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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Livros que nos fazem rir, segundo Ricardo Araújo Pereira





Um artigo publicado no Observador em 25 de Janeiro de 2016, da autoria de Joana Emídio Marques.




"Dos clássicos gregos à actual literatura de humor anglo-saxónica, Ricardo Araújo Pereira já deve ter lido mais livros do que Marcelo Rebelo de Sousa. Aqui, faz uma lista daqueles que nos ensinam a rir.



Não é fácil pensarmos em Portugal como um país bem-humorado, praticante da ironia inteligente, ágil profanador das regras do bom comportamento, do bom senso e do bom gosto. Apesar de termos inventado as cantigas de escárnio e maldizer, apesar de termos tido um Camilo e um Eça, e de sermos exímios praticantes da má língua no espaço privado eis que no espaço público agimos como aquele monge que, no Nome da Rosa, de Umberto Eco, queima o livro sobre o riso por este ser herético.

No Parlamento, nos media, nas ruas quantos são os que nos fazem rir? Quantos são os que manejam a língua portuguesa com erudição e perversidade para nos porem a rir de nós mesmos e do mundo em redor? Quantos nos mostram o lado mais cómico disto tudo?


Talvez porque o riso seja sempre um acto de rebeldia, uma forma de questionar as regras, uma vingança da inteligência sobre a brutalidade e a estupidez daquilo que se chama “ser sério”e nós somos um povo habituado a baixar a cabeça. Talvez porque preferimos a apagada e vil tristeza do faduncho e das suas divas, porque sonhamos em usar fato e gravata e ser chamados de “doutor”. Talvez porque queremos ser levados a sério, nós, portugueses, não rimos em público, não dizemos piadas, não fazemos críticas e tendemos a desprezar quem o faz.

Somos um povo ancestralmente pobre e analfabeto, daí estarmos mais à vontade com a violência do sarcasmo, do que com as subtilezas da ironia. A ironia é uma prerrogativa dos ricos, da burguesia, dos que podem ter distanciamento suficiente dos factos para poderem fixar sobre eles uma linguagem rebuscada e complexa. O sarcasmo está mais próximo do corpo, da luta pela sobrevivência. Está mais próximo da obscenidade carnavalesca: a libertação da ansiedade, da tristeza, do medo e da morte fazem-se com as palavras obscenas. Ferenczi, discípulo de Freud, escreveu que os palavrões serviam para descarregar a violência recalcada em nós. Uma violência que sai do corpo e se faz palavra para aliviar a nossa tensão.

Porque o riso é também um prazer físico, ele foi durante milénios reprimido pela igreja e por todas as ditaduras. O riso é visto como uma falta de fé, uma manifestação de dúvida que faz tremer o altar de qualquer Deus. Ou, como dizem as pessoas que se querem “de respeito”: “não se brinca com coisas sérias.”

Ricardo Araújo Pereira pertence à linha de cómicos eruditos que procura nas palavras e pelas palavras fixar o mundo de outra forma. Defende que as palavras, na sua remota origem corporal, são aquilo que faz com que o corpo ceda ao riso, à convulsão da gargalhada. As palavras são o órgão visceral do humor.

RAP sabe também que a frase “uma imagem vale mais que mil palavras” é mentira, pois cada palavra contém um universo de significados, de possibilidades, de trocadilhos, de imagens em constante metamorfose. As suas crónicas escritas têm um poder que nenhuma das suas personagens televisivas ou publicitárias tem. E reconhece que no humor que actualmente se produz em Portugal há muita falta de auto-ironia ao bom estilo de Woody Allen, Ricky Gervais, Larry David.



Porque não somos capazes de rir de nós mesmos?



Mais difícil do que rir dos outros é rir de nós mesmos, como aquela personagem de Dinis Machado no conto Reduto Quase Final, que, acabada de cair da escada abaixo, se pergunta:qual é o lado cómico disto?

Ricardo Araújo Pereira diz que em Portugal vigora “o homem sério”, aquele “a quem o mundo nunca surpreende”. Que “o poder da igreja, que ligou o riso ao mal, à loucura, ao desrespeito ainda nos fazem ver o riso como sinónimo de falta de respeito”. Somos muito defensivos e usar a “auto-ironia” é visto como um sinal de fraqueza e não de espirituosidade”, continua o humorista.

