sábado, 12 de março de 2011
sexta-feira, 11 de março de 2011
Ler em tempos de crise: uma ilustração
"Leer en tiempos de crisis" de Fernando Vicente
Ainda bem que há bibliotecas porque, em tempos de crise e com o actual preço dos livros, estas constituem a melhor garantia de acesso ao que chamo "Direito ao prazer da leitura". O problema é que também estas enfrentam as dificuldades da falta de verbas.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Insónia / Insomnia
Insomnia, Johanna Velasco
"Insomnia is a glamorous term for 'thoughts you forgot to have in the day'.
Alain de Botton
quarta-feira, 9 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
"A menina Facebook" ou o papel das redes sociais na História
Webcedario, no tempo em que "facebook" ainda se escrevia "phacebook". :)
"Um egípcio batizou a filha com o nome Facebook, em homenagem à rede social que tanta importância teve na revolução egípcia... Mas aparententemente ainda não tem perfil na rede. Longa vida para Facebook!
(...)
A menina Facebook (noutros tempos chamar-lhe-iam simplesmente liberdade) é filha de duas das mais notáveis revoluções do século XXI. No Egito, tal como na Tunísia, o que para muitos era impensável aconteceu: o povo de um país maioritariamente muçulmano rebelou-se, de forma relativamente ordeira e pacífica, contra o seu ditador, criando as condições para uma democracia laica, ao exemplo do que acontece na Turquia. Uma jovem, na Praça Tahir, comentava entusiasmada: "Isto não é virtual, isto não é o Facebook, isto está mesmo a acontecer". Porque revoluções no Facebook há aos magotes.
O Facebook, neste caso, foi uma revolução ao serviço da revolução. Um instrumento tão importante para a organização dos manifestantes egípcios, como o astrolábio para os navegadores portugueses. A menina saberá disso. Quando ela crescer, o Facebook, muito provavelmente, já terá dado lugar a outra geringonça tecnológica, e será olhado com a mesma nostalgia com que hoje vemos o ZX Spectrum. Mas se a menina Facebook se deslocar à Praça Tahir, pode ser que encontre um monumento com o seu nome. Compreenderá então porque se chama assim".
Excertos de um texto do blogue Homem do Leme. Leia na íntegra AQUI.
segunda-feira, 7 de março de 2011
"O poeta funcionário que dá nomes a coisas importantes"
"Num cubículo bafiento de um Ministério Secreto há um funcionário meticuloso que dá nomes a coisas do Estado. Podia ser um pequeno poeta, mas é apenas um homem que dá nomes a grandes coisas".
Boa prosa a do Pastor Pelejão, do blogue Três Pastorinhos, num texto publicado em 22 de Fevereiro de 2011. Aqui fica:
Desconfio que tudo é obra do Sr. Teixeira.
Diligente e poético Sr. Teixeira, um génio nos corredores plúmbeos dos ministérios que recorrem aos seus serviços de bico-de-pato afiado (o bico, não o pato).
O Sr. Teixeira é um daqueles lisboetas românticos e melancólicos que perscruta o céu dos decrépitos edifícios pombalinos como quem vislumbra pela primeira vez um quadro de Rubens e as suas ninfetas rosáceas e repolhudas de celulite.
De manhã, pela fresca, bebe a religiosa bica escaldada numa leitaria da Baixa, antes de caminhar a trote funcionário sobre os seus sapatos luzidios, de brio gasto, como os sonhos que se dissipam no esbanjar dos dias.
De ombros curvados e olhar de burocrata-forçado, o Sr. Teixeira cumprimenta com um aceno bovino o porteiro do ministério que cinge o polegar à pala, aborrecido e ignaro à pequenez ministerial do Sr. Teixeira.
Mas ali vai uma alma poética, embrulhada no fato de camurça de quatro estações e num nariz aduncado e lacrimoso de rinites, ali vai uma dor de poesia, um estribilho da solidão, da angústia, da ausência, do amor.
Ali vai um pungente lírico, como todos os maus poetas portugueses. Todos grandes na sua pequenez alada.
Figura microscópica na grande ordem das coisas ministeriáveis e talento poético apagado como uma beata no cinzeiro da indiferença, o Sr. Teixeira tem, no entanto, uma missão da mais altíssima importância para a Nação e quiçá, para a humanidade.
Sentado no seu cubículo bafiento no Ministério das Nomeações, em frente à velha secretária do tinteiro centenário, seco como as ideias de um político palavroso, o Sr. Teixeira, no seu anonimato amargo, vai dando expressão singela à sua verve poética, à sua inclemente verborreia de palavras declamáveis.
A poesia a uso da Nação. O Sr. Teixeira, qual O´Neill dos socorros a náufragos, é quem dá o nome às coisas públicas. Ali na sua escrivaninha-pia-baptismal nascem o nome das grandes coisas do Estado.
O nome dos altos-comissariados distribuídos a granel entre a corja esfaimada dos favores, é ele que os dá.
