quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livraria Rodrigues, a primeira só de oportunidades e promoções

A Livraria Rodrigues, considerada uma das mais antigas da capital (fundada em 1863) tem uma nova missão. Desde o passado mês de março que se transformou numa livraria exclusiva de oportunidade e promoções. Nesta casa localizada em plena Baixa pombalina, na Rua do Ouro, não entram as novidades que são lançadas no mercado, as obras quando aqui chegam já têm mais de 18 meses de vida. Assim não concorrem com as grandes superfícies e exploram um mercado alternativo. Desta forma, também conseguem garantir os preços baixos o ano inteiro.

Agora não tem desculpa para não entrar nesta livraria, aqui consegue encontrar exemplares a partir de um euro (até aos 50). E é mesmo assim que eles estão alinhados nas prateleiras desta loja com mais de 100 metros quadrados de área útil: por preço.
Livros para crianças, banda desenhada, psicologia, culinária, ensaios e romances são alguns dos géneros literários que o cliente pode adquirir e que mudam semanalmente.

Mas não só, exemplares antigos e únicos também marcam presença. Uma livraria que se adaptou aos novos tempos de crise, para agradar a vários públicos.





LIVRARIA RODRIGUES
R. do Ouro, 188, Lisboa T. 21 342 1302
Seg-Sex 10h-19h, Sáb 9h-13h
www.livrariarodrigues.com

Fonte: Visão



quarta-feira, 13 de abril de 2011

No fim de contas, ela era uma bibliotecária! / She was a librarian, after all.



She’d always been a little excitable, a little more passionate about books than your average person, but she was supposed to be — she was a librarian, after all.


Sarah Beth Durst, Out of the Wild

segunda-feira, 11 de abril de 2011

"Como escrevem os escritores?" por João Ventura

Mais uma ilustração do genial Fernando Vicente.



Como escrevem os escritores? Por que territórios da escrita se aventuram para deixar visíveis os rastos no papel? E a que instrumentos recorrem para gravar a consternação do mundo?
 
Primeiro, há a página em branco que é a praia onde se derrama a escrita. E que pode ser, também, a figura atrás da qual se escondem os rostos dos escritores. Muitos escrevem na banal folha A4 espécie de praia comum e sem surpresas, pronta a ser apagada pela subida da maré, que é como quem diz, a ser jogada no cesto dos papéis sempre que a corrente da escrita segue um curso diferente daquele que o escritor procura.
 
Mas a praia, qualquer praia de papel, nunca é virgem, a areia da página já foi percorrida de uma ou outra maneira e a sua geografia condiciona a inscrição da escrita. A lápis, com caneta de tinta permanente, com esferográfica ou, mecanicamente, utilizando a máquina de escrever, ou a tecnologia do computador, o suporte da escrita condiciona a sua inscrição.
 
Heidegger desconfiava da técnica, da máquina de escrever: «A máquina de escrever arranca a escrita ao domínio essencial da mão, ou seja, da palavra». Outros evocam a máquina de escrever como instrumento de escrita a contra-relógio. «Veio-me à memória um [filme] onde um escritor que não tinha dinheiro encontrava o lugar ideal para escrever, a sala de dactilografia da cave biblioteca da Universidade de Austin. Ali, em filas ordenadas, havia uma dúzia de velhas Remington ou Underwood que se alugavam por dez centavos a meia hora. O escritor metia a moeda, o relógio começava o seu tiquetaque enlouquecido, e o escritor punha-se a escrever como um selvagem para acabar o seu conto antes que o tempo se esgotasse» (in Doutor Pasavento, Enrique Vila-Matas). Nesse tempo havia ainda alguma intimidade entre os escritores e as máquinas de escrever, que até tinham nomes de gente: Remington, Olivetti ou de deuses, como Hermes, o deus das mensagens. Eram nomeáveis e fiáveis, à medida do nosso desejo. Delas, disse Clarice Lispector que «O ruído baixo do teclado acompanha directamente a solidão de quem escreve». Talvez por isso, Álvaro Mutis continue, ainda, a escrever na mesma Smith Corona onde inventou Maqrol.
 
Hoje, os computadores, que têm nomes metálicos, baniram as máquinas de escrever, instaurando uma modalidade de escrita sujeita a margens, barras, menus, ferramentas, conexões, links… que tolhem errância na praia deserta da página, deixando-nos mais sós. Ou talvez não. Para Bragança de Miranda, o seu computador «é uma selva de heterónimos, um drama em máquinas», por isso, estima-o como se fosse a «última máquina». Mas se é verdade que por culpa do computador as máquinas de escrever já quase desapareceram, as ferramentas que são uma espécie de extensão da mão – o lápis e a caneta – resistem, deixando os seus rastos em qualquer folha de papel.
 
