quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Elis canta Fascinação

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Corpo de Mulher... segundo Pablo Neruda e Cathy Delanssay




Corpo de Mulher...



Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,
pareces-te com o mundo na tua atitude de entrega.
O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti
e faz saltar o filho do mais fundo da terra.
Fui só como um túnel. De mim fugiam os pássaros,
e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.
Para sobreviver forjei-te como uma arma,
como uma flecha no meu arco, como uma pedra
na minha funda.
Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.
Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.
Ah os copos do peito! Ah os olhos de ausência!
Ah as rosas do púbis! Ah a tua voz lenta e triste!
Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.
Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!
Escuros regos onde a sede eterna continua,
e a fadiga continua, e a dor infinita.


Pablo Neruda, in "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada"

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A palavra amante

A palavra amante


Diniz: Há palavras que metem medo, como a palavra amante. O que sou eu para ti? – perguntam. Depois morrem de medo que lhes responda: uma amante. E eu próprio fico com a palavra atolada na mente, com medo de responder: uma amante…! E ali ficamos, dois amantes abraçados com medo de uma palavra. Como se a palavra amante não tivesse o brilho das grandes palavras que derivam do verbo amar.

O que sou para ti? – pergunta a Dora. Sabes bem o que és para mim, não sabes? - respondo eu, furtivo, com outra pergunta. Se soubesse, é claro que ela não tinha perguntado. Por isso cala-se.

Os silêncios tristes fecham janelas dentro das mulheres. Até que se perdem dentro da sua escuridão como numa câmara escura em que se revelam. Perdemos uma mulher quando ela sai de dentro de si por uma porta diferente da que entrou.

As paixões morrem porque as mulheres fazem mil perguntas e nós, agitados, quase nunca sabemos as respostas certas. Não está na condição da sensibilidade feminina viver sem perguntar. E os homens, que não foram geneticamente preparados para aguentar a pressão metódica das perguntas, abrem feridas com as respostas.


João Morgado, Diário dos Infiéis, 2010, Oficina do Livro


Gostava de ter sido eu a escrever isto. Às vezes encontramos pessoas que escrevem como nós pensamos ou sentimos. É a chamada inveja literária, confessável porque saudável. Faz parte do prazer de ler. :).

Acho que vou ter que comprar este livro.





Eu também sou da "geração-escrava": "Que parva que eu sou!" cantam os Deolinda

"Que parva que sou" é o nome da nova música dos Deolinda. O tema pretende ser um hino contra a crise e a precariedade a que estão sujeitas as novas gerações.

O grupo "mostrou" a nova canção nos concertos que deu na semana passada no Coliseu do Porto  e no Coliseu de Lisboa.
"Para ser escravo é preciso estudar" - é bem verdade nos dias de hoje.




Muito, muito bom!

Via Jornal Expresso

Leitora à lua com óculos de visão nocturna



domingo, 30 de janeiro de 2011

Espelho por Sylvia Plath / Mirror by Sylvia Plath


Pintura de Antonio Laglia

Espelho





Sou prateado e exato. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo imediatamente
Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão.
Não sou cruel, apenas verdadeiro -
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente.
Ela é rosa, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo,
Eu acho que ela é parte do meu coração. Mas ela oscila.
Rostos e escuridão nos separam toda hora.


Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Buscando na minha superfície o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e as reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.
A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão.
Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha
Se ergue em direção a ela dia após dia, como um peixe terrível.






Sylvia Plath (1932-1963), traduzido por por André Cardoso.
 
 
O original:
 
 
Mirror
 
 
I am silver and exact. I have no preconceptions.

Whatever I see I swallow immediately
Just as it is, unmisted by love or dislike.
I am not cruel, just truthful -
The eye of a little god, four cournered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.




Now I am a lake. A woman bends over me,
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully.
She rewards me with tears and an agitation of hands
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.






Fonte do original e da tradução: Sylvia Plath (1932-1963) - Poems translated into Portuguese

Duas leitoras de Kelly Vivanco


Posted by Picasa

sábado, 29 de janeiro de 2011

Será que um indivíduo realmente se define pelos livros que tem na sua estante (ou no seu Kindle)?

Este é um assunto complexo. Afinal, "books are acquired for all kinds of reasons, including curiosity, irony, guilty pleasure and the desire to understand the enemy (not to mention free review copies)"

"Thanks to Timothy W. Ryback’s “Hitler’s Private Library,” we now know that Hitler read “Don Quixote,” “Uncle Tom’s Cabin” and “Gulliver’s Travels,” and considered them “among the great works of world literature,” in Ryback’s words. This is problematic enough, since a taste for great literature is supposed to make us more humane and empathetic, isn’t it?"

