quinta-feira, 4 de março de 2010

Estudo sobre o sector cultural e criativo em Portugal

No dia 1 de Março, no Palácio Nacional da Ajuda, teve lugar a apresentação pública do estudo sobre o sector cultural e criativo em Portugal, efectuado por encomenda do GPEARI ao Professor Augusto Mateus:


"O presente estudo baseia-se na construção de um modelo conceptual próprio para medir, pela primeira vez e sem ambiguidades, a relevância económica do sector cultural e criativo em Portugal.

A metodologia aplicada permitiu apurar o contributo deste sector para a riqueza e para o emprego nacionais. Traça também o retrato do tecido económico cultural e criativo português, designadamente, a sua dinâmica de crescimento, a dimensão e a distribuição dos estabelecimentos pelas 30 regiões (NUTS III) do país, a presença de capital estrangeiro e as características do emprego, e analisa a posição de Portugal no comércio internacional de bens e serviços culturais e criativos".
 
Sumário e versão integral do estudo AQUI.
 
Transcrevo abaixo as definições referentes a "criatividade artística” vs “criatividade comercial”:
 
"A criatividade surge, nesta proposta, como um elemento aglutinador determinante para a própria autonomização e configuração do sector cultural e criativo (e não, portanto, como uma espécie de subsector adicional que aumentaria a relevância quantitativa global desta realidade), um eixo transversal onde é possível encontrar uma interacção de diferentes variáveis.

As principais variáveis da criatividade incorporam uma dimensão cognitiva – inteligência, conhecimento, competências técnicas - uma dimensão de envolvente – factores político-religiosos, económico-sociais, culturais e educativos - e uma dimensão de personalidade – motivação, confiança, não conformismo – e interagem de forma multiplicativa para gerarem outputs criativos19.

A criatividade é, assim, aqui entendida como, uma realidade social com valor económico, como uma concretização ou resultado de um processo e não como um mero potencial ou uma condição.
 
A distinção entre “criatividade artística” e “criatividade comercial” continua, assim, a fazer sentido, muito embora as suas fronteiras se tenham tornado mais esbatidas20, nomeadamente quando se procura estabelecer os contornos precisos de um sector ou de um grupo de actividades económicas.

A criatividade artística possui, com efeito, um valor em si mesma, associado à liberdade de expressão dos artistas e criadores, independente das obras em que se traduz virem ou não a ser objecto de transacções mercantis, muito embora a formação e consolidação de um mercado de obras de arte e a difusão comercial alargada de conteúdos criativos seja um dos factores que contribui para tornar aquelas fronteiras menos claras,

A criatividade comercial corresponde, pelo seu lado, a um processo de incorparação de elementos inovadores e diferenciadores, estéticos e funcionais, nomeadamente, em bens e serviços destinados a satisfazer necessidades expressas no(s) mercado(s), possuindo apenas um valor indirecto ou mediatizado, na medida em que permita gerar valor económico para a empresa onde esse mesmo processo se desenvolve".(p. 26)
 
Na página 125 encontramos as conclusões e recomendações quanto à Cultura e Sociedade do Conhecimento e da Informação.

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