O título dos cargos inúteis que ornamentam a vaidade dos seus titulares, é ele que os dá.
É ele que dá também o nome às operações policiais que varrem o país de lés-a-lés, não dando descanso ao pilha-galinhas e ao carteirista, nem ao autarca corrupto ou ao banqueiro das traficâncias.
Com a pena inspirada do Sr. Teixeira, os polícias, os magistrados os inspectores encontram um desígnio, uma Cruz de Cristo que os guie na sua cruzada contra o Reino da Trafulhice Organizada que é Portugal.
"Operação Furacão" foi momento de inspiração meteorológica, gravado no coração do poeta-funcionário pelo tufão Katrina. Uma investigação que teria o mesmo efeito na alta finança mafiosa que o Katrina teve em Nova Orleãs. Devastador.
Não é culpa do Sr. Teixeira que depois a investigação acabe com falta de ar, de meios, de vontade, de tempo. Não é por culpa do Sr. Teixeira que o "Furacão" termine em apneia.
Também não é culpa do Sr. Teixeira que a belíssima Taxa Robin Hood, de clamor poético, benigno, justiceiro e igualitário, sirva apenas para o nosso Sheriff de Nottingham cobrar mais uns impostos, sem benefício plausível para os pobres.
O Robin Hood português rouba indiferenciadamente aos ricos e aos pobres, e enche os cofres do Estado. Não é Robin Hood, é mero gatuno. Mas disso, o Sr. Teixeira não tem culpa.
O Sr. Teixeira só dá o nome às coisas da Nação, mas não tem culpa de elas serem como elas são.
Se o Sr. Teixeira soubesse para que serve a Taxa Robin Hood, talvez lhe tivesse dado o mais apropriado nome de Taxa Benny Hill.
O que o Sr. Teixeira gostava mesmo era dar nomes às estrelas, aos planetas, às flores e aos rafeiros abandonados num canil pulguento.
Mas, como todos nós, o Sr. Teixeira tem de ganhar a vidinha, mesmo que ela seja má, anónima e indigna de nomeação. Se tivesse de nomear a própria vida, o Sr. Teixeira, chamar-lhe-ia "Operação desperdício".
domingo, 6 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
Tocar com amor, com as mãos e a poesia
Tocar
As minhas mãos
abrem as cortinas do teu ser
vestem-te com outra nudez
descobrem os corpos do teu corpo
As minhas mãos
inventam outro corpo
para o teu corpo.
Octavio Paz in «Qual é a minha ou a tua língua - Cem poemas de amor de outras línguas», Assírio e Alvim.
sexta-feira, 4 de março de 2011
II Encontro Livreiro reúne «GENTES DO LIVRO»
O II Encontro Livreiro, o encontro/convívio que reúne anualmente as «GENTES DO LIVRO» na livraria Culsete em Setúbal, é já no próximo dia 27 de Março a partir das 15 horas.
Escritores, leitores, bibliotecários, tradutores, professores, livreiros, editores, investigadores, comentaristas... todos os que se consideram «gentes do livro» em convívio, numa livraria, num domingo à tarde.
Fonte: Assírio e Alvim
quinta-feira, 3 de março de 2011
Envelhecer? Sim, obrigada.
"Peça Portátil", um espetáculo de dança-teatro para todas as idades, inspirado no envelhecimento estará na Fábrica das Artes do CCB, nas duas últimas semanas de Maio. Uma criação de Inês Tarouca.
Envelhecer? Sim, obrigada.
A vida é cheia de possibilidades. De repente estou a vê-las todas e não sei para onde me virar. E rio. Rio muito. De ir às lágrimas. E depois choro. Choro muito. E o que me faz chorar é também o que me faz rir.
E isto faz-me pensar numa senhora de setenta e tal anos que ontem se agarrou a mim com um sorriso cheio de luz, depois começou a chorar convulsivamente e disse: obrigada. Eu perguntei: Manuela, ficou triste com o que viu? Ao que ela respondeu: não, estou feliz, muito feliz.
Pensei: missão cumprida.
Isto aconteceu depois de ela, mais um público maioritariamente constituído por pessoas com mais de 65 anos, ter assistido à ante-estreia da minha primeira criação "Peça Portátil", um espetáculo de dança-teatro para todas as idades, inspirado no envelhecimento. Envelhecimento enquanto fenómeno que acontece a todos desde o nascimento e que tendemos a esconder debaixo do tapete durante o mais tempo possível. Envelhecimento enquanto processo inerente ao ciclo da vida, que nunca cessa.
Obrigada Manuela, obrigada Edite, obrigada Hermínia, obrigada Rabanal, obrigada Ana Laura, obrigada Gracinda, obrigada avó Lu, obrigada Rosário, obrigada São, obrigada Inocência, obrigada Pedro, obrigada Victória, obrigada Manel, obrigada mãe, obrigada pai, obrigada mana, obrigada avô, obrigada Luana, obrigada Íris, obrigada Rafael, por terem sido os verdadeiros inspiradores para este trabalho. Esta peça é uma homenagem a todos vós, cujas diferentes idades lembram o outro do que em tempos foram e do que um dia virão a ser.