Aprender a ironia e a auto-ironia é, pois, uma urgência neste país. As gerações dos anos 80 e 90 aprenderam a rir com Herman José, com Miguel Esteves Cardoso, com Luíz Pacheco — como as gerações do novo milénio aprenderam a rir com o Gato Fedorento, com Bruno Nogueira, com O Mundo Catita de Manuel João Vieira.

O que parece ter-se perdido entretanto foi o humor na literatura. Qual é o escritor ou poeta português que ainda nos faz rir? Ricardo Araújo Pereira lembra-se de Mário de Carvalho e dos poetas Jorge Sousa Braga, Adília Lopes e Alberto Pimenta. Depois há os mortos: Mário-Henrique Leiria, Alexandre O’Neill, Vilhena, Luiz Pacheco.

“Há falta de humor no feminino”, reconhece Ricardo Araújo Pereira. “As mulheres sempre foram obrigadas a uma seriedade impiedosa para não serem tomadas como sedutoras, pouco ajuizadas, pouco responsáveis. A sua caminhada para o riso e para fazer humor foi muito mais árdua, mas hoje já encontramos humoristas importantes como Tina Fey ou a escritora Dorothy Parker.”

Ricardo Araújo Pereira não é só um extraordinário humorista que nos põe a brincar com a língua portuguesa, é também um profundo conhecedor da literatura de humor e não só (mesmo que ele não goste de dar esta imagem de si mesmo). Dos clássicos gregos à actual literatura de humor anglo-saxónica, podemos estimar que ele já leu mais livros do que Marcelo Rebelo de Sousa, embora certamente mais devagar.

Por isso, lembra que há autores que nos fazem rir de formas muito diferentes: uns porque são claramente cómicos, outros porque têm breves momentos de sátira, e outros ainda que nos fazem rir apenas dentro da cabeça. Percorremos a literatura portuguesa, francesa e anglo-saxónica e fizemos uma lista dos 28 livros fundamentais para aprender a rir. Um deles, claro, é Oblomov, do escritor russo Ivan Goncharov, que saiu em dezembro na coleção de literatura de humor que Ricardo Araújo Pereira dirige na Tinta da China. Mas há muitos mais. Livros que vão desde o Renascimento ao século XXI. O único problema é que alguns deles só se encontram, com devoção e persistência, nos alfarrabistas".



[Veja nesta fotogaleria a lista recomendada por Ricardo Araújo Pereira]


Fonte



 



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Um artigo para pensar: "O tempo das bibliotecas privadas está a acabar"?

Digo já que não concordo com o Pacheco Pereira. Não acho! Vivo rodeada de pessoas  que alimentam metodicamente as suas bibliotecas, que lêem. E que lêem tanto livros digitais como em papel. Eu leio nos dois suportes. E leio muito.
O espaço sim, é um factor mas, por isso, a biblioteca cá de casa está em permanente evolução: há muitos livros que saem para outros entrarem.
Os miúdos lêem, vão à biblioteca da escola requisitar livros mesmo com toda a palafernália de telemóveis, computadores e tablets...Enfim, sou mais optimista no que concerne à relação dos portugueses com a literatura.


Chi Yung-chi


Mas deixo-vos o artigo de José Pacheco Pereira para que digam de vossa justiça:

"Pelo trabalho que tenho tido de salvar livros e papéis, posso perceber algumas tendências da relação das pessoas com os livros, e ver o modo como, na substituição das gerações, numa elite letrada e educada, algumas coisas estão a mudar. É ainda uma observação muito impressionista, mas penso que fundada. Resumindo e concluindo: está a morrer uma geração que tinha muitos livros, pequenas e médias bibliotecas, e a geração dos seus filhos e netos não sabe o que há-de fazer com aquilo que herda. Não digo isto em sentido pejorativo, até porque seria contra o meu interesse próprio, pois tenho recebido muitas ofertas de bibliotecas, algumas integrais, e compreendo bem demais como os livros se podem tornar um ónus para os mais novos, que não têm condições, nem casas, nem interesse em os manter. Mesmo que os mantivessem, seriam bibliotecas mortas, sem ser usadas ou alimentadas. E uma biblioteca para ser viva precisa de alimento, de livros novos.

