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terça-feira, 7 de março de 2017

Os 10 blogues mais lidos em Portugal (e mais alguns)



"Num tempo em que todos têm Facebook, muitos aderem ao Instagram e vários comunicam através do Twitter, ainda há espaço para os blogues? Quem toma conta dos seus com afinco não tem dúvidas. O i dá-lhe a conhecer os mais populares

Se recuarmos 15 anos, chegamos a um mundo sem Facebook, Instagram ou Twitter. Já comunicávamos através de telemóveis e sabíamos usar a internet, mas uma nova forma de interagir estava a começar a dar nas vistas: os blogues.

Hoje em dia, alguns bloggers portugueses continuam a ter milhares de leitores, mas a maioria acabou por perder terreno com o crescimento das redes sociais. Para Paulo Querido, jornalista e autor de livros como “Blogs” e “O Futuro da Internet”, este problema era “previsível”, pois a componente social – elementar na disseminação dos blogues – foi transferida na sua totalidade para as redes sociais. “Portugal não fugiu à regra internacional de perda de socialização para os sites Facebook e Twitter, sobretudo”, explica ao i.

O especialista aponta duas razões para a preferência das redes sociais: o imediatismo das reações e a forma como os conteúdos são disponibilizados aos utilizadores. “As plataformas organizadas, como o Facebook e o Twitter, produzem gratificação mais rápida, praticamente instantânea. [Para além disso], especializaram-se em modelos editoriais e de distribuição de conteúdos que são muito superiores às ferramentas disponíveis nas plataformas de edição de blogues”, afirma Paulo Querido.

Se as redes sociais tiraram “mercado” aos blogues, há, também nesta área, quem as tenha sabido usar em seu proveito e o fenómeno não desapareceu completamente. As páginas no Facebook e no Instagram, por exemplo, ajudam os autores a publicitar os seus blogues, angariando mais leitores. “Planeamentos específicos podem canalizar tráfego para os blogues e gerar algumas comunidades em torno de ideias e conceitos”, diz Paulo Querido. Mas a blogosfera portuguesa tem um calcanhar de Aquiles importante quando se trata de tirar partido das redes sociais: “É maioritariamente genérica, individualista e sem foco”, frisa o especialista, que alerta para o cansaço que o trabalho em duas plataformas diferentes pode provocar: “[Usar as redes sociais como forma de publicitar os blogues] envolve uma grande carga de trabalho e um sentimento de inutilidade, pois a maioria desse trabalho vai beneficiar as plataformas, sobrando muito pouco para os bloggers. Mas não há grandes alternativas.”

Se o enquadramento é este, o facto é que há bloggers que continuam a atrair milhares de leitores. E trabalham para isso.

O blogue mais doce

Segundo o site Blogómetro, página que fornece estatísticas relacionadas com as visitas aos blogues portugueses, os blogues dedicados ao lifestyle e ao desporto dominam a lista das páginas com mais visualizações, possuindo a maioria conta nas redes sociais.

“A Pipoca Mais Doce” é, provavelmente, o blogue mais conhecido de todos e ocupa o primeiro lugar neste ranking, com uma média diária de 26 184 visitas. É apresentado como um “blog pessoal, (às vezes) humorístico e (quase sempre) sarcástico”, e aborda vários temas – da literatura à saúde, passando por futebol, cultura, restaurantes, viagens, temas de atualidade e peripécias do dia-a-dia da autora, Ana Garcia Martins.

“O blogue foi criado em janeiro de 2004 e coincidiu com a altura em que comecei a trabalhar como jornalista. Fui para jornalismo por ser a profissão que me permitia fazer o que eu mais gostava – escrever –, e não tanto por aquela coisa da investigação ou de conseguir manchetes”, lembra ao i Ana Garcia Martins.

“Quando comecei a trabalhar (na altura, no jornal “A Capital”) rapidamente percebi que o meu tipo de escrita e as coisas sobre as quais eu gostava de escrever não tinham espaço num jornal, por contingências editoriais óbvias, por isso vi nos blogues – que estavam a surgir naquela altura – uma ótima plataforma para divagar sobre tudo o que me apetecesse.”

Quando “A Pipoca Mais Doce” surgiu, a blogosfera estava a dar os primeiros passos em Portugal e era difícil angariar leitores. No caso de Ana Garcia Martins, o “passa-palavra” funcionou e, aos poucos, começou a formar-se uma comunidade de seguidores, algo que hoje em dia, com as redes sociais, parece muito mais fácil de conquistar. “Há 13 anos era inimaginável pensar no conceito de ‘blogger profissional’. A verdade é que o blogue acabou por ter um crescimento brutal, superou todas as minhas expectativas. De repente tornou-se um dos blogues mais lidos em Portugal e, mais do que isso, transformou-se no meu trabalho. Felizmente, a curva continua a ser ascendente, por isso acho que a evolução tem sido muito positiva.”

