dormir.
Às vezes eu choro, porque sinto Deus cada vez que te ouço a rir.
Às vezes choro porque o simples facto de existires é tão maravilhosamente bom, que não há risos nem gargalhadas que expressem a felicidade que sinto.
Às vezes choro porque todas estas coisas, as preocupações, as tristezas, a beleza, o casaco de menina crescida e tudo o resto, às vezes, é areia a mais para a minha camioneta. É muito mais do que eu consigo lidar. E tem de transbordar por algum lado.
Então às vezes choro por ti. E por mim. E por este mundo imenso. E por milhares de outras terríveis e maravilhosas razões que não irás perceber até teres filhos. E te tornares um Pai.
Às vezes choro por ti, meu querido.

Por Annie Reneau para Scary Mommy
traduzido e adaptado por Up To Lisbon Kids


domingo, 5 de maio de 2013

A canção da criança / The song of the child

Muito bonito!




"There is a tribe in Africa where the birth date of a child is counted not from when they were born, nor from when they are conceived but from the day that the child was a thought in its mother’s mind. And when a woman decides that she will have a child, she goes off and sits under a tree, by herself, and she listens until she can hear the song of the child that wants to come. And after she’s heard the song of this child, she comes back to the man who will be the child’s father, and teaches it to him. And then, when they make love to physically conceive the child, some of that time they sing the song of the child, as a way to invite it.


And then, when the mother is pregnant, the mother teaches that child’s song to the midwives and the old women of the village, so that when the child is born, the old women and the people around her sing the child’s song to welcome it. And then, as the child grows up, the other villagers are taught the child’s song. If the child falls, or hurts its knee, someone picks it up and sings its song to it. Or perhaps the child does something wonderful, or goes through the rites of puberty, then as a way of honoring this person, the people of the village sing his or her song".

Mais AQUI.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A liberdade, o mar e a maternidade.

 
Recebi este texto por e-mail, sem o nome da autora. Da mãe autora. Uma mãe como eu e tantas outras mães. Vale a pena ler. Pode ser uma de nós.
 
"Se não fossem eles, eu dormiria até tarde aos sábados e aos domingos. Nunca fui de dormir até tarde mas agora que não posso, tenho vontade de o fazer. Ficaria na penumbra de olhos semicerrados, a espreguiçar-me só por vício, até que a fome me chamasse.


Se não fossem eles, a minha casa estaria sempre razoavelmente arrumada. Não haveria dinossauros na banheira, nem colónias de bolacha maria entre as almofadas do sofá, nem recortes de revistas com restos de cola seca agarrados ao vidro da mesa, nem torrões de terra generosamente distribuídos no hall de entrada. Não haveria autocolantes de gormittis colados no chão do corredor, dedadas cinzentas nas paredes, ramos de árvore a enfeitar as estantes.

Se não fossem eles, haveria mais idas ao cinema. Ou talvez não, porque o valor dos bilhetes nem sempre compensa. Mas haveria, decididamente mais idas ao teatro, muitas mais idas ao teatro. E depois das idas ao teatro, haveria paragens em bares simpáticos para beber uma cerveja e trincar uns tremoços. Se não fossem eles, o meu salário não se sumiria, num sopro, em despesas de educação.

Se não fossem eles, não haveria um monte insultuoso de livros encorpados deixados a meio na última prateleira da estante. "Viver para contá-la" não teria o marcador no primeiro capítulo há mais de seis anos. A biografia de Gandhi não estaria a fossilizar no topo das prioridades.

Se não fossem eles, a minha gaveta não estaria cheia de impressões rascunhadas de dezenas de contos que continuam órfãos de um desenlace e de um propósito.

Se não fossem eles eu não teria que repensar sistematicamente os princípios elementares da vida, da morte, da fé, da justiça ou da sexualidade para responder a perguntas difíceis. Não haveria perguntas difíceis. Poderia dedicar-me apenas às perguntas que todos os dias coloco a mim mesma, que jamais terão resposta mas que nem por isso deixam quem quer que seja frustrado.

Se não fossem eles, eu não me cansaria a dar toques na bola e a fazer remates em balizas improvisadas. Saltar à corda seria apenas uma memória doce da minha própria infância. Equilibrar-me em cima de um skate seria uma remota e humorística suposição. Não sairia de casa, todas as manhãs, carregando mais volumes do que aquele que eu própria tenho. Poderia estender-me no sofá no final de cada tarde. Os meus cd não correriam na aparelhagem juntamente com uma sinfonia de pedidos, queixinhas e beicinhos. Se não fossem eles, viajar seria como dantes. Entrar no carro e não saber o destino. Escolher as estradas secundárias. Descalçar-me e pôr os pés no tablier. Abrir os vidros todos. Aumentar o volume da música. Desconhecer se há centros de saúde nas proximidades de cada paragem e quais são as farmácias de serviço, para o caso de alguma eventualidade.

Se não fossem eles, eu não investiria tanto dos meus neurónios a contestar as políticas de ensino e o estado da educação. Talvez isso me fosse indiferente. Os erros ortográficos no Magalhães provocar-me-iam espanto, mas, se não fossem eles, não justificariam uma cruzada contra o sistema e contra a minha própria consciência.

Se não fossem eles eu não teria tanto medo. Medo de morrer e medo que me morressem. Porque, se não fossem eles, o futuro era o que fosse, o que tivesse de ser. Se não fossem eles, eu não engoliria tantos sapos. Nem viveria preocupada. Portanto, se não fossem eles, eu seria livre. Livre, como argumentam as pessoas que não querem ter filhos. Livre para fazer, para dizer, para mudar, para andar para trás e para os lados, sair ou entrar. Livre para me alhear, para me ausentar.

Mas é curiosa esta sensação de que, se não fossem eles, a minha vida seria coxa. A minha liberdade nunca seria suficiente. Faltar-me-iam esses pedaços de mim que vão todos os dias para a escola, dentro da mochila, nas roupas que vestem, nas palavras que dizem ou que ainda não sabem soletrar, no brio da caligrafia insegura, no beicinho por um mimo extra. Faltar-me-iam os pedaços de mundo que trazem com eles ao fim do dia: o cheiro da terra, do vento e da brincadeira de ar livre, o aroma a bombom que derreteu e secou entre os dedos. E eu não fecharia os olhos com o nariz enterrado entre as palmas das mãos deles nem veria poesia onde os outros não vêem coisa alguma. Faltar-me-ia a quem ensinar que a liberdade é uma coisa semeada cá dentro e que não se encontra nas salas de espectáculo nem na cerveja com tremoços. Que a preguiça não oferece, que o salário não compra. Faltar-me-ia o regresso à minha própria infância, à verdade elementar, a esta forma apaixonada de simplesmente ser e estar. Se não fossem eles, a minha vida seria como diz Álvaro de Campos: como a parte da praia onde o mar não chega. Se não fossem eles, eu nem sequer saberia que o mar existe"


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