Muita gente pensa que uma casa sem livros, ou quase sem livros, como muitos jovens têm, é o resultado de uma substituição de uma tecnologia por outra. Não precisam de livros em papel porque está “tudo” na Internet, e há ebooks, e podem ler no telemóvel, no tablet, no ecrã do computador, tudo o que querem, de graça e sem ocupar espaço nas casas cada vez mais exíguas. Não penso isso, não penso que a substituição da leitura física dos livros em papel, por livros no Kindle, ou em qualquer outro suporte, é comparável ou é uma mera substituição de suporte. É outra coisa.

É verdade que mais gente lê hoje do que no passado, com a democratização do ensino e o avanço da escolarização. Mas haver mais gente a ler, não significa que se reproduzam o mesmo grau qualitativo de leitura, de necessidade de leitura, de intensidade de leitura, o hábito quase quotidiano de ler e de ler durante um tempo que hoje seria tido por “muito tempo”. A verdade é que as pessoas estão a ler de forma diferente, mas também é verdade que estão a ler menos porque, se não fosse assim, se podiam “desfazer” das pesadas bibliotecas de seus pais, mas estariam a fazer a sua, uma estante ou duas, de livros realmente lidos, ou seja, teriam mais livros do que têm. Leitores dedicados, com a mesma pulsão do passado, em ecrã, ainda é uma maravilha que está para aparecer. Duas horas a ler um romance, era um tempo trivial de leitura há 40 anos. Quem é que está duas horas diante de um ecrã a ler Balzac, Faulkner, Roth ou Coetzee? E utilizo deliberadamente estes exemplos, porque quem lê estes autores lê-os em livro, até porque, razão grande, é mais cómodo. E também não me parece que façam o mesmo a ler literatura policial, ou ficção científica ou romances cor-de-rosa, num ecrã.

Não escrevo isto por qualquer nostalgia do cheiro dos livros ou da textura do papel. Percebo que há vários tipos de livros que são substituídos com vantagem por um ecrã, e o hipertexto dá uma dimensão completamente nova a um certo tipo de leitura, introduzindo volume e dimensão espacial à folha fixa do papel. Manuais técnicos, livros de referência, enciclopédias (em parte), livros técnicos, cada vez têm mais sentido apenas em versão electrónica.

Poemas, artigos, pequenos contos, rápidos, também não fazem grande diferença. O tempo que se demora a ler é um factor. Como é um factor a fluidez da leitura de ficção, que é linear e não se coaduna com o volume do hipertexto. Mas digam-me quantos dos leitores deste artigo, novos ou velhos, leram alguma vez Eça de Queirós, Cardoso Pires, Saramago, Esteves Cardoso, Margarida Rebelo Pinto, num ecrã?

Coloquem-se a ler um livro de papel ou a ler um livro no ecrã. O texto é o mesmo, mas há várias coisas que fazemos, mesmo inconscientemente e que se fazem melhor num livro em papel do que num ecrã. Uma delas é, por exemplo, folhear, e folhear não é “procurar” como se pode fazer facilmente com um motor de busca, aí o ecrã tem vantagem, mas andar para trás e para a frente à procura de uma frase, um nome de uma personagem, uma descrição.
A favor do livro em papel jogam as nossas limitações físicas e psicológicas. E, enquanto elas não forem superadas por qualquer método que nos faça poder ver ao mesmo tempo mais espaço do que o que existe num ecrã de telemóvel, ver bem em letra pequena, estar confortavelmente horas diante de um ecrã, o livro mantém vantagem. E mesmo os jovens que estão o dia todo dependurados num telemóvel não estão a ler, mas a receber e a mandar mensagens, a ver filmes no YouTube, ou a jogar. Por isso, a tese da substituição para explicar a desaparição dos livros nas casas parece-me errada.

A gente não tem os olhos que quer, nem os ouvidos, nem a cabeça. Todos temos regras que estão inscritas no nosso corpo. As máquinas ajudam, mas não acabam com essas limitações. A máquina livro tem respondido muito bem ao nosso corpo. Tão cedo não será substituída. As razões por que as pessoas lêem menos e lêem pior são outras. Estão na sociedade, não nas tecnologias".


