Rahim Baggal Asghari,
cartoonista iraniano
Que o diga eu que sou mãe de três filhos pequenos!!!
E que passo quase diariamente pela obra megalomana do novo Museu dos Coches. Sou bibliotecária, logo vivo da e para a Cultura mas não percebo como se estão a gastar milhões do NOSSO dinheiro para as "charretes" quando não temos creches suficientes para os nossos filhos.
Como não há vagas nas creches estatais e não podendo ficar em casa com eles porque não se sustenta um agregado familiar de cinco pessoas com apenas um salário, temos de pagar uma mensalidade upa upa (no meu caso, três mensalidades).
Oh Sócrates, não vejo razões para se congratular!!! Não é porreiro pá!
"Ter filhos faz toda a diferença. As famílias com crianças a cargo são muito mais atingidas pela pobreza do que as que não têm prole, mostra um estudo ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que analisou os rendimentos de 2008.
Por outro lado, a taxa de pobreza geral nacional recuou para 17,9% do total. Vários observadores dizem que tudo isto vai piorar pois o inquérito do INE ainda não conta com a recessão de 2009, nem com as sombras recentes que voltaram a pairar sobre a economia e o mercado de trabalho. A desigualdade extrema também está a aumentar.
Desde 1995, pelo menos, que a disparidade entre a pobreza das famílias com filhos e as outras não era tão elevada, mostra o estudo. Os agregados com filhos, sobretudo os que têm dois ou mais, estão a ser cada vez mais fustigados pelo fenómeno da pobreza. Ser pobre, diz o INE, é quando um adulto residente no país tem de viver com 4969 euros por ano, cerca de 414 euros por mês.
Já se sabia que com filhos tudo pode ficar mais difícil. Os encargos são maiores. Mas nunca nos últimos 14 anos a penalização foi tão grande como agora. Isso mesmo contamina a taxa de natalidade que está cada vez mais baixa. De acordo com o INE, em 2009 nasceram 99,5 mil bebés, um mínimo de muitos anos e a taxa de natalidade (crianças nascidas por cem habitantes) caiu para 9,4. Por isso, quem tem filhos fá-lo cada vez mais tarde. Também aqui a tendência é para protelar essa decisão.
As estimativas mais detalhadas do INE mostram, por exemplo, que as famílias que decidem ter apenas uma criança até registam um retrocesso no indicador da pobreza. Mas, à medida que a prole aumenta, a situação torna-se mais delicada e o risco de pobreza sobe de forma inequívoca: sobe uma décima (para 20,7% do total no conjunto dos agregados com um casal e duas crianças e aumenta dramaticamente (de 31,9% para 42,8% do total) no caso dos casais com três crianças ou mais.
Ontem, na Assembleia da República, o primeiro-ministro, José Sócrates, congratulou-se pelo facto de, no que respeita à pobreza e às desigualdades, os números serem hoje os menores desde 1995. Mas esse será um facto extraordinário, tendo em conta a quebra prevista do rendimento disponível e o agravamento estrutural do desemprego".
Excerto de notícia publicada hoje no ionline.
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