Como Hermann Hesse que escrevia nas costas de folhas de calendário, em facturas, em provas tipográficas, anúncios, sem fazer esboços ou correcções. Ou Novalis que em folhas limpas desenhava belas iniciais como se pretendesse imitar as iluminuras medievais, aventurando-se num romance fragmentário. Ou Hemingway e Bruce Chatwin que escreviam em cadernos moleskine. Ou Robert Walser que escreveu a lápis 526 «microgramas» em folhas separadas: envelopes, margens das folhas dos jornais, formulários oficiais, etc., autênticos labirintos de escrita que levaram vinte anos a ser decifrados e foram recentemente editados em duas mil páginas com o título Território do lápis (para quando a sua edição em Portugal?). Ou Robert Musil cujo fogo da escrita só verdadeiramente incendiava o papel no momento da correcção das provas tipográficas. Ou Jack Kerouac que, num ritmo alucinante alimentado a café e ao som do jazz improvisado, como se fosse um Proust «só que mais rápido», como ele gostava de afirmar, dactilografou Pela Estrada Fora num parágrafo único, sem pontuação num rolo de trinta e seis metros de comprimento que o próprio manufacturou juntando 13 folhas de papel com três metros de comprimento cada uma, coladas com fita-cola e recortadas depois para que pudessem entrar na máquina. «Um único e magnífico parágrafo, de vários quarteirões, rodando, como a estrada em si», disse Allen Ginsberg. Ou Alexander Kluge que escreve, primeiro, num caderno escolar e só depois trancreve para o computador onde redistribui capítulos. Ou António Lobo Antunes que continua a escrever em folhas de prescrição médica do hospital Miguel Bombarda. Ou, numa situação extrema, Vila-Matas que numa viagem de avião, tendo esquecido o diário em casa, transformou o saco higiénico da Ibéria num rascunho de ideias destinadas a uma crónica espasmódica.
 
Eis como sempre se escreveram os livros, sujeitos às várias modalidades de deambulação pelos territórios do papel, por geografias secretas cujo itinerário o escritor persegue e onde grava com ferramentas pessoais a memória do mundo.
 
 
Bonito texto escrito por João Ventura em O leitor sem qualidades.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor 2011

O cartaz deste ano é da autoria do artista plástico e ilustrador



O Ministério da Cultura, através da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB) e de acordo com determinação da UNESCO, assinala o dia 23 de Abril, dia de S. Jorge, como o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. A alusão à data é feita através de um cartaz sugestivo da importância do livro e da leitura.

A data foi escolhida para honrar a tradição catalã [dia de Sant Jordi ] e aniversário do santo em que os cavaleiros ofereciam às suas damas uma rosa vermelha recebendo, em troca, um livro. É altura, ainda, para homenagear a obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos nesse dia.

Nesta data, é habitual promover-se também um passatempo que de alguma forma se relacione com uma iniciativa ou efeméride do ano em causa.

Para 2011, a DGLB está a promover o passatempo “Voluntários da Leitura”, incentivando o voluntariado a nível de projectos concebidos para populações em situação de isolamento ou de exclusão social. Pretende-se, assim, chamar a atenção para a importância do livro e da leitura, mostrando que eles melhoram significativamente as condições de vida das populações.

Havendo já alguns projectos de voluntariado em leitura a decorrer no país, sobretudo em hospitais, estabelecimentos prisionais e lares de terceira idade, muitos haverá ainda por criar. A ideia é motivar os cidadãos para o voluntariado, cruzando este acto de solidariedade com a importância que a leitura pode ter na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Saiba mais AQUI.






quinta-feira, 7 de abril de 2011

Para pintar um pássaro faz um poema



Para fazer o retrato de um pássaro




Pinta primeiro uma gaiola
com a porta aberta
pinta a seguir
qualquer coisa bonita
qualquer coisa simples
qualquer coisa bela
qualquer coisa útil
para o pássaro
agora encosta a tela a uma árvore
num jardim
num bosque
ou até numa floresta
esconde-te atrás da árvore
sem dizeres nada
sem te mexeres...
Às vezes o pássaro não demora
mas pode também levar anos
antes que se decida
Não deves desanimar
espera
espera anos se for preciso
a rapidez ou a lentidão da chegada
do pássaro não tem qualquer relação
com o acabamento do quadro
Quando o pássaro chegar
se chegar
mergulha no mais fundo silêncio
espera que o pássaro entre na gaiola
e quando tiver entrado
fecha a porta devagarinho com o pincel
depois
apaga uma a uma todas as grades
com cuidado não vás tocar nalguma das penas
Faz a seguir o retrato da árvore
escolhendo o mais belo dos ramos
para o pássaro
pinta também o verde da folhagem a frescura do vento
a poeira do sol
e o ruído dos bichos entre as ervas no calor do verão
e agora espera que o pássaro se decida a cantar
se o pássaro não cantar
é mau sinal
é sinal que o quadro não presta
mas se cantar é bom sinal
sinal de que podes assinar
então arranca com muito cuidado
uma das penas do pássaro
e escreve o teu nome num canto do quadro.


Jacques Prévert / trad. Eugénio de Andrade

Fonte: PNL

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mulheres belas, famosas e leitoras / Beautiful, famous women and...books


Julia Roberts, Kirsten Dunst...ui, relembram-me o nome das outras duas, por favor?

Desconheço o nome do fotógrafo autor desta imagem.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O poema de um ex-soldado americano / The poem of a former american soldier

Um soldado americano inspecciona livros deixados pelos alemães (1944).



What Are You Doing?


What are you doing, where are you going, what is your five-year plan?
We cannot help you without knowing, then we will understand.


Where are you going, what are you doing, what is your five-year plan?
Handing me a flag, they sent me off to war, and said you'll come back a man.


Where am I at, what am I doing, what is my five-year plan?
Crippled children, burning villages, walking with blood on my hand.


Where are you going, where have you been, what is your five-year plan?
I've been to hell to fight your war, and now I'm back again.


Where are you going, what are you doing, what is your five-year plan?
I'm wiping this blood on your political white shirt, so you will understand.


What are you doing, where are you going, what is your five-year plan?
To heal the suffering I have caused, on my journey to become a man.



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