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Os livros são grandes prendas / Books make great gifts




"Books make great gifts because they have whole worlds inside of them. And it's much cheaper to buy somebody a book than it is to buy them the whole world!"

Neil Gaiman

terça-feira, 20 de outubro de 2015

4 lições para bibliófilos



Todo bibliófilo apresenta dentro de si uma necessidade louca (eu diria voraz!) de adquirir com-pul-si-va-men-te novos livros.

Este animal da classe homo sapiens (ou Homo Literatus, como queiram) nem sequer terminou de ler os quatro que adquiriu no mês anterior e novos títulos já lhe foram (des)cobertos, a fim de aguçar novamente seu desejo pela compra – e lhe tirar do bolso alguns expressivos reais (dólares, pesos, libras… dependerá de seu país, é claro).
Bem, se você consegue se ver fazendo parte deste grupo, saiba que certamente possui a síndrome do compulsivo (obsessivo) por livros – a bibliofilia.

Se você não suporta mais gastar praticamente metade de seu salário neles – os livros –, assim como se encontrar (des)norteado, tendo que enfrentar filas e mais filas de leituras pendentes que parecem não acabar jamais (porque você mesmo não as deixa findar, diga-se!), como também a própria ansiedade que lhe exige carregar, de um lado para o outro, uma torre de tesouros livrescos (tudo isso somado às faltas constantes de concentração, porque você acaba pulando de uma leitura para outra, chegando quase nunca ao fim, ou demorando a isso), saiba que nem tudo está perdido.

Basta uma boa dose de autoconsciência e alguns exercícios práticos. Vamos às lições!

Lição 1:

Você não vai comprar nenhum livro por cerca de 30 dias (ou seja, 1 mês). Evite entrar em livrarias (por mais que elas sejam sedutoras e aconchegantes). E, se for, leve o seu próprio livro e contente-se em tomar apenas um café, de preferência acompanhado por quem sabe que você é um bibliófilo – e está em tratamento.

Lição 2:

Chegou a vez de você organizar a sua vida com relação aos livros que foi acumulando e agora precisa ler. Faça uma lista e comece lendo um de cada vez. No máximo, dois livros simultaneamente. Todavia, não mais do que isso. É necessário que seja trabalhada a sua ansiedade. Ou seja, ser extirpado esse desejo voraz que só te favorece a ficar acumulado de títulos, porém mais disperso e menos focado, já que a ansiedade não lhe ajuda em nada, apenas o desfavorece ser um leitor qualificado (e este leitor não é exatamente o que leu as grandes obras ou centenas de títulos, mas o que tem disciplina durante a leitura, sabendo aproveitá-la da melhor maneira possível).

Lição 3:

Se você conseguir ficar durante 30 dias sem comprar livros e passar a ler os que se encontram na fila, já é um grande passo. Mas engana-se ao achar que está completamente curado. Bibliofilia é uma compulsão. E toda compulsão precisa ser trabalhada.

Lição 4:

Logo fazemos essa repetição no segundo mês. Tudo bem, para a coisa não se tornar um ato de crime e castigo, é admissível que se compre um título. Mas apenas um título!



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"Bendito o que semeia livros à mão cheia"




Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!

Castro Alves

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Os 4 benefícios de ler livros


Abstrair-se do mundo e ficar agarrado a uma boa narrativa já é, por princípio, uma vantagem sem igual. Mas também há recompensas físicas para quem lê, redução de stress incluída. 

Quando foi a última vez que leu um livro? Não falamos de revistas ou de artigos disponibilizados nos habituais smartphones ou tablets, mas sim de livros de capa dura e papel ou em formato digital, com um princípio, meio e fim. A pergunta não vem por acaso, até porque a ciência já veio mostrar que o hábito de leitura tem benefícios físicos e psicológicos que o podem ajudar no seu dia-a-dia. Quer saber quais são?

Reduz o stress e ajuda a dormir melhor

Se calhar não é só de um banho quente ou de uns minutos de silêncio que precisa. Um estudo de 2009, conduzido pela Universidade de Sussex, nos EUA, mostrou que ler era a forma mais eficaz de superar o stress — sim, mais eficaz do que ouvir música, beber um chávena de chá ou dar um passeio. São as estatísticas que o comprovam: segundo a pesquisa citada pelo Business Insider, apenas seis minutos de leitura ajudam a reduzir o stress até 68%. A mesma publicação conta que os livros podem, assim, ajudar a combater as insónias. Nada como experimentar, não é?

