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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Quem é um diplomata? / Who is a diplomat?

An-He

"A diplomat is a man who always remembers a woman's birthday but never remembers her age". 

Robert Frost

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Uma menina com um livro...uma mulher com o seu amante...um texto de Clarice Lispector


s.id.



Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". 

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Não há espaço para a mediocridade na literatura / I dread mediocrity in books





"Most of all I dread mediocrity: a book should either be very good or very bad, but, for its life, not mediocre. Mediocrity is something quite unpardonable."

Fyodor Dostoevsky, de uma carta para Apollon Nikolayevitch Maikov

sábado, 7 de maio de 2016

"Ela era fascinada pelas palavras" / "She was fascinated with words"


Maurice Millière (1871–1946)



"She was fascinated with words. To her, words were things of beauty, each like a magical powder or potion that could be combined with other words to create powerful spells".



quinta-feira, 21 de abril de 2016

Tu cresces com cada livro que lês / "You are taller with every book you read"


Não será verdade no seu sentido literal visto que, por esta altura, eu já devia ter pelo menos o tamanho de um jogador de basquetebol em vez dos meus modestos 1,56m! :)

domingo, 3 de abril de 2016

10 razões para leres mais / 10 reasons why you need to start reading more

Kristin Kest


Reading has so many amazing benefits. In some cases, reading can make you more successful. Here are 10 reasons why you need to start reading more today.

#1 It’s a source of inspiration
There is nothing more inspiring than a good autobiography. Reading about the challenges and successes of others can be a real motivator. This inspiration can help spur you on to reach those goals.

# 2 Help with relaxation
For career girls to be successful striking the right balance between work and downtime is essential. Switching off from social media and taking time to curl up with a book can be so relaxing. Unwinding properly will ensure you are well rested and ready to face the upcoming challenges that lie ahead.

#3 It expands your vocabulary
Reading new and interesting material will certainly broaden your vocabulary. Your boss will be impressed when you have nailed that tricky presentation with interesting and unique descriptions.

#4 Your knowledge will increase
Reading makes you smarter. Taking in extra information by reading a wide range of books, journals and industry magazines will boost your intelligence. This is a massive plus for career girls.

#5 Help to focus
Reading takes patience and commitment. To read you must focus and avoid distractions. The ability to focus is highly beneficial for your working life. It will lead to increased productivity and help you smash that daunting to-do-list!

#6 You will be a better writer
It is necessary to read more to become a better writer. Reading on a regular basis will ensure those pitches and reports are succinct and polished. Everyone will be impressed. (...)


#7 It Assists with Problem Solving.
You will be more intelligent. Reading will make you more creative and innovative. Tricky issues and problems will be resolved much easier. You will face issues with a more analytical approach.

#8 Improved Memory
The brain is like every part of the body, it needs regular workouts to stay in shape. Reading will keep the mind sharp and improve the memory.

#9 Goal Setting
Reading often will assist with setting and achieving goals. It will drive you forward to meet targets and ambitions. Reading will benefit you massively by helping you plan goals and sticking to them.

#10 Increased Empathy
You will have an increased awareness of social situations. Being able to empathise better is a critical skill for success in business. Being able to identify and alleviate a potential client concern is a powerful trait.

Fonte: careergirldaily


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

"Ela era fascinada pelas palavras"/ "She was fascinated with words"





"She was fascinated with words. To her, words were things of beauty, each like a magical powder or potion that could be combined with other words to create powerful spells."


Dean Koontz

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

"Na leitura e na escrita encontramo-nos todos naquilo que temos de mais humano".



A escrita, ou a arte, para ser mais abrangente, cumpre funções que mais nenhuma área consegue cumprir. (...) Sinto que há poucas experiências tão interessantes como quando se lê um livro e se percebe "já senti isto, mas nunca o tinha visto escrito", procurar isso, ou procurar escrever textos que façam sentir isso, é uma das minhas buscas permanentes. Trata-se de ordenar, de esquematizar, não só sentimentos como ideias que temos de uma forma vaga mas que entendemos melhor quando os vemos em palavras. Trata-se também de construir empatia: através da leitura temos oportunidade de estar na pele de outras pessoas e de sentir coisas que não fazem parte da nossa vida, mas que no momento em que lemos conseguimos perceber como é. E isso faz-nos ser mais humanos. Na leitura e na escrita encontramo-nos todos naquilo que temos de mais humano.
José Luís Peixoto

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Os livros são grandes prendas / Books make great gifts




"Books make great gifts because they have whole worlds inside of them. And it's much cheaper to buy somebody a book than it is to buy them the whole world!"

Neil Gaiman

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Uma rapariga normal / A normal girl



"My darling girl, when are you going to realize that being normal is not necessarily a virtue? It rather denotes a lack of courage." - Aunt Frances
Alice Hoffman, "Practical Magic"

sábado, 29 de agosto de 2015

Vestir de preto / Wearing black



“I wear a lot of black, sure, but there are other elements to black that I adore beyond “goth.” One of my favorite ideas about wearing black comes from Japanese designer Yohji Yamamoto: “Black is modest and arrogant at the same time. Black is lazy and easy – but mysterious. But above all black says this: “I don’t bother you – don’t bother me”.”

Chelsea Wolfe, from an interview

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