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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Faça o favor de ser feliz se quiser um emprego!

Empresas preferem contratar pessoas felizes  

As novas entrevistas de emprego estão mais pessoais e intimistas. Se lhe perguntarem pela sua felicidade e realização não se admire.

"Pense duas vezes antes de responder à pergunta "é feliz?". Se estiver numa entrevista de emprego, o que vai dizer pode fazer diferença. Mas tome nota: não há respostas certas nesta nova área que começa a chamar a atenção de recrutadores.

"É cada vez mais difícil saber se estamos a conseguir chegar à pessoa certa para o lugar certo", admite Miguel Abreu, diretor da Ray Human Capital, falando da crescente complexidade que envolve recrutar e selecionar pessoas para uma função. Por isso, é preciso estar atento às tendências e, como acontece nos outros sectores de negócio, há que inovar. A mais recente novidade é procurar saber se os candidatos são felizes. Miguel Abreu explica porquê: "As empresas pretendem não só bons profissionais ao nível técnico mas também pessoas que se integrem bem nas suas estruturas humanas, com um código de valores, interesses e motivação."


Pilares essenciais

Ter um trabalho enriquecedor, desenvolver relações humanas saudáveis e ocupar o tempo livre são os três pilares em que assenta a felicidade, segundo Luís Rodrigues, professor de Sociologia das Organizações na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Daí que os recrutadores apostem agora em questões em redor destas temáticas.

Para uma empresa, um profissional feliz é sinónimo de um profissional motivado, capaz de fazer bem o seu trabalho e, mais importante, fazer com que o trabalho dos que o rodeiam progrida. "Se as pessoas se sentirem bem, provavelmente vão ter desempenhos positivos", acredita o responsável da Ray Human Capital.

Ao contrário do que se passa no Brasil ou nos Estados Unidos, onde quem recruta já faz a pergunta diretamente e sem papas na língua, em Portugal ainda se utilizam rodeios para chegar ao tema da felicidade. Cá os caça-talentos vão medindo a felicidade com questões várias sobre a vida pessoal, a família, o lazer preferido do candidato (veja caixa). E depreendem que se faz programas familiares ou se tem hobbies será, à partida, uma pessoa mais feliz. Por parte do entrevistado, como não há respostas milagrosas para que seja logo o selecionado, o mais importante é o tipo de argumentação que utiliza e o que revela sobre si.

Equilibrar a vida pessoal e profissional não é tarefa fácil e ter tempo para atividades lúdicas chega a parecer uma miragem. Mas se o conseguir fazer, o candidato fica bem visto aos olhos dos recrutadores.


Lazer igual a criatividade

Ocupar os tempos livres com atividades de lazer pode significar uma maior disponibilidade emocional e criativa para as tarefas que desempenha ou vai desempenhar.

Pelo contrário, se um candidato revela, durante a entrevista, que o que mais valoriza na vida é o trabalho "esta informação acaba por pesar negativamente. O equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional também determina a performance", assegura Nuno Fraga, gestor da companhia de recrutamento de executivos Hire & Trust. Para os profissionais dos recursos humanos também é importante conhecer como é o candidato no seu dia a dia. "As pessoas nunca podem ser vistas às fatias, mas como um todo e, embora desempenhe diferentes papéis, a forma como os desempenha diz muito dos seus valores, atitudes e carácter", explica Fernando Neves de Almeida, presidente da Boyden em Portugal, firma de caça talentos.

Os recrutadores entrevistados dizem em coro: a felicidade é um fator a ter em conta cada vez mais. Mas há quem discorde, por este ser um campo que lida com a emoção e subjetividade. João Martins, diretor-geral da NBS - New Boston Select, empresa de recursos humanos, ainda é daqueles que prefere conhecer mais o currículo a fazer perguntas sobre a vida pessoal ou a felicidade. "O candidato pode ver isso como uma atitude intrusiva e não reagir bem. Pode pôr-se à defesa", explica João Martins. Contudo, admite que, no caso de jovens que estão a dar os primeiros passos no mercado, o currículo tem pouca informação para oferecer e aí admite acrescentar o tema da satisfação pessoal à entrevista. "Medir a felicidade é algo muito controverso e subjetivo. Convém focarmo-nos naquilo que é mais objetivo: as experiências que marcam um percurso", considera o mesmo executivo. Amândio da Fonseca, administrador executivo da Egor, complementa: "As pessoas não são selecionadas apenas por uma vertente (como a felicidade), mas pela sua qualificação, experiência, maturidade e competências." Porém, crê que o bem-estar emocional de um trabalhador pode fazer a diferença numa empresa. "Pessoas felizes são mais produtivas do que pessoas infelizes", conclui.

Em Portugal, a pouco e pouco, o tema felicidade conquista os guiões de entrevistas de recrutamento. Como remata o professor Luís Rodrigues, "é preciso reinventar as organizações em torno de um modelo justo para o corpo e para a alma".




Concordo que pessoas felizes terão maior predisposição para encetar relações de trabalho saudáveis e produtivas, estarão mais equilibradas e disponibilizarão mais energias positivas e criativas no trabalho e na prossecução das suas tarefas. Mas há que perceber que, se se tratar de alguém desempregado, com dificuldades em pagar as contas e sustentar a família, estará decerto mais ansioso que feliz.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Há quem compre a sua tese mas e o orgulho pela missão cumprida onde fica?


Confesso que já fiz alguns trabalhos completos para amig@s aflitos por falta de tempo ou experiência. Tendo em conta que se trataram de episódios pontuais, não vejo que a ética, minha ou de quem ajudei, tenha saído amolgada. Até porque foi sempre por amizade e sem contrapartidas monetárias.