No total, o blogue já acumulou quase 90 milhões de visualizações, apesar de o contador de visitas só ter sido instalado cerca de seis anos depois da criação do mesmo. Mas “A Pipoca” também está nas redes sociais: no Instagram, Ana Garcia Martins tem mais de 142 mil seguidores, e no Facebook mais de 246 mil “gostos”. O segredo do sucesso? Existir uma identificação entre quem escreve e quem lê, defende Ana Garcia Martins: “Acho que os leitores se identificaram com as minhas histórias por eu ser um bocadinho a ‘girl next door’: alguém com problemas, preocupações e alegrias iguais às de tantas outras pessoas. Por outro lado, é um blogue que nunca se escusou a ter uma opinião, independentemente do assunto. Hoje em dia, a grande maioria dos blogues parece-me demasiado neutra, quase como se se receasse dizer o que realmente se pensa.”

No Poupar está o ganho

“A Pipoca Mais Doce” não é único exemplo de êxito em Portugal. No segundo lugar da lista do Blogómetro surge a página “Poupadinhos e com Vales”, um blogue dedicado (como refere a página) à poupança e criado em 2013. Teve a sua origem num grupo fechado no Facebook que em menos de uma semana conseguiu cinco mil membros.

“Sempre fui uma pessoa muito poupada e sonhava mesmo com isto. Queria muito que as pessoas fizessem o mesmo que eu e que descobrissem o quanto era fantástico este mundo das poupanças”, conta ao i Janine Medeira, autora da página. O blogue surge em pleno pico da crise e foi fácil ganhar seguidores. “Era uma espécie de sonho guardado que pensei não vir a concretizar. Quando comecei a receber agradecimentos vindos de todo o país, percebi que tinha atingido o objetivo principal: ensinar os meus grandes truques de poupança e pôr toda a gente a poupar.”

Professora na Universidade do Algarve e com uma vida profissional bastante preenchida, Janine teve de deixar o emprego que tinha em duas escolas – onde dava formação – para conseguir alimentar o blogue que, ao fim de três anos de existência, venceu o prémio de melhor Blogue na Categoria de Economia e Negócios a nível nacional. “Fi-lo porque vi muito potencial na plataforma e as pessoas esperavam por artigos novos, por respostas às suas mensagens, emails e comentários. Não podia desiludir quem confiava em mim. Fiz o blogue para ajudar as pessoas: não conseguia deixá-las à espera durante dias para só depois responder às suas dúvidas.” A ideia acabou por mudar-lhe a vida. “A nível pessoal, atualmente tento trabalhar a todo o gás enquanto os miúdos estão na escola, para depois me dedicar a 100% à família assim que todos chegam a casa.”

O blogue oferece as últimas novidades no que diz respeito a promoções, vales e amostras, seja qual for a área de consumo. Mas, além disso, Janine criou rubricas próprias onde dá dicas sobre vários temas, como moda e culinária – sempre apresentando os preços mais baixos.

Ao longo dos últimos quatro anos, já acumulou mais de 28 milhões de visualizações. E, no Facebook, a página do blogue tem mais de 233 mil “gostos”.

Uma cozinha para todos

No terceiro lugar da lista dos blogues mais lidos surge o “Benficaholic”, uma página dedicada ao Benfica, apresentando as últimas notícias relacionadas principalmente com a equipa de futebol do clube. Tem uma média de 1992 visitas diárias.

Logo a seguir surge um blogue completamente diferente, o “Cinco Quartos de Laranja”, com publicações dedicadas ao paladar e à criatividade na cozinha. Criado por Isabel Zibaia Rafael há 11 anos, este é um dos blogues portugueses mais antigos da blogosfera na área da alimentação e viagens, a publicar sem interrupções desde a data de lançamento.

O nome é curioso, mas também tem uma explicação simples. “A ideia surgiu ao ler o romance da escritora Joanne Harris ‘Cinco Quartos de Laranja’. Na altura senti necessidade de falar da minha vida tendo como ponto de partida a comida, tal como acontecia na obra. No romance existe uma herança que é um livro de receitas que a autora usa para falar dos aspetos que marcaram a sua vida e da sua família. Gostei tanto da ideia que decidi fazer algo idêntico”, lembra ao i a autora.

