segunda-feira, 8 de setembro de 2008

PNET Literatura: o novo portal da Literatura Portuguesa

"A literatura é um rio que se reconhece, hoje em dia, através de uma identidade multifacetada: um vastíssimo esteio de afluentes que disputa os limites de uma fronteira sempre impossível de traçar. É neste limbo dinâmico, ponteado por marés imprevistas, que o site PNETliteratura se situa. Sem dizer que não à turbulência ou à contingência. Interrogando, enquanto publica; dando a ver, enquanto relativa. "

A introdução é de Luís Carmelo, sobre o novo portal da PNET, dedicado a temas literários. Colaboram Almeida Faria, Gonçalo M. Tavares, Jorge Reis-Sá, Pedro Teixeira Neves, Maria do Carmo Figueira e Carlos Pessoa Rosa que se propõem fazer a "radiografia contínua da vida literária portuguesa"
Registem-se. Eu já o fiz.

domingo, 7 de setembro de 2008

Oh, é bem verdade, bem verdade....


"Ler torna-te mais bonito/a, mesmo que já sejas bonito/a por natureza"... bem, puxando a brasa à minha sardinha que me farto de ler, só pode ser verdade, é melhor que qualquer lifting ou injecção de botox, certamente menos doloroso e, apesar do preço dos livros, mais barato.

Não há nada como uma expressão mais profunda e inteligente para tornar uma pessoa mais atraente, e os livros contribuem para esse carisma.

Nesta onda, as bibliotecas deveriam estar a fazer concorrência às clínicas de estética...não percebo poque é que tal ainda não aconteceu!:)

INdefinições minhas...brincadeiras com palavras sérias...


Ilustração de Mordicai Gerstein.

"Procura-se um equilibrista

que saiba caminhar na linha

que divide a noite do dia

que saiba carregar nas mãos

um fino pote cheio de fantasia

que saiba escalar nuvens arredias

que saiba construir ilhas de poesia

na vida simples de todo dia."

Classificados Poéticos,

Roseana Murray



Sou uma equiLIBRISTA na linha que une e separa, liga e oscila entre o livro e o blogue, a biblioteca e a web. Porque tudo vale a pena LER "quando a alma não é pequena" (sempre o inevitável Pessoa )...Ou então voo qual borbeLETRA...pairando entre a poesia e o humor, a criação e a citação, entre a crítica e a canção.



domingo, 31 de agosto de 2008

A atitude na Internet, a auto-recriação, ainda a ficção escrita vs realidade...




As possibilidades quase infinitas de recriação (o limite é a nossa imaginação), do anonimato, a cultura dos nicks à qual eu nunca aderi...porque no momento em que eu não puder assumir e assinar aquilo que publico num blogue, então prefiro não o escrever de todo.

Então e o inconfessável? Mais vale mastigar e cuspir em forma de "falsa" ficção , ou antes, realidade transfigurada. Ou procurá-lo nas palavras dos outros...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um Conto Súbito...BANG!

Eis um surpreendente Conto Súbito de Luís Filipe Silva que achei na Revista Bang n.º 3, publicação portuguesa dedicada à literatura fantástica editada pela Saída de Emergência. Pode fazer download dos números 3 e 4 desta revista aqui.


Contra a Demagogia

Funciona assim, sr. Presidente: fica residente no seu cérebro e vai contando as palavras que profere ao falar e escrever. Ao atingir o limite, zás! Abre os milhões de contentores de cianeto que lhe injectámos nas veias. E ao fim de cinquenta palavras...

-Cinquenta palavras?! – berrou o Presidente.

-Quarenta e oito... – corrigiu maliciosamente o terrorista. BANG!


"Bang" mesmo! Tão poucas palavras para tão grande efeito! Muuuuuiiiito fixe!


Luís Filipe Silva foi galardoado em 1991 com o prémio Caminho de Ficção Científica. É autor do Ciclo da GalxMente, composto à data pelos romances Cidade de Carne e Vinganças, e colaborou com João Barreiros no “Terrarium” - Um Romance em Mosaicos.Nos últimos anos tem mantido uma presença assídua na internet, onde publicou uma revista por email («Eventos») que se transformou no actual site TecnoFantasia.com.

Assalto à biblioteca



Repararam que esta bibliotecária é loira?

O.K., O.K., desculpem mas não resisti ao estereótipo (injusto, aliás como todos) da loira burra...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Era uma vez a liberdade de escolha nas livrarias...



