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domingo, 5 de agosto de 2012

Os políticos eleitos pelo povo...


...acabam sempre por devorá-lo!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Relvas, o homem-lapso e relapso

"A troika bem avisou que um dos problemas mais graves do país era a dificuldade de despedir gente na função pública. O mais provável é que todo o povo português se demita antes de Miguel Relvas".

É mais uma crónica de Ricardo Araújo Pereira sobre o actual bobo da nação, fonte de inspiração para muitas e boas anedotas.

Leia na integra AQUI.


 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ainda o caso Relvas: "Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona"



Exmo. Reitor.
Foi com grande satisfação que soube que a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao Dr. Miguel Relvas em apenas 14 meses, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Sempre sonhei com o alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi "encurtado por equivalências reconhecidas" (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional.

É dentro desse mesmo espírito que vinha agora solicitar igual tratamento para a minha pessoa. Embora seja licenciado pela Universidade Nova com uns simpáticos 17 valores, a verdade é que o curso levou--me quatro anos a concluir e o Jornalismo anda pela hora da morte. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da universidade, venho por este meio requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família numerosa), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 15 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de dez anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor.

Respeitosamente,
João Miguel Tavares



Por João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sobre e contra a austeridade, aqui fica a ironia



"Parece que a austeridade não está a produzir os resultados previstos pelo governo. A culpa, como é evidente, não é da austeridade nem do governo. A austeridade foi muito competente e o governo previu bem. A culpa é do povo português, que tem sido austero com a austeridade.

Diz a lenda que um general romano do século I ou II antes de Cristo terá escrito uma carta ao imperador com a seguinte queixa: "Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa nem se deixa governar." Ou o general era pouco perspicaz ou o povo mudou muito: o talento dos habitantes da parte mais ocidental da Ibéria para se deixarem governar foi celebrado há dias pelo seu principal governante, quando elogiou a extrema paciência do povo português. É possível, no entanto, que Passos Coelho se tenha precipitado. Obrigados a auferir remunerações mais baixas e a pagar impostos mais altos, os portugueses reagiram com maldade: deixaram de gastar dinheiro. Porque o não têm - é a desculpa esfarrapada que apresentam. Mas essa impertinência está a arruinar o país. Para não pagarem impostos, não consomem; como não consomem, as empresas fecham; como as empresas fecham, o desemprego aumenta. Feitas as contas, o governo recebe menos e gasta mais do que pretendia. Se o povo fosse generoso com a austeridade (uma perífrase para parvo), teria saído à rua para fazer um investimento importante em impostos, adquirindo produtos e serviços sobretaxados. No entanto, os portugueses preferiram adoptar um comportamento mesquinho e forreta. Percebendo que, devido à teimosia do povo, o plano está a falhar, o governo decidiu rever radicalmente as suas políticas e apresentar uma alternativa à austeridade: mais um pouco de austeridade".

Leia mais desta crónica de Ricardo Araújo Pereira AQUI. O destaque a negrito é da minha responsabilidade.


Ler mais:

"Miguel Relvas concluiu a primária em 15 minutos enquanto lanchava e via o Tom Sawyer"


A malta ri-se...que havemos nós de fazer para além de estudar e trabalhar a sério...

Fonte: Pikamiolos no Facebook

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ricardo Araújo Pereira: "Procurem a poesia no desemprego"


O desemprego ilustrado por Jon Keegan.


E  a crónica desta semana de Ricardo Araújo Pereira para a revista Visão:

Quando Pedro Passos Coelho reconheceu que o nível da carga fiscal, no nosso país, é insuportável, mostrou a todos que a direita também pode ser sonhadora. Que pode ambicionar ir além do possível, rejeitar o espartilho do realismo e tornar viável aquilo que, à primeira vista, parece não passar de uma fantasia. O primeiro-ministro admite que a carga fiscal é insuportável, mas não é por isso que deixa de pedir aos portugueses que a suportem. Suportem o insuportável, diz ele. Passos Coelho descobriu uma utopia na nossa algibeira.

Acaba por ser reconfortante que, em tempos de crise, um chefe de Governo faça sonhar o povo e adopte um discurso em que a política se deixa permear pela poesia. A política não é boa, e a poesia também não, mas não há dúvida de que uma anda a permear a outra. Além de deverem suportar o insuportável, os portugueses são incentivados a olhar para o desemprego como uma oportunidade. Os rústicos que olhavam para o desemprego como desemprego devem estar bem envergonhados. Pois que façam também desse embaraço uma oportunidade: procurem a poesia no desemprego. E, como sonhar não custa dinheiro, sigamos o exemplo de Passos Coelho e descortinemos oportunidades em todas as desgraças. Porquê ficar apenas pelo desemprego? Os acidentes rodoviários são uma oportunidade para trocar de carro. Os incêndios são uma oportunidade para organizar uma grande churrascada com amigos. As cheias são uma oportunidade para fazer um passeio de barco bem romântico. E a cadeia é uma oportunidade para descansar e descobrir novas sensações no duche.