O blogue procura, para além de partilhar receitas, explorar viagens, visitas a restaurantes, idas ao cinema, livros, dicas e outros assuntos pessoais. Isabel Zibaia Rafael faz um planeamento semanal daquilo que tenciona escrever, tendo sempre como base os restaurantes que frequenta, os pratos que faz em casa e as experiências do seu dia-a-dia.

Também Isabel soube aproveitar o alcance das redes sociais. Tem uma página no Facebook com mais de 147 mil “gostos” e já conquistou mais de 3900 seguidores no Instagram, que acompanham o trabalho que vai desenvolvendo no blogue. Segundo a autora, a mudança nas interações sociais na internet, nos últimos anos, não trouxe qualquer estagnação ao projeto. Tanto o blogue como as páginas nas redes sociais têm tido um crescimento constante.

Em 2016, o blogue registou mais de 10 mil visualizações por dia e foi este sucesso que fez com que, desde há dois anos, Isabel conseguisse dedicar-se a tempo inteiro às suas plataformas: “Neste momento, para além de rubricas patrocinadas e exploração da publicidade no blogue, promovo workshops de cozinha em Lisboa e no Porto e realizo showcookings para marcas. Participo também em eventos e palestras, e colaboro regularmente com revistas. Desenvolvo receitas para marcas tanto nacionais como estrangeiras”, enumera. E, desde 2012, já publicou três livros de cozinha (“Cozinha para Dias Felizes”, “Delicioso Piquenique” e “O Livro de Petiscos da Isabel”). No ano passado foi presença assídua na televisão, com uma colaboração às quartas- -feiras no programa da RTP1 “A Praça”. E o trabalho nunca para. “Há sempre emails a responder, sejam convites, dúvidas dos leitores ou envio de orçamento”, explica. “O ‘Cinco Quartos de Laranja’ é uma paixão!”

A fechar o top-5 divulgado pelo Blogómetro está “A Mulher É Que Manda”, um blogue criado por Mónica Santana Lopes para partilhar as suas experiências como mulher e mãe, os seus gostos e ansiedades e o seu quotidiano.

“[É possível alimentar este blogue] com muita organização, menos horas de sono, mais olheiras e rugas”, resume a autora. “Sou responsável de comunicação de um centro hospitalar, por isso, o meu dia é dedicado ao emprego. Quando saio, dedico-me às minhas filhas, ao meu marido e à casa, e quando elas se deitam atiro-me ao blogue. Durante o fim de semana também dedico parte do tempo a escrever, a criar, a fazer produções fotográficas… Mas tentando sempre conseguir conciliar tudo isto com o tempo de família.”

Mónica Santana Lopes acredita que o segredo por detrás dos cinco anos de sucesso do projeto reside no facto de ser genuíno e não imitar o que já existe. “Aprendi muito, mudei bastante como pessoa, na forma como me apresento ou escrevo. Perdi medos e vergonhas, por isso acho que o blogue me tem feito evoluir como blogger e como pessoa”, afirma a autora, que conta já com mais de seis milhões de visualizações no seu blogue e 114 mil seguidores no Facebook.

Um “blogue-farmácia”

A lista dos dez blogues mais lidos em Portugal completa-se com páginas dedicadas aos mais diferentes temas.

No sexto lugar surge “Internet para Todos”, um blogue dedicado à tecnologia que, apesar de não ser atualizado desde 2014, continua a estar entre os mais vistos.

Segue-se “As Minhas Pequenas Coisas”, um blogue simples que fala sobre aspetos do dia-a-dia e gostos pessoais – maternidade, moda, música, comida, tudo o que faz parte do quotidiano de uma mulher está naquele blogue.

A oitava posição vai para o “Aspirina B”, um blogue dedicado a questões políticas e à atualidade nacional. Na décima posição está “Deixa Passar o Maior de Portugal”, outro blogue dedicado ao Benfica. Pelo meio, na 9.a posição do ranking do Blogómetro está o “Quadripolaridades”, criado em 2007 por duas pessoas com ideias completamente diferentes (daí a polaridade no nome).

“Não é propriamente um blogue temático. O meu marido chama-lhe, com alguma graça, ‘blogue-farmácia’, pois diz que se pode encontrar de tudo por lá”, explica Liliana, a autora que mantém a página ativa e que começou a dedicar-se aos blogues em 2004, “na altura em que as pessoas nem sabiam bem o que era um blogue”.

Não tendo um tema nem uma linha exclusiva como fio condutor, acaba por abordar temas da atualidade, estados de espírito, críticas sociais e reflexões mais íntimas. “Não o considero um blogue de lifestyle, mas acaba por ser uma espécie de diário digital”, diz a autora.