Melhora a memória

O ato de ler ao longo da vida pode ser uma das receitas para manter o cérebro em forma na terceira idade, diz o Huffington Post, que recorda um estudo publicado em julho de 2013 no jornal Neurology. A pesquisa contou com a participação de 294 pessoas que faleceram, em média, aos 89 anos — aqueles que se envolveram em atividades capazes de estimular a mente (como ler), mais cedo ou mais tarde na vida, tinham um declínio de memória mais lento do que quem não tinha esses hábitos.

Mais, existem pesquisas que relacionam a leitura com uma probabilidade mais reduzida de vir a sofrer de Alzheimer. Desta vez, falamos de uma investigação divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences, em 2001, que defendeu que os adultos com passatempos que puxavam pelo cérebro — como ler ou fazer puzzles — tinham menos probabilidade de vir a ter a doença. No entanto, lembra o Huffington Post, os investigadores apenas identificaram uma ligação e não uma relação de causa-efeito.
“O cérebro é um órgão como todos os outros presentes no corpo. Envelhece consoante o uso que fazemos dele”, disse, então, o autor principal do estudo, Robert P. Friedland. “Tal como a atividade física fortalece o coração, músculos e ossos, a atividade intelectual fortalece o cérebro contra a doença.”

Torna as pessoas mais empáticas

Ficar preso ou agarrado a uma história é bom sinal. Não só porque o livro é do seu agrado, mas também porque a leitura do mesmo pode fazer de si uma pessoa mais empática. Uma pesquisa partilhada pelo jornal PLOS ONE mostrou, através de duas experiências distintas, que a empatia das pessoas era influenciada pela leitura de histórias ficionais (neste caso com o cunho literário de Arthur Conan Doyle e José Saramago) ao fim de uma semana. Mas tal só acontecia quando os leitores eram emocionalmente transportados para a narrativa em questão; a falta de ligação emocional às obras deixava as pessoas menos empáticas. A julgar pela investigação, tenha cuidado com o que escolhe ler.

Pode ajudar a aliviar a depressão 

Antidepressivos? Não, livros de autoajuda. Pelo menos é isso o que sugere um estudo publicado no jornal PLOS ONE e citado pelo Guardian. A investigação em causa veio mostrar que a leitura deste tipo de livros — combinada com sessões de apoio de modo a saber como usá-los –, estava associada a níveis mais baixos de depressão ao fim de um ano, isto por comparação com pacientes que receberam a terapia habitual (antidepressivos e acompanhamento psicológico).

Posto isto, está à espera de quê? Pegue num livro e perca-se na narrativa.


Fonte: Observador em 6 de Setembro de 2015

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A primeira e verdadeira polissemia




"O choro de um bebê é um prodígio de polissemia. Um único significante pode ter inúmeros significados: fome, frio, calor, fralda cheia, cólicas, posição desconfortável, sono, dor (que por sua vez podem ser muitas dores diferentes). Nas primeiras semanas de nossa filha, eu e minha mulher nos comportamos como linguistas atormentados, uma espécie de Bouvard e Pécuchet enlouquecidos com a natureza escorregadia daquele significante.”


Francisco Bosco, Orfeu de Bicicleta (um Pai no Século XXI), pág. 83




Fonte: Observador, em 24 de Agosto de 2015

quarta-feira, 3 de junho de 2015

"Naná, o meu amor de quatro patas": um livro do actor Ruy de Carvalho



"Não há vergonha em chorar, nem em mostrar a importância que a presença de um animal pode ter nas nossas vidas"
Ruy de Carvalho in Naná, o meu amor de quatro patas


Acho que vou ter de comprar este livro!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um poema sobre livros de Eugénio de Andrade / Beautiful woman reading



Frederic Soulacroix,  1858-1933


Num exemplar das Geórgicas

Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.


Eugénio de Andrade

terça-feira, 26 de maio de 2015

"Na biblioteca": um poema de Manuel António Pina




Na biblioteca

O que não pode ser dito
guarda um silêncio feito
de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiado tarde,


quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,


em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,


as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.


Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.


Manuel António Pina


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