O desemprego talvez seja a oportunidade mais promissora, e por isso aquela que o Governo mais acarinha. Parece que certas empresas estão a preparar oportunidades colectivas. A indemnização por despedimento tende a desaparecer. A única formalidade a cumprir cabe ao trabalhador despedido, que deve dirigir-se ao seu ex-empregador para lhe agradecer a oportunidade. Depois de beneficiar dessa oportunidade, deve aproveitá-la para empreender e inovar. A maior parte dos desempregados reduz estas actividades ao mínimo, e limita-se a tentar empreender uma ou duas refeições quentes por dia e inovar pagando contas para as quais não tem dinheiro. O problema é que a oportunidade do desemprego esgota-se na eventualidade, felizmente remota, de o desempregado encontrar emprego. Nessa altura, perdeu a oportunidade. E, embora não mereça, talvez deva receber nova oportunidade, até para animar a sua vida. O ideal é manter-se desempregado, estado em que se mantém permanentemente a aproveitar a oportunidade. É possível que haja quem não aguente e morra. Mas a morte, não sei se já adivinharam, é uma oportunidade. Para fertilizar a terra, por exemplo. É aproveitar, portugueses.

sábado, 12 de maio de 2012

Ó Tuga, tira o hífen!

Zé Pedro Cobra, advogado e humorista fala No TEDCascais sobre a crise e a forma "tuga" de a encarar:



domingo, 13 de novembro de 2011

A cultura dos povos por Agostinho da Silva




"Os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno".

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Diz "pentelhos" ou "pintelhos"? É que "sendo a mesma coisa, é bastante diferente".

"José Sócrates fez uma sugestão que só pode ser classificada como antidemocrática. Quando pede uma campanha sem brejeirices está, na verdade, a apelar ao fim da campanha. A menos que se tenha um vocabulário particularmente vasto, é quase impossível descrever o estado a que o País chegou sem recorrer a brejeirices. Conheço lexicógrafos que não conseguem".

Leia AQUI toda a crónica de Ricardo Araújo Pereira (Revista Visão, 26 de Maio de 2011)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O primeiro contacto técnico do FMI


"Hotel Tivoli? Daqui, do aeroporto, é um tiro... Então o amigo é o camone que vem mandar nisto? A gente bem precisa. Uma cambada de gatunos, sabe? E não é só estes que caíram agora. É tudo igual, querem é tacho. Tá a ver o que é? Tacho, pilim, dólares. Ainda bem que vossemecê vem cá dizer alto e pára o baile... O nome da ponte? Vasco da Gama. A gente chega ao outro lado, vira à direita, outra ponte, e estamos no hotel. Mas, como eu tava a dizer, isto precisa é de um gajo com pulso. Já tivemos um FMI, sabe? Chamava-se Salazar. Nessa altura não era esta pouca-vergonha, todos a mamar. E havia respeito... Ouvi na rádio que amanhã o amigo já está no Ministério a bombar. Se chega cedo, arrisca-se a não encontrar ninguém. É uma corja que não quer fazer nenhum. Se fosse comigo era tudo prà rua. Gente nova é qu'a gente precisa. O meu filho, por exemplo, não é por ser meu filho, mas ele andou em Relações Internacionais e eu gostava de o encaixar. A si dava-lhe um jeitaço, ele sabe inglês e tudo, passa os dias a ver filmes. A minha mais velha também precisa de emprego, tirou Psicologia, mas vou ser sincero consigo: em Junho ela tem as férias marcadas em Punta Cana, com o namorado. Se me deixar o contacto depois ela fala consigo, ai fala, fala, que sou eu que lhe pago as prestações do carro... Bom, cá estamos. Um tirinho, como lhe disse. O quê, factura? Oh diabo, esgotaram-se-me há bocadinho".

De Ferreira Fernandes para o DN em 13 de Abril de 2011 

Muuuito bom!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

"O poeta funcionário que dá nomes a coisas importantes"

"Num cubículo bafiento de um Ministério Secreto há um funcionário meticuloso que dá nomes a coisas do Estado. Podia ser um pequeno poeta, mas é apenas um homem que dá nomes a grandes coisas".




Boa prosa a do Pastor Pelejão, do blogue Três Pastorinhos, num texto publicado em  22 de Fevereiro de 2011. Aqui fica:


Desconfio que tudo é obra do Sr. Teixeira.

Diligente e poético Sr. Teixeira, um génio nos corredores plúmbeos dos ministérios que recorrem aos seus serviços de bico-de-pato afiado (o bico, não o pato).

