"Nós é que não estamos prontos. Os objectos da nossa felicidade existem há dias, anos, talvez séculos; esperam que a luz se faça em nossos olhos para os vermos, e que o vigor chegue aos nossos braços para os agarrarmos. Eles esperam e espantam-se de há tanto ali estarem inúteis".
Marguerite Yourcenar, O Tempo Esse Grande Escultor
Incentivo da leitura e actividades lúdicas a crianças de 0 a 3 anos de idade: bebeteca e brinquedoteca uma oportunidade no desenvolvimento e hábito pela leitura
Alessandra Barros, Ana Paula Souza dos Santos
Publicado na Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.14, n.1, p.47-68, jan./jun., 2009.
Resumo:
O presente artigo vem ressaltar a importância dos espaços bibliotecas, bebeteca e brinquedoteca e os programas de leitura, como isso pode interferir no cotidiano das crianças principalmente na vida escolar. Ler para se tornar um ser humano com potencial, pois quem lê se expressa melhor, escreve melhor e se destaca dos demais. Esse artigo tem a intenção de despertar no público que interessar a importância de incentivar mais cedo pelo menos o hábito pela leitura, pois para quem não gosta ter pelo menos o habito. Pois o prazer da leitura se ensina.
Algumas passagens:
"A biblioteca pode e deve ser um auxílio à leitura. É possível resolver esse problema despertando mais cedo nas crianças o encanto e a importância de frequentar esse ambiente. Ao estar em contacto contribui para formar um conceito positivo desse espaço em nossa sociedade, uma vez que a biblioteca tem papel importante na disseminação do saber". p. 48
"Bebeteca é um local propício para crianças de oito a três anos iniciarem o primeiro contato com os livros. Um local pequeno, com livros adequados, almofadas pelo chão, com o objectivo de fazer com que as crianças se sinta bem, e a professora ou bibliotecária possa realizar, suas atividades da melhor maneira possível alcançando os objectivos desejados". p. 49
"A brinquetodeca (em Portugal o termo usual é Ludoteca) é um espaço para brincar, onde osprofessores podem integrar a teoria a prática, pois podem analisar as crianças enquanto brincam, pesquisando os brinquedos ou criando novos jogos e brincadeiras, assim surge à possibilidade de valorizar as actividades lúdicas no trabalho pedagógico". p. 57
Artigo brasileiro, publicado na Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.14, n.1, p.27-46, jan./jun., 2009. De Daiana Lindaura Conti, Maria Carolina Carlos Pinto e Delsi Fries Davok.
Resumo: "Este artigo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e tem o objetivo de apresentar o perfil do bibliotecário empreendedor. Nessa linha, busca caracterizar o bibliotecário empreendedor, discorrendo sobre a sua atuação em organizações e como profissional autônomo e empreendedor de seu próprio negócio. Pode-se constatar que o campo do empreendedorismo nas áreas da biblioteconomia e da gestão da informação é vasto e que existem inúmeras oportunidades para os bibliotecários empreenderem. Todavia, são necessárias mudanças nos perfis desses profissionais, que precisam cada vez mais ter visão multidisciplinar, agregando continuamente novas competências e habilidades para que assim estejam aptos a competir no mercado de trabalho".
Da maneira que isto anda...precisamos de muitos! CHAMEM O POETA, por Dilan Camargo Está torta a recta?
Chamem o poeta. Não se alcança a meta?
Chamam o poeta. Querem desvirtuar o asteca?
Chamem