LIBERDADE DE ESCOLHA


Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.


Esta é uma história breve de Gonçalo M. Tavares, incluída no livro O Senhor Brecht (2004).



Será que as livrarias e os editores se empenham realmente na diversidade e na multiplicidade das publicações ou embarcam na onda comercial do "mais do mesmo" ? Porque será que eu tenho que comprar os livros que procuro na Amazon?


Podem ler mais sobre esta questão em Post Scriptum estival.


O livro enquanto objecto de gula e classificação





“…esclareço desde já que não uso chinó, lentes grossas nem fatos mal amanhados, estereótipo estafado da figura de bibliotecária, também conhecida por “the shhh people” expressão engraçada pela qual são (ou foram) chamados estes técnicos do livro. Falo de livros enquanto objectos e não necessariamente de leitura. Como poderão imaginar, os processos de tratamento de que os livros são alvo, nada têm de romântico: uma secretária cheia de obras à espera de serem classificadas, catalogadas e cotadas não se compadece com os prazeres da leitura nem com obras primas literárias. Dito de outra forma, um livro do Philip Roth leva exactamente o mesmo tratamento que um livro de receitas de sushi. Pode parecer injusto, mas é assim.

Estamos bem longe da ideia romântica da imagem da bibliotecária a namoriscar entre estantes de madeira, como Spencer Tracy e Katharine Hepburn no filme "Desk Set”, a loura Carole Lombard enroscada nos braços do Clark Gable em “No man of her own” ou uma Betty Davis destemida, no filme “Storm center” em pleno “mccarthismo”. Coisas de filmes a preto e branco, como os microfilmes.


Porque uma bibliotecária, a cores e na vida real, rodeada de códices, obras de botânica, estampas, mapas, romances ou de bases de dados em linha, com cheiro a livros de tinta fresca ou amarelados do tempo, procura, acima de tudo, fazer chegar o seu trabalho junto dos leitores o mais breve possível. Em vez da fantasia das metáforas, da sintaxe apurada da obra e da beleza da escrita, o bibliotecário suspira por um índice bem construído que lhe há-de ser de grande utilidade quando tiver que a classificar.


Para além dos livros que estão à nossa guarda, existem também aqueles que nos oferecem e não lemos, aqueles que vamos comprando e os nunca abrimos, aqueles que damos porque gostaríamos de os ler, aqueles que gostaríamos de ter e nunca compramos por serem caros, aqueles que começamos a ler duas, três vezes e nunca os acabamos, porque entretanto dois ou três outros vão entrando e têm os mesmo destino(1). Sem esquecer os livros que se compram com gula, por causa da capa, pelo retrato que lá está ou seduzidos pela badana, mesmo que o recheio seja, (e é tantas vezes) uma enorme desilusão. Como costuma dizer um amigo, com especial acerto, basta colocar as fotografias ou as imagens certas numa qualquer compilação de receitas de pudins em banho-maria para se tornar um estoiro de vendas.


Para além do seu valor literário, patrimonial ou estético, pouco se fala do livro enquanto objecto. Por mim, parece-me bem que cada um fale do que conhece e “classifique” como sabe.”

(1) "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante", de Italo Calvino

Maria Isabel Goulão (Bibliotecária) para o número de Fevereiro 2008 da Revista Atlântico

Fonte: Miss Pearls

Fernando Pessoa diluído nas cores de Sábat

Fernando Pessoa, o poeta que se desdobrava em vários fingidores, foi retratado pelas aguarelas do cartoonista uruguaio Hermenegildo Sábat. De forma soberba!









Vejam mais aqui.

"A minha pátria é a língua portuguesa" dizia Pessoa e eu encontro nas suas palavras a minha verdade: é em português que penso, que verbalizo o que sinto, faz parte de mim, de quem sou e da forma como vejo e ouço o mundo.

E reconheço na poesia deste “fingidor” um hino à minha Pátria.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Saramago: a literatura alimenta mas não engorda

Ainda bem, ou eu seria um caso de obesidade mórbida com direito a banda gástrica e tudo...


Caricatura de Rui Duarte


«Perhaps it can't do great things for the body, but the soul needs literature like the mouth needs bread.» disse José Saramago em entrevista ao The Independent.

Fonte: Ler

A memória do real e a ficção...

