Estou a ler A Estrada de Cormac McCarthy, um best-seller que ganhou o prestigiado Pulitzer Prize, um livro muito bem escrito mas penoso de se ler. Apesar de difícil, doloroso, por estarmos perante um mundo pós-apocalipse em que um cataclismo impreciso devastou a terra, o ambiente, os animais, a humanidade e a civilização, onde tudo se resume a cinzas, devastação, frio, fome e cansaço, teimamos em acompanhar um homem e o seu filho na sua viagem épica. Em direcção ao Sul, onde não sabem o que vão encontrar ou se há sequer algo digno de ser encontrado.
Porquê? Porque a relação entre pai e filho, cada um a vida um do outro, enche o livro. Ainda que os diálogos sejam curtos e até pontuais, a economia das palavras simples mas bem seleccionadas parece conseguir condensar a intensidade da relação entre os dois e de ambos perante a situação limite em que sobrevivem.
A história de uma viagem que não é assim tão improvável num futuro relativamente próximo, o que torna mais dolorosa a leitura.
O confronto com o canibalismo e a barbárie é brutal.
O filme está agora nos cinemas mas ainda não fui ver. Decerto Viggo Mortensen estará à altura desta intensa personagem.
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