O “Quadripolaridades” faz agora dez anos e desde 2012 que Liliana abdicou do anonimato para participar na organização de um evento solidário. “A perda do anonimato trouxe uma série de pessoas (familiares, amigos, colegas de trabalho) a lerem o blogue, o que veio gradualmente a hipotecar alguns temas sobre os quais me dava algum gozo desabafar mas que, nesta nova dinâmica, deixa de fazer sentido verem a luz do dia”, confessa a autora.

Quanto à “rivalidade” entre blogues e redes sociais, Liliana concorda que estas plataformas se complementam: “As redes sociais trouxeram uma maior mediatização das pessoas que escrevem blogues, vincando-lhes a sua identidade real, permitindo que leitores pesquisem no Facebook as suas relações familiares, no Linked-In os nomes de entidades empregadoras e, no Instagram, rotinas e espaços. Penso que as redes sociais aproximam os leitores dos bloggers e alimentam a leitura dos respetivos blogues”, conclui Liliana, que tem mais de 19 mil “gostos” no Facebook.

Os menos conhecidos

Os blogues de figuras públicas tendem a ter sempre mais destaque. O comentador Cláudio Ramos fala sobre a atualidade cor-de- -rosa na sua página “Eu, Cláudio” e a apresentadora Cristina Ferreira dedica--se à moda, viagens e gastronomia na sua página “Daily Cristina”. Fátima Lopes e Teresa Guilherme são outras apresentadoras com blogues ativos.

Mas, neste mundo dos diários online, não é preciso ser famoso para ter centenas de fãs e há muitos outros blogues que, não estando no top-10 do Blogómetro, são casos de sucesso. Podem não dar tanto nas vistas, mas mantêm um número de seguidores fiéis que os acompanha ao longo de centenas de publicações.

É o caso de Mafalda Sousa, uma mulher de Abrantes que gere o blogue “A Felicidade é o Caminho”, dedicado a temas que fazem a autora (e quem a lê) feliz.

Com mais de dois milhões de visualizações, o projeto requer uma boa dose de planeamento. “Para que as coisas funcionem, tenho um mapa de tarefas onde planeio o que devo fazer ao longo do dia”, explica a autora.

Todos os dias faz pesquisas para futuras publicações, basicamente sempre que tem uma pausa ou antes de dormir. “Também estou habituada a levantar- -me cedo, cerca das seis. E é nesse horário que consigo escrever, normalmente ao fim de semana. Não escrevo tanto quanto gostaria, mas de momento é o que é possível”, conta Mafalda Sousa.

Numa blogosfera que continua a ter centenas de páginas para explorar em português, os métodos de quem está do outro lado do ecrã são tão variados como os temas. Carlos Fernandes, autor do blogue “Vício da Poesia”, prefere não ter um plano de tarefas e escreve apenas quando lhe apetece: “Apenas publico quando estou satisfeito com o que escrevi. E de entre os variados artigos em desenvolvimento simultâneo, condições fortuitas fazem com que este ou aquele me satisfaça e publique.”

Já o blogue do escritor e jornalista José de Matos-Cruz, “Imaginário-Kafre”, funciona de uma forma completamente diferente: “Tem uma apresentação semanal, uniforme e sistematizada, com incidência virtualmente histórica. Quando existem temas de atualidade que considere relevantes, são inseridos como ‘Extra’”, explicou o autor ao i.

Catherine Labey e Jorge Magalhães nasceram em 1945 e 1938, respetivamente. São, por isso, bloggers maduros e mostram como não há limites para qualquer um se iniciar nestas lides. Têm vários blogues dedicados principalmente à pintura e literatura, destacando-se as páginas “O Gato Alfarrabista” (sobre banda desenhada) e “O Voo do Mosquito” (dedicado à revista “Mosquito”). “Criámos cada blogue com determinado objetivo. Eu sou ilustradora e gráfica e adoro gatos. Jorge Magalhães está como peixe na água em relação à BD, de que é grande colecionador, e porque dirigiu várias revistas da especialidade, como o ‘Mundo de Aventuras’, entre 1974 e 1987”, sublinha Catherine ao i.

Se o investimento em tempo e ideias é grande, os autores chegam a locais que nunca imaginariam alcançar: “Descobri que os gatos são um tema muito apreciado. O meu blogue ‘Gatos, Gatinhos e Gatarrões’ é visto nos cinco continentes, em países que nunca sonhei poder visitar”, remata a autora".




sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Flames lança novo passatempo literário


O blogue literário Flames lançou hoje um novo passatempo, no qual sorteia um exemplar da obra "Os livros que devoraram o meu pai” de Afonso Cruz. Eis a sinopse: 


"Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado. Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo. Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de letras."

Participem até ao dia 6 de Outubro preenchendo o formulário disponível AQUI.

