Jeanne Mammen
"Os sistemas de pirâmide mais conhecidos são os financeiros, mas existem
também redes semelhantes para trocas de livros. Pode-se entrar com um
livro e ganhar 36.
O sistema da pirâmide é um método já conhecido que permite entrar com
pouco e sair com muito. Este sistema costuma ser utilizado para
(tentar) ganhar dinheiro, mas agora anda a circular uma versão com
livros. O esquema é simples: seis pessoas enviam um livro por
correio a alguém e, em troca, recebem 36 livros sobre o tema de sua
preferência.
Estas “árvores dos livros” começaram a criar
burburinho nas redes sociais em 2015, altura em que começaram a
circular mensagens como esta: “Estou à procura de seis pessoas de
qualquer idade que queiram participar numa troca de livros. A única
coisa que é preciso fazer é enviar um livro (não necessariamente novo,
mas em bom estado) a uma pessoa por correio. Como resultado receberão 36
livros da temática que vos interesse (sim, leste bem, 36). Comentem se
estão interessados para mandar-vos as instruções por mensagem privada.”
Os números podem parecer estranhos, mas este é um sistema piramidal como outro qualquer.
Para obter resultados é necessário recrutar novos membros que, por sua
vez, também recrutem outros tantos elementos para o grupo. Os sistemas
não são novos e o seu resultado é sempre o mesmo: mais cedo ou mais
tarde acabam sempre por falhar: as únicas pessoas que conseguem tirar
proveito são as que entraram primeiro para o esquema, estando por isso
no topo da pirâmide.
A única diferença desta pirâmide para as que
funcionam com dinheiro é que as pessoas que as criam são, provavelmente,
mais bem-intencionadas. Passam a maior parte do tempo a gerir
mensagens, comentários e queixas dos membros da cadeia, muitas vezes sem
receber nada em troca (quando muito 36 livros). Estas redes que antes
eram administradas por via postal, agora são organizadas na internet em
comunidades online muito ativas. Isto permite que o recrutamento seja
muito mais simples. Muitas das vezes os elementos não têm que fazer
grandes esforços para divulgar a iniciativa e é a própria administração
do grupo que trata de criar correspondência com novos membros que se
mostrem interessados em participar no esquema.
Mas, à medida que o
esquema vai progredindo, torna-se cada vez mais difícil angariar novos
membros. Porque, a partir de certo ponto, o número de membros
necessários para alimentar esta cadeia ultrapassa a população mundial.
Como se explica neste esquema:
Nível 1: (que não dá livros a
ninguém ou pode fingir que já está dentro de uma cadeia e oferecer um
livro a alguém da sua preferência)
Nível 2: 6 pessoas
Nível 3: 36 pessoas
Nível 4: 216 pessoas
Nível 5: 1.296 pessoas
Nível 6: 7.776 pessoas
Nível 7: 46.656 pessoas
Nível 8: 279.936 pessoas
Nível 9: 1.679.616 pessoas
Nível 10: 10.077.696 pessoas
Nível 11: 60.466.176 pessoas
Nível 2: 6 pessoas
Nível 3: 36 pessoas
Nível 4: 216 pessoas
Nível 5: 1.296 pessoas
Nível 6: 7.776 pessoas
Nível 7: 46.656 pessoas
Nível 8: 279.936 pessoas
Nível 9: 1.679.616 pessoas
Nível 10: 10.077.696 pessoas
Nível 11: 60.466.176 pessoas
Quem entra na corrente quando
ela já vai no nível 7, precisa que entrem 1.679.616 novos membros e que
cada uma dessas pessoas envie um livro para poder receber alguma coisa.
Isto porque não se recebe os livros do nível seguinte, mas sim de dois
níveis depois. No nível 14 é preciso que participem mais de treze mil
milhões de pessoas – mais que população mundial. Este limite pode ser
atrasado se se diminuir o número de novos membros necessários mas,
inevitavelmente, chega sempre a altura em que o sistema se torna
incomportável.
Estes mecanismos são aliciantes pela sua
simplicidade e vão continuar a existir, mas é preciso ter atenção, já
que esta estrutura só funciona nos primeiros níveis e são mais as
pessoas que perdem que as que ganham. E as que ganham fazem-no à custa
de todos aqueles que não receberam nada".