Partimos da memória do real para criar a ficção, imaginar o hipotético e projectar o futuro...
Num documentário sobre a memória humana que deu há pouco tempo no canal Sic Notícias (infelizmente não consegui saber qual era o título ou autor do documentário) descobri um facto verdadeiramente fascinante: as pessoas que não conseguem memorizar acontecimentos vividos, cujo passado insiste em permanecer em branco (pessoas que têm problemas em determinadas zonas e funções do cérebro) também não conseguem imaginar o seu próprio futuro.
As nossas projecções do futuro têm como referência o passado.
Também deve ser difícil a criação literária de um mundo ficcionado para quem não tem referentes reais. A capacidade de retenção do real, a memória, desempenha um papel fundamental.
«Julgo [...] que a criação literária se pode fazer a partir da realidade. E se eu sou um escritor que, por vezes, viaja até ao fantástico, até ao imaginário [...], faço-o sempre a partir de factos reais

Jorge Edwards [n. Santiago do Chile, 29 de Julho de 1931]
Autor do livro agora lançado pela Assírio e Alvim, O Inútil da Família.

domingo, 17 de agosto de 2008

Livros de Verão

Adoro ler em qualquer altura do ano, do mês, do dia... mas as férias do Verão propiciam a escolha apetecida e cuidada entre aqueles livros que há muito ando para ler mas ainda não tive tempo, aproveitar a sesta dos miúdos para me refastelar a ler no silêncio de curta duração...

Esta foto é um mimo!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

É um livro que prende o leitor...


Neste momento estou totalmente e positivamente presa ao livro de Isabel Allende, A Casa dos Espíritos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Todos os homens são maricas quando estão com gripe

TODOS OS HOMENS SÃO MARICAS QUANDO ESTÃO COM GRIPE


Pachos na testa
Terço na mão
Uma botija
Chá de limão
Zaragotoas
Vinho com mel
3 aspirinas
Creme na pele
Dói-me a garganta
Chamo a mulher
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer
Mede-me a febre
Olha-me a goela
Cala os miúdos
Fecha a janela
Não quero canja
Nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes
Não vales nada
Se tu sonhasses
Como me sinto
Já vejo a morte
Nunca te minto
Já vejo o inferno
Chamas, diabos
Anjos estranhos
Cornos e rabos
Vejo os demónios
Nas suas danças
Tigres sem litras
Bodes de tranças
Choros de coruja
Risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes
Que foi aquilo
Não é a chuva
No meu postigo
Ai Lurdes, Lurdes
Fica comigo
Não é o vento
A cirandar
Nem são as vozes
Que vêm do mar
Não é o pingo
De uma torneira
Põe-me a santinha
Á cabeceira
Compõe-me a colcha
Fala ao prior
Pousa o Jesus
No cobertor
Chama o doutor
Passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes
Nem dás por nada
Faz-me tisanas
E pão-de-ló
Não te levantes
Que fico só
Aqui sozinho
A apodrecer
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer.



Letra de António Lobo Antunes, de uma música do álbum
Eu que me comovo por tudo e por nada, de Vitorino, editado em 1992. Com títulos tão sugestivos como Bolero do coronel sensível que fez amor em Monsanto, Canção para a minha filha Isabel adormecer quando tiver medo do escuro ou
Fado da prostituta da Rua de Sto António.


Deixo também o

TANGO DO MARIDO INFIEL NUMA PENSÃO DO BEATO

Sem tempo para ter tempo

De ter tempo de te dar

O tempo que tu mereces

Prazeres em que tu morresses

Manhãs que não amanheces

E arrepios que estremeses

Na boca de te beijar

Fico sentado no quarto

Desta cama de pensão

Ausente, despido farto

Cansado dessas mulheres

Que ouvem sem me escutar

Que me olhem sem me ver

Que me amem sem saber

Que me roçam sem tocar

Que me abraçam sem paixão

Que ignoram que eu anoiteço

Que me emsombro que escoreço

Que me enrudo e envelheço

Me pragueio e apodreço

E a quem pago o que me dão:

Uma espécie de ternura

Uma imitação de amor

Lençóis que são sepultura

De carícias sem doçura

E dos meus lábios sem cor

Ai dedos no cabelo

Quero a minha raiva toda

Quero domá-la e vencê-la

Quero vivê-la ao meu modo

Até encontrar por fim

Aquela voz de menino

Há tantos anos perdida

Há tanto tempo esquecida

Em soluços dissolvida

A gritar dentro de mim.



ANTUNES, António Lobo. Letrinhas de Cantigas. Lisboa : Dom Quixote, 2002.

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