Boa sorte. Eu já participei.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Blogs e redes sociais são aliados dos escritores. Porém…"


Na revista e muito ampliada área de livros do site do jornal inglês “The Guardian”, a escritora de romances históricos Sara Sheridan passa uma reprimenda severa (em inglês, acesso gratuito) em todos os colegas que resistem a ter uma presença ativa em blogs e redes sociais. “Me entristece ver esses escritores – comunicadores profissionais – ficarem distantes de um meio que clama por suas habilidades e que é, comprovadamente, a melhor forma de comunicação com os leitores”, escreve ela.

Sheridan tem uma dose de razão, claro, mas acredito que os recalcitrantes também tenham. Deixando de lado fatores prováveis como ranzinzice e acomodação, é razoável supor que grande parte deles sinta medo de, caindo feito Alice nessa toca de coelho, para usar uma imagem de Margaret Atwood, acabar sem tempo ou cabeça para escrever algo além de posts e tweets.

Escritores talvez sejam enquadráveis, tecnicamente, na categoria de comunicadores, e sem dúvida sempre houve os que se notabilizaram mais pelo talento promocional do que pela qualidade do texto. Isso não muda o fato de que escrever requer uma medida de recolhimento, de silêncio mental, sem a qual é impossível distinguir o que é a própria voz e o que é a gritaria do mundo.

Quem não escreve talvez ache que isso é uma bobagem romântica, um resquício da velha torre de marfim. Com a razoável experiência de quem escrevinha diariamente em blogs, para não mencionar o Twitter e o Facebook, garanto que não é. Acredito que a maioria dos escritores, mesmo sem chegar a tais extremos, compreenda a motivação de Jean Cocteau, que certa vez declarou: “Não passo os olhos num jornal há vinte anos. Se introduzem um no aposento, saio correndo. Isso não é porque eu seja indiferente, mas porque não é possível seguir todos os caminhos”.

Vinda de um sujeito que seguiu uma penca de caminhos – foi poeta, dramaturgo, romancista, cineasta, desenhista e empresário de boxe – a frase de Cocteau merece reflexão. Hoje, seguir todos os caminhos é considerado não só possível, mas indispensável. E o pior é que talvez seja mesmo. Escreva-se com um barulho desses.

Texto de Sérgio Rodrigues para a revista Veja publicado em 15 de Abril de 2011. (O destaque a negrito é meu).










terça-feira, 8 de março de 2011

"A menina Facebook" ou o papel das redes sociais na História

Webcedario, no tempo em que "facebook" ainda se escrevia "phacebook". :)



"Um egípcio batizou a filha com o nome Facebook, em homenagem à rede social que tanta importância teve na revolução egípcia... Mas aparententemente ainda não tem perfil na rede. Longa vida para Facebook!

(...)
 
A menina Facebook (noutros tempos chamar-lhe-iam simplesmente liberdade) é filha de duas das mais notáveis revoluções do século XXI. No Egito, tal como na Tunísia, o que para muitos era impensável aconteceu: o povo de um país maioritariamente muçulmano rebelou-se, de forma relativamente ordeira e pacífica, contra o seu ditador, criando as condições para uma democracia laica, ao exemplo do que acontece na Turquia. Uma jovem, na Praça Tahir, comentava entusiasmada: "Isto não é virtual, isto não é o Facebook, isto está mesmo a acontecer". Porque revoluções no Facebook há aos magotes.
 
O Facebook, neste caso, foi uma revolução ao serviço da revolução. Um instrumento tão importante para a organização dos manifestantes egípcios, como o astrolábio para os navegadores portugueses. A menina saberá disso. Quando ela crescer, o Facebook, muito provavelmente, já terá dado lugar a outra geringonça tecnológica, e será olhado com a mesma nostalgia com que hoje vemos o ZX Spectrum. Mas se a menina Facebook se deslocar à Praça Tahir, pode ser que encontre um monumento com o seu nome. Compreenderá então porque se chama assim".
 
Excertos de um texto do blogue Homem do Leme. Leia na íntegra AQUI.

segunda-feira, 7 de março de 2011

"O poeta funcionário que dá nomes a coisas importantes"

"Num cubículo bafiento de um Ministério Secreto há um funcionário meticuloso que dá nomes a coisas do Estado. Podia ser um pequeno poeta, mas é apenas um homem que dá nomes a grandes coisas".




Boa prosa a do Pastor Pelejão, do blogue Três Pastorinhos, num texto publicado em  22 de Fevereiro de 2011. Aqui fica:


Desconfio que tudo é obra do Sr. Teixeira.