O Sr. Teixeira é um daqueles lisboetas românticos e melancólicos que perscruta o céu dos decrépitos edifícios pombalinos como quem vislumbra pela primeira vez um quadro de Rubens e as suas ninfetas rosáceas e repolhudas de celulite.

De manhã, pela fresca, bebe a religiosa bica escaldada numa leitaria da Baixa, antes de caminhar a trote funcionário sobre os seus sapatos luzidios, de brio gasto, como os sonhos que se dissipam no esbanjar dos dias.

De ombros curvados e olhar de burocrata-forçado, o Sr. Teixeira cumprimenta com um aceno bovino o porteiro do ministério que cinge o polegar à pala, aborrecido e ignaro à pequenez ministerial do Sr. Teixeira.

Mas ali vai uma alma poética, embrulhada no fato de camurça de quatro estações e num nariz aduncado e lacrimoso de rinites, ali vai uma dor de poesia, um estribilho da solidão, da angústia, da ausência, do amor.

Ali vai um pungente lírico, como todos os maus poetas portugueses. Todos grandes na sua pequenez alada.

Figura microscópica na grande ordem das coisas ministeriáveis e talento poético apagado como uma beata no cinzeiro da indiferença, o Sr. Teixeira tem, no entanto, uma missão da mais altíssima importância para a Nação e quiçá, para a humanidade.

Sentado no seu cubículo bafiento no Ministério das Nomeações, em frente à velha secretária do tinteiro centenário, seco como as ideias de um político palavroso, o Sr. Teixeira, no seu anonimato amargo, vai dando expressão singela à sua verve poética, à sua inclemente verborreia de palavras declamáveis.

A poesia a uso da Nação. O Sr. Teixeira, qual O´Neill dos socorros a náufragos, é quem dá o nome às coisas públicas. Ali na sua escrivaninha-pia-baptismal nascem o nome das grandes coisas do Estado.

O nome dos altos-comissariados distribuídos a granel entre a corja esfaimada dos favores, é ele que os dá.

O título dos cargos inúteis que ornamentam a vaidade dos seus titulares, é ele que os dá.

É ele que dá também o nome às operações policiais que varrem o país de lés-a-lés, não dando descanso ao pilha-galinhas e ao carteirista, nem ao autarca corrupto ou ao banqueiro das traficâncias.

Com a pena inspirada do Sr. Teixeira, os polícias, os magistrados os inspectores encontram um desígnio, uma Cruz de Cristo que os guie na sua cruzada contra o Reino da Trafulhice Organizada que é Portugal.

"Operação Furacão" foi momento de inspiração meteorológica, gravado no coração do poeta-funcionário pelo tufão Katrina. Uma investigação que teria o mesmo efeito na alta finança mafiosa que o Katrina teve em Nova Orleãs. Devastador.

Não é culpa do Sr. Teixeira que depois a investigação acabe com falta de ar, de meios, de vontade, de tempo. Não é por culpa do Sr. Teixeira que o "Furacão" termine em apneia.

Também não é culpa do Sr. Teixeira que a belíssima Taxa Robin Hood, de clamor poético, benigno, justiceiro e igualitário, sirva apenas para o nosso Sheriff de Nottingham cobrar mais uns impostos, sem benefício plausível para os pobres.

O Robin Hood português rouba indiferenciadamente aos ricos e aos pobres, e enche os cofres do Estado. Não é Robin Hood, é mero gatuno. Mas disso, o Sr. Teixeira não tem culpa.

O Sr. Teixeira só dá o nome às coisas da Nação, mas não tem culpa de elas serem como elas são.

Se o Sr. Teixeira soubesse para que serve a Taxa Robin Hood, talvez lhe tivesse dado o mais apropriado nome de Taxa Benny Hill.

O que o Sr. Teixeira gostava mesmo era dar nomes às estrelas, aos planetas, às flores e aos rafeiros abandonados num canil pulguento.

Mas, como todos nós, o Sr. Teixeira tem de ganhar a vidinha, mesmo que ela seja má, anónima e indigna de nomeação. Se tivesse de nomear a própria vida, o Sr. Teixeira, chamar-lhe-ia "Operação desperdício".

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eu também sou da "geração-escrava": "Que parva que eu sou!" cantam os Deolinda

"Que parva que sou" é o nome da nova música dos Deolinda. O tema pretende ser um hino contra a crise e a precariedade a que estão sujeitas as novas gerações.

O grupo "mostrou" a nova canção nos concertos que deu na semana passada no Coliseu do Porto  e no Coliseu de Lisboa.
"Para ser escravo é preciso estudar" - é bem verdade nos dias de hoje.




Muito, muito bom!