Obrigada à maravilhosa equipa com que trabalhei, e cujo contributo para a identidade desta peça foi essencial. Graças a vocês, vejo agora como o meu papel foi de mera iniciadora de processos. O "parto" foi conjunto, cuja força criativa de cada um e de todos deram à luz o corpo e a alma deste bebé que é a Peça Portátil. São vocês: Marina Nabais, Maria Morbey, Manuel Robalo e Eduardo Brito. Obrigada obrigada obrigada.
Continuaremos esta saga nas duas últimas semanas de Maio, na Fábrica das Artes do CCB, onde será a estreia propriamente dita.
Quem quiser fazer parte desta experiência, junte-se a nós assistindo ao espectáculo, visionando o documentário "Longe no Tempo" de Beatriz Tomaz sobre toda esta experiência, participando das oficinas que estamos a preparar para todas as idades e participando do debate "Perder juventude ou Ganhar idade?".
Estejam atentos à programação do CCB, está lá tudo.
Quanto a mim, vou continuando por aqui a maravilhar-me, a perder-me e a reencontrar-me com as infinitas possibilidades que existem só por estarmos vivos, independentemente da idade que temos.
Até já.
Inês Tarouca, em 3 de Março de 2011
Eu é que agradeço e incho de orgulho. :)
Unidos pela Literatura / Literature: our longings are universal longings
Ilustração de Fernando Vicente
"That is part of the beauty of all literature. You discover that your longings are universal longings, that you’re not lonely and isolated from anyone. You belong".
F. Scott Fitzgerald
quarta-feira, 2 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
O futuro das bibliotecas, com ou sem livros / The future of libraries, with or without books
Publico abaixo excertos de "The future of libraries, with or without books", artigo de John D. Sutter da CNN, publicado em 4 de Dezembro de 2009:
The stereotypical library is dying - and it's taking its shushing ladies, dank smell and endless shelves of books with it.
Books are being pushed aside for digital learning centers and gaming areas. "Loud rooms" that promote public discourse and group projects are taking over the bookish quiet. Hipster staffers who blog, chat on Twitter and care little about the Dewey Decimal System are edging out old-school librarians.
And that's just the surface. By some accounts, the library system is undergoing a complete transformation that goes far beyond these image changes.
And that's just the surface. By some accounts, the library system is undergoing a complete transformation that goes far beyond these image changes.
Authors, publishing houses, librarians and Web sites continue to fight Google's efforts to digitize the world's books and create the world's largest library online. Meanwhile, many real-world libraries are moving forward with the assumption that physical books will play a much-diminished or potentially nonexistent role in their efforts to educate the public.
Some books will still be around, they say, although many of those will be digital. But the goal of the library remains the same: To be a free place where people can access and share information.
"The library building isn't a warehouse for books," said Helene Blowers, digital strategy director at the Columbus [Ohio] Metropolitan Library. "It's a community gathering center."
Think of the change as a Library 2.0 revolution -- a mirror of what's happened on the Web.
Library 2.0
People used to go online for the same information they could get from newspapers. Now they go to Facebook, Digg and Twitter to discuss their lives and the news of the day. Forward-looking librarians are trying to create that same conversational loop in public libraries. The one-way flow of information from book to patron isn't good enough anymore.
"We can pick up on all of these trends that are going on," said Toby Greenwalt, virtual services coordinator at the Skokie Public Library in suburban Chicago.
Greenwalt, for example, set up a Twitter feed and text-messaging services for his library. He monitors local conversations on online social networks and uses that information as inspiration for group discussions or programs at the real-world library.
Other libraries are trying new things, too.
(...)
Librarians
This shift means the role of the librarian - and their look - is also changing.
In a world where information is more social and more online, librarians are becoming debate moderators, givers of technical support and community outreach coordinators.
They're also no longer bound to the physical library, said Greenwalt, of the library in Skokie, Illinois. Librarians must venture into the digital space, where their potential patrons exist, to show them why the physical library is still necessary, he said.
A rise in a young, library-chic subculture on blogs and on Twitter is putting a new face on this changing role, said Linda C. Smith, president of the Association for Library and Information Science Education.
Some wear tattoos, piercings and dress like they belong on the streets of Brooklyn instead of behind bookshelves. They're also trying on new titles. Instead of librarians, they're "information specialists" or "information scientists."
Libraries like the "Urban Media Space," which is set to open in 2014 in Aarhus, Denmark, are taking on new names, too. And all of that experimentation is a good thing, Smith said, because it may help people separate the book-bound past of libraries from the liberated future.
"It's a source of tension in the field because, for some people, trying to re-brand can be perceived as a rejection of the [library] tradition and the values," she said. "But for other people it's a redefinition and an expansion."
Leia na íntegra AQUI.
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