Diligente e poético Sr. Teixeira, um génio nos corredores plúmbeos dos ministérios que recorrem aos seus serviços de bico-de-pato afiado (o bico, não o pato).

O Sr. Teixeira é um daqueles lisboetas românticos e melancólicos que perscruta o céu dos decrépitos edifícios pombalinos como quem vislumbra pela primeira vez um quadro de Rubens e as suas ninfetas rosáceas e repolhudas de celulite.

De manhã, pela fresca, bebe a religiosa bica escaldada numa leitaria da Baixa, antes de caminhar a trote funcionário sobre os seus sapatos luzidios, de brio gasto, como os sonhos que se dissipam no esbanjar dos dias.

De ombros curvados e olhar de burocrata-forçado, o Sr. Teixeira cumprimenta com um aceno bovino o porteiro do ministério que cinge o polegar à pala, aborrecido e ignaro à pequenez ministerial do Sr. Teixeira.

Mas ali vai uma alma poética, embrulhada no fato de camurça de quatro estações e num nariz aduncado e lacrimoso de rinites, ali vai uma dor de poesia, um estribilho da solidão, da angústia, da ausência, do amor.

Ali vai um pungente lírico, como todos os maus poetas portugueses. Todos grandes na sua pequenez alada.

Figura microscópica na grande ordem das coisas ministeriáveis e talento poético apagado como uma beata no cinzeiro da indiferença, o Sr. Teixeira tem, no entanto, uma missão da mais altíssima importância para a Nação e quiçá, para a humanidade.

Sentado no seu cubículo bafiento no Ministério das Nomeações, em frente à velha secretária do tinteiro centenário, seco como as ideias de um político palavroso, o Sr. Teixeira, no seu anonimato amargo, vai dando expressão singela à sua verve poética, à sua inclemente verborreia de palavras declamáveis.

A poesia a uso da Nação. O Sr. Teixeira, qual O´Neill dos socorros a náufragos, é quem dá o nome às coisas públicas. Ali na sua escrivaninha-pia-baptismal nascem o nome das grandes coisas do Estado.

O nome dos altos-comissariados distribuídos a granel entre a corja esfaimada dos favores, é ele que os dá.

O título dos cargos inúteis que ornamentam a vaidade dos seus titulares, é ele que os dá.

É ele que dá também o nome às operações policiais que varrem o país de lés-a-lés, não dando descanso ao pilha-galinhas e ao carteirista, nem ao autarca corrupto ou ao banqueiro das traficâncias.

Com a pena inspirada do Sr. Teixeira, os polícias, os magistrados os inspectores encontram um desígnio, uma Cruz de Cristo que os guie na sua cruzada contra o Reino da Trafulhice Organizada que é Portugal.

"Operação Furacão" foi momento de inspiração meteorológica, gravado no coração do poeta-funcionário pelo tufão Katrina. Uma investigação que teria o mesmo efeito na alta finança mafiosa que o Katrina teve em Nova Orleãs. Devastador.

Não é culpa do Sr. Teixeira que depois a investigação acabe com falta de ar, de meios, de vontade, de tempo. Não é por culpa do Sr. Teixeira que o "Furacão" termine em apneia.

Também não é culpa do Sr. Teixeira que a belíssima Taxa Robin Hood, de clamor poético, benigno, justiceiro e igualitário, sirva apenas para o nosso Sheriff de Nottingham cobrar mais uns impostos, sem benefício plausível para os pobres.

O Robin Hood português rouba indiferenciadamente aos ricos e aos pobres, e enche os cofres do Estado. Não é Robin Hood, é mero gatuno. Mas disso, o Sr. Teixeira não tem culpa.

O Sr. Teixeira só dá o nome às coisas da Nação, mas não tem culpa de elas serem como elas são.

Se o Sr. Teixeira soubesse para que serve a Taxa Robin Hood, talvez lhe tivesse dado o mais apropriado nome de Taxa Benny Hill.

O que o Sr. Teixeira gostava mesmo era dar nomes às estrelas, aos planetas, às flores e aos rafeiros abandonados num canil pulguento.

Mas, como todos nós, o Sr. Teixeira tem de ganhar a vidinha, mesmo que ela seja má, anónima e indigna de nomeação. Se tivesse de nomear a própria vida, o Sr. Teixeira, chamar-lhe-ia "Operação desperdício".

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

1000 coisas fantásticas / 1000 Awesome Things

Só temos 100 anos (com sorte!) para gozar as montanhas de coisas boas que a vida nos oferece.





Neil Pasricha uses the power of blogging to spread a little optimism each day about the awesome things that make life worth living. Neil Pasricha's blog 1000 Awesome Things savors life's simple pleasures, from free refills to clean sheets. In this heartfelt talk from TEDxToronto, he reveals the 3 secrets (all starting with A) to leading a life that's truly awesome.



Fonte: TED

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

As boas vindas ao FMI!

O Sr. bp63 de A Sombra das Imagens escreve com humor e acutilância. Há muito tempo que gosto de ler o que escreve...já nos conhecemos virtualmente de outras paragens. Aqui vos apresento um excerto de um texto seu: 

"A mãe compôs-lhe o laço, não havia meio de ficar direito, parecia que estava vivo o apêndice têxtil, com personalidade própria, teimava sempre em descair para o lado esquerdo; depois, ajeitou-lhe o cabelo, mas o sucesso também não foi o melhor – raios parta a gadelha do rapaz, não há quem lhe acadime isto, é a ruindade a eriçá-lo, sai ao pai que tem cá uma feitio que não se pode –, só mesmo uma boa dose de gel lhe permitiu assentar o desconcerto capilar e obter, assim, de risco ao meio e com a cabeleira pegada à cabeça, um ar angelical de menino bem comportado. No fim, colocou a criança em frente ao espelho e sentiu-se orgulhosa: como estava lindo o seu menino!

Já estava a fechar a porta da rua quando a mãe reparou que a bandeirinha colorida, anteriormente entregue ao seu petiz, ficara esquecida, talvez caída, em casa. No meio de umas vociferações – andas sempre com a cabeça no ar, só prestas atenção no que te interessa -, e depois de ter dado umas boas sapatadas para refrescar memórias infantis que teimavam em sucumbir ao primeiro momento, voltou a casa para recolher o distinto objecto. Felizmente que, quando chegaram à paragem do autocarro, o 45 ainda não tinha passado, caso contrário chegavam atrasados ao aeroporto".

Continue a ler AQUI.



terça-feira, 27 de julho de 2010

A inflamação epidémica dos portugueses: a Portugalite



Entre as afecções de boca dos portugueses que nem a pasta medicinal Couto pode curar, nenhuma há tão generalizada e galopante como a Portugalite. A Portugalite é uma inflamação nervosa que consiste em estar sempre a dizer mal de Portugal. É altamente contagiosa (transmite-se pela saliva) e até hoje não se descobriu cura.


Miguel Esteves Cardoso, in A Causa das Coisas


(Pasta Medicinal Couto, 1950s)


Pois, nada fala da cura contra as Portugalites... É pena.


(Esta imagem foi retirada do blog Ilustração Portuguesa, que reproduz revistas portuguesas antigas. Precioso).



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um livro tem várias almas


“Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.
Carlos Ruiz Zafón em “A sombra do vento”


Encontrei esta citação num blogue que acabei de descobrir: Segredo dos Livros - Sugestões e Críticas Literárias

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Booklife: dicas para o escritor do Séc. XXI



A acompanhar o livro Booklife: Strategies and Survival Tips for the 21st Century Writer, de Jeff VanderMeer, existe o blogue Booklifenow.com:

"Booklife integrates discussion of the topics traditional to such manuals with how the landscape has changed as a result of the innovations of the electronic age. Although many of these changes are wonderful, it isn’t a uniformly positive development—new media can fragment you, disrupt your ability to be creative, and make you pursue tactical goals that don’t support your overall career. It also may be hard to determine how to be an effective advocate for your book without sacrificing what’s most important: your personal joy stemming from the creative impulse, your intimate relationship with your writing".


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Porque a literatura é memória.

"Porque a literatura é memória. A literatura o que faz é resgatar os mortos. Há um poema de Thomas Hardy sobre a segunda morte, a morte definitiva, que é quando já não existe ninguém que se lembre de nós. Pois a literatura é uma batalha para que essa segunda morte não aconteça. É como Orfeu buscando Eurídice no inferno. É arrancar os mortos à morte. E é também como se os mortos se agarrassem a nós com todas as forças, para não morrer de vez. A literatura não pode ser outra coisa a não ser isto. Uma batalha contra o esquecimento, contra a morte. Porque as palavras não morrem. Porque a linguagem não morre."

Javier Cercas
 
Fonte: o blogue do escritor João Tordo que venceu este ano a sexta edição do Prémio Literário José Saramago com "As Três Vidas". Aqui.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

16 lemas, uns mais duvidosos que outros, de incentivo à leitura




Um blogue que me apraz ler é Pó dos Livros de Jaime Bulhosa.

Foi lá que encontrei estas pérolas de incentivo à leitura.