Via Jornal Expresso

terça-feira, 10 de agosto de 2010

"O que há num nome?" - Um Shakespeare e dois Sócrates

"O que há num nome?", perguntou Shakespeare pela boca de Julieta - prática que, a propósito, parece ser extremamente anti-higiénica. Uma rosa, dizia a rapariga que, certamente por perfeccionismo, primeiro fingiu matar-se e só depois se matou mesmo, teria igual beleza e o mesmo cheiro caso tivesse outro nome. É verdade. Se a rosa se chamasse, digamos, bidé, seria igualmente bela, por muito que pudesse ser um pouco embaraçoso oferecer a alguém um lindo ramo de bidés. Mas o Bardo refletiu apenas acerca do objeto que, mudando de nome, mantém as características. Por esquecimento ou preguiça, não se debruçou sobre os objetos que, tendo características diferentes, partilham o mesmo nome. Por exemplo, o que há num Sócrates? Será possível que dois Sócrates diferentes encontrem, no entanto, o mesmo destino? Não deixa de ser inquietante que Julieta não tenha colocado esta questão a Romeu, tendo preferido entreter-se com considerações sobre rosas. Mais sobra para nós, amigo leitor, meditarmos.

O que começa por ser curioso na comparação entre o Sócrates grego e o Sócrates português é o facto de as próprias diferenças os aproximarem. Repare: o Sócrates grego nunca disse ser sábio. Ao Sócrates português, até lhe atestaram a sabedoria ao domingo...

Excerto da última crónica de Ricardo Araújo Pereira para a revista Visão. Leia na íntegra AQUI. 

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Os filhos são uma riqueza mas os pais, em Portugal, estão cada vez mais pobres!

Rahim Baggal Asghari,
cartoonista iraniano


Que o diga eu que sou mãe de três filhos pequenos!!!

E que passo quase diariamente pela obra megalomana do novo Museu dos Coches. Sou bibliotecária, logo vivo da e para a Cultura mas não percebo como se estão a gastar milhões do NOSSO dinheiro para as "charretes" quando não temos creches suficientes para os nossos filhos.

Como não há vagas nas creches estatais e não podendo ficar em casa com eles porque não se sustenta um agregado familiar de cinco pessoas com apenas um salário, temos de pagar uma mensalidade upa upa (no meu caso, três mensalidades).

Oh Sócrates, não vejo razões para se congratular!!!  Não é porreiro pá!


"Ter filhos faz toda a diferença. As famílias com crianças a cargo são muito mais atingidas pela pobreza do que as que não têm prole, mostra um estudo ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que analisou os rendimentos de 2008.



Por outro lado, a taxa de pobreza geral nacional recuou para 17,9% do total. Vários observadores dizem que tudo isto vai piorar pois o inquérito do INE ainda não conta com a recessão de 2009, nem com as sombras recentes que voltaram a pairar sobre a economia e o mercado de trabalho. A desigualdade extrema também está a aumentar.


Desde 1995, pelo menos, que a disparidade entre a pobreza das famílias com filhos e as outras não era tão elevada, mostra o estudo. Os agregados com filhos, sobretudo os que têm dois ou mais, estão a ser cada vez mais fustigados pelo fenómeno da pobreza. Ser pobre, diz o INE, é quando um adulto residente no país tem de viver com 4969 euros por ano, cerca de 414 euros por mês.


Já se sabia que com filhos tudo pode ficar mais difícil. Os encargos são maiores. Mas nunca nos últimos 14 anos a penalização foi tão grande como agora. Isso mesmo contamina a taxa de natalidade que está cada vez mais baixa. De acordo com o INE, em 2009 nasceram 99,5 mil bebés, um mínimo de muitos anos e a taxa de natalidade (crianças nascidas por cem habitantes) caiu para 9,4. Por isso, quem tem filhos fá-lo cada vez mais tarde. Também aqui a tendência é para protelar essa decisão.


As estimativas mais detalhadas do INE mostram, por exemplo, que as famílias que decidem ter apenas uma criança até registam um retrocesso no indicador da pobreza. Mas, à medida que a prole aumenta, a situação torna-se mais delicada e o risco de pobreza sobe de forma inequívoca: sobe uma décima (para 20,7% do total no conjunto dos agregados com um casal e duas crianças e aumenta dramaticamente (de 31,9% para 42,8% do total) no caso dos casais com três crianças ou mais.


Ontem, na Assembleia da República, o primeiro-ministro, José Sócrates, congratulou-se pelo facto de, no que respeita à pobreza e às desigualdades, os números serem hoje os menores desde 1995. Mas esse será um facto extraordinário, tendo em conta a quebra prevista do rendimento disponível e o agravamento estrutural do desemprego".

Excerto de notícia publicada hoje no ionline.

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