Sempre soube que há quem pague pelos seus trabalhos académicos, inclusivamente teses de licenciatura, pós-graduação, mestrado... Nos meus tempos de estudante universitária lembro-me dos anúncios à descarada afixados nos placards dos corredores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, anunciando a prestação destes serviços...perguntava-me que garantias davam estes senhor@s de competência para tal...sempre poderia acontecer que se pagasse uma fortuna por um trabalho medíocre...

Não me choca minimamente que se peça ajuda para uma pesquisa. No meu trabalho como bibliotecária/documentalista, faço pesquisas para terceiros todos os dias! Sei que o meu é um trabalho de retaguarda. A minha entidade patronal paga-me para isso mesmo (e mais, e mais) :).  Mas todo o processo de "digestão" da informação pesquisada fica por conta do utente: a selecção, a organização e a redacção do trabalho proposto.

O que me confunde é que quem se propõe obter determinado grau académico, levar a cabo um curso, estudar para saber mais e enriquecer competências pague para que outro lhe faça  a papinha toda, a tese final...onde fica o orgulho da missão cumprida, do objectivo alcançado por mérito próprio? Uma tese, apesar dos seus alicerces científicos, tem algo de profundamente pessoal e criativo!


Comprar uma tese pode custar 1500 euros. Um 'negócio' em crescimento na Internet


Um familiar de Teresa (nome fictício) precisava de fazer pesquisa para um trabalho universitário. Como ela estava desempregada, ele pediu-lhe para o ajudar a recolher informação nas bibliotecas. Teresa, que sempre gostou de fazer pesquisas, ajudou-o a elaborar o trabalho. "A partir daí pensei que podia fazer isto para fora", reconhece.


A venda de trabalhos académicos é um negócio em expansão. Mas não só. Ainda há dias, a Agência Nacional para a Qualificação reconheceu a existência de um mercado ilegal de venda de trabalhos no âmbito das Novas Oportunidades e até disse já ter denunciado casos ao Ministério Público.


Os alunos queixam-se de falta de tempo e optam por comprar os trabalhos, o que lhes pode custar até 1500 euros... e a validade dos diplomas . Na Internet há muitos anúncios que oferecem estes serviços. Para o professor universitário e sociólogo da Educação Almerindo Afonso, a prática revela um problema "ético" da sociedade.


Teresa avisa que não faz trabalhos completos. "Já me têm telefonado a perguntar se tenho teses feitas ou se as consigo fazer para o dia seguinte. Mas eu não faço os trabalhos por inteiro; só as pesquisas", conta. Aos 54 anos, dedica-se a este trabalho há dois e garante que não lhe faltam pedidos. Algumas pesquisas podem demorar quatro meses e custar 1500 euros.


Quem também não tem mãos a medir é Sandra, 35 anos. Há nove meses que faz teses, apresentações e monografias, e desde então já terminou dez trabalhos. "Só faço um de cada vez, mas alguns são mais exigentes e podem demorar meses", explica. Os estudantes pedem-lhe, ainda, para rever os seus textos. "Tenho muitos casos de pessoas que escreveram o texto todo, mas como não têm confiança pedem-me para rever e fazer correcções", admite. Para fazer a parte teórica, Sandra cobra 15 euros por página.


O desemprego levou também Catarina a vender trabalhos académicos no ano lectivo passado. A maioria das coisas que fez foram apresentações, principalmente para alunos de ciências. Este tipo de trabalho custava 60 euros.


O aumento da procura deste serviço é, para o professor da Universidade do Minho, "sinal da qualidade do sistema educativo, da falta de expectativas dos jovens e da desconfiança em relação aos diplomas". Ou seja, "querem o certificado e não fazem o curso pelo gosto de estudar. Isto faz com que usem estratégias mais pragmáticas para ter as coisas rápido".


O sociólogo diz que já apanhou trabalhos plagiados. "No mínimo, chumbam!" Mas até agora nunca se apercebeu de que o trabalho tivesse sido feito por outra pessoa.

Diário de Notícias em 23 de Agosto de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quando o texto jornalístico se aproxima do literário: um artigo sobre a tragédia na Madeira



"Berrei para o meu compadre: 'Fujam!'. Mas já vinham as pedras a saltar"  é o título de um artigo publicado hoje no jornal Público, escrito pelo jornalista Paulo Moura, sobre o momento trágico que se vive na Madeira. O que chama a atenção para esta peça jornalística, entre muitas outras que hoje foram publicadas sobre este mesmo assunto, é que quem o lê parece estar perante um texto literário. A qualidade da escrita é notável. Os intervenientes madeirenses são introduzidos no texto à semelhança de personagens, com acções e histórias de vida. Aqui fica um excerto:

"Na cidade, a chuva parou e as pessoas vieram ao centro ver os estragos, como se fosse um espectáculo que um dia descreverão aos netos. Há muita gente, mas um estranho silêncio. Há zonas alagadas e outras em que a lama solidificou, deixando automóveis incrustados até ao tejadilho à maneira dos fósseis, em posições desgovernadas de quem tivesse participado numa dança louca. Dir-se-ia que andou tudo a voar.

Nas ribeiras ainda corre uma água castanha, rápida e rumorejante. Um som estridente, semelhante a uma gargalhada. Ao fundo, o mar espera, cúmplice. De certos sítios, agora calmos, ninguém se aproxima, com medo, como se ali tivesse rugido uma fera.

O Largo do Pelourinho ainda está alagado e da esplanada de um café apenas emergem os tampos das mesas, onde foi servido um sinistro repasto de pedras e lama. A um nível mais elevado fica a Praça da Autonomia, obra de regime, cercada de água por todos os lados.
 
Leia na íntegra que bem vale a pena AQUI.

A foto é do jornal La Tribuna, publicado nas Honduras.

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