"Numa empresa onde trabalhei, foi pedido a alguns funcionários, em jeito de brainstorming, que pensassem numa ou várias frases de incentivo à leitura, para depois algumas serem usadas em cartazes publicitários de livraria. As frases que se seguem são algumas das que resultaram desse brainstorming, tendo sido recusadas, por razões óbvias, pela gerência. Contudo, guardei-as por achá-las engraçadas e nonsense. Não resisto a publicá-las, agora devidamente organizadas por fonte de inspiração.

AS DOMÉSTICAS
«Se até a bruta da tua sogra lê...»
«Ou lês ou comes a sopa.»


AS DE ÍNDOLE SEXUAL
«Finalmente só! Eu e o meu livro.»
«À noite dói-lhe a cabeça?... Faça como ela, leia!»
«Tocas num livro, tocas num homem.»


AS DE SUPERIORIDADE INTELECTUAL
«Samos cada bêz menos anal-fabetos, ler acaba con nôs.»
«Os verdadeiros analfabetos são aqueles que não lêem.»
«Ler não evita a estupidez, mas disfarça-a muito.»


AS MISÓGINAS, HOMOFÓBICAS E MACHISTAS
«Não ler é coisa de gaja, deixa de ser larilas!»
«Uma mulher que não lê, não é uma mulher, é um homem.»
«Não pintes o teu cabelo loiro, lê!»

AS PSEUDO-FILOSÓFICAS
«Ler é um modo engenhoso de não pensar.»
«A leitura engrandece a alma e o corpo.»


AS POLÍTICAS OU JURÍDICAS
«Ler é um vício legal!»
«Em terra de cegos, quem lê é rei.»
«O povo que lê jamais será vencido.»

Jaime Bulhosa"

Este post pode ser lido na íntegra aqui.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Clareza na leitura

“Clarity is the most unsettling thing possible. It allows the reader, in some sense – if you do it well – to forget that the medium of expression is language; you’re somehow in with what the words are saying, but you’re not even thinking about the words anymore”.

Paul Auster, entrevista à revista Granta (último número 106).
 
Fonte: uma agradável surpresa que descobri agora, João Tordo, blog de um escritor português!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Qual o futuro dos blogues literários, os "litblogs"?

"One bright spot in recent years has been the emergence of literary blogs that are often more enthusiastic than professional, but nevertheless provide expanded coverage of literary fiction. Linking to newspapers and magazines all over the world, the "litblogs" provide lively and informative reading but they are generally run out of the proprietor's home on a shoestring, though some accept limited advertising to keep going.

To a certain extent, this has been a good thing for publishers, who now routinely send review copies to bloggers, as well as established reviewers. But no one has demonstrated that litblog readers are a significant part of the book- buying public.

More to the point, litblogs, like other Internet sites, pay nothing for the privilege of linking to the publications on their websites. If Google is thinking about paying for the news it reprints, why not what some have called a paywall for litblogs?"

Excerto de um interessante artigo do Denver Post, que pode ser lido na íntegra aqui.




Via Bibliotecário de Babel

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A leitura partilhada


Partilhar leituras pode ser um gesto de amor. Este é o gesto que dá vida ao "Cão que Comeu o Livro".

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Quem terá sido o gajo que teve a ideia peregrina de inventar a frase que diz que, para que a tua vida seja completa, terás de cumprir três tarefas: «plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro»? Cheira-me a rigor germânico ou a sabedoria oriental, que é como quem diz: uma chinesice qualquer. Eu sei que quem inventou o descanso foi um grande homem. Agora, inventar adágios sem pensar nas consequências? Isso até eu.Plantar uma árvore, ainda vá que não vá, no meio de tanto caroço cuspido, algum deve ter germinado. Ter um filho, quem quiser assumir um monte de responsabilidades, com um bocadinho de sorte e a colaboração de outra pessoa, a coisa faz-se. Agora, escrever um livro? E se eu não tiver nada para dizer? E se não me apetecer dizer nada? Melhor: e se o que tiver para dizer não interessar nem ao menino Jesus? Sou menos completo do que os outros que já o fizeram? (...) E porque não, em vez de escrever um livro, escrever num blogue? Eh pá! Espera aí… O gajo se calhar até tem razão, falhou foi na terceira hipótese. Sinto-me tão completo... "
Divertido texto de Jaime Bulhosa do Pó dos Livros, um blogue onde se lêem episódios da vida de um livreiro...muito bem escritos. Recomendo.
E este post tirou-me um peso dos ombros...É que eu também estava atrapalhada com a parte do livro...porque as duas primeiras condições já as cumpri e mais do que uma vez...agora o livro... claro que quem inventou a famosa frase nem sequer sonhava com os blogues...assim, também já me sinto completa !!! :)))) Ufa, que alívio!

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