Leia todo o artigo "The Perils of Literary Profiling" de GEOFF NICHOLSON para o New York Times sobre este tema AQUI.

Duas leitoras na cama / Readind in bed




s. id. :(

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quatro livros, quatro leituras: as minhas. E uma crispação.

O que ando a ler? Antes de mais declaro-me uma leitora abrangente, diversificada, despreconceituosa ou com personalidade múltipla, como quiserem. Gosto de alternar, misturar sabores, como se faz com um bom prato de comida.

São livros totalmente diferentes uns dos outros e até em línguas diferentes. Os dois primeiros em português, (o segundo obviamente uma vez que é de um autor português!) e os dois últimos em inglês. Que eu saiba não há edições destes últimos em português. No entanto, On Writing de Stephen King merecia e muito. Excelente livro sobre a arte da escrita, surpreendentemente EXCELENTE.



Comer, Orar, Amar - Comer na Itália, Orar na Índia, Amar na Indonésia de Elizabeth Gilbert


Em relação ao primeiro "já comi" e agora reflicto sobre a oração, a meditação e a nossa relação com Deus, temas de que trata a segunda parte do livro. Ainda não alcancei a parte do "Amar". Esta leitura desliza como se fosse água. É muito positivo.




O Apocalipse dos Trabalhadores de Valter Hugo Mãe

É a primeira vez que leio Valter Hugo Mãe. Foi-me apresentado literariamente pela minha cunhada que me emprestou o livro. Escreve muito bem embora não goste de maiúsculas e os diálogos por vezes pareçam ter saído de um livro de Saramago (é difícil perceber quem diz o quê). Reconhecemos e reconhecemo-nos no Portugal que escreve. É triste.





On Writing: A Memoir of the Craft de Stephen King

É genial e está tudo dito. Por mim já não me faz falta mas acho que os portugueses mereciam uma edição em português. É a minha estreia em relação a Stephen King porque não gosto do género literário a que ele se dedica, o horror fantástico mas, fora do seu registo habitual, surpreendeu-me pela positiva. É um misto de autobiografia e manual sobre a escrita. Directo. Simples. Sem papas na língua. 

 



Mr. Darcy Takes a Wife de Linda BerdollUma das muitas sequelas de Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Algum enredo e muito sexo. Caricato porque os romances de Jane Austen nem um beijo têm. Distraí o leitor e mais não se lhe exige. O inglês não é dos mais acessíveis, ao contrário do anterior que se lê sem problemas para quem domina razoavelmente a língua inglesa. É Light.

 

Um último reparo. Para quem lê bem em inglês compensa mais, em termos de preço, comprar os livros na Amazon ou no Book Depository do que numa livraria em Portugal. O que não ajuda sobretudo os autores portugueses e irrita como o caneco! Destes quatro livros um é emprestado, o outro foi prenda do maridão pelo Natal e os restantes dois comprei na Amazon (o que tende a tornar-se cada vez mais frequente).

"Nunca me interrompas quando eu estou a ler um livro" / Don't you dare, I'm reading a book

"Nunca me interrompas quando eu estou a ler um livro" é o refrão da música I’m Reading a Book, de Julian Smith. "Don’t you ever interrupt me while I’m reading a book". :)








E a letra:

 At home
sitting in my favorite nook
My girls trying to get me eat some dinner she cooked
Im reading a book, girl
I’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
On the shoulder
I got pulled over
Pigs trynna get me, roll my window lower
Im reading a book, pig
Im reading a book
Dont you ever interrupt me while i’m reading a book
Why are all these people always interrupting me
What i gotta do to try to make them see
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
I’m at the library, where they call me a crook
I never even pay for my library books
I take them from the shelf
and if anyone looks i say
Im reading a book, man
Im reading a book
At a stupid birthday party for some stupid kid
take a book from a present
They were supposed to be his
Now i’m about to find out what happens to Captain Hook
Cause i’m reading your book, kid
I’m reading your book
Why are all these people always interrupting me
What i gotta do to try to make them see
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
If you ever interrupt me
you can bet your gonna see
the nasty me, the nasty me, the nasty me
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever interrupt me while i’m reading a book
(Don’t you ever interrupt me while i’m reading a book)
Im reading a book, i’m reading a book
dont you ever inte…

(E termina inesperadamente ao som de uma Gaita de Foles com direito a saia escocesa e tudo!) :)


Fonte: BiblioFilmes

Este vídeoclip é um filme de animação de um livro/ Listen to my music-book

Thomas Ricks criou este vídeo para a canção “I’d Rather be with you”, de Joshua Radin. A história é contada através da animação das páginas de um livro.



Joshua Radin I'd Rather be with you from Thomas Hicks on Vimeo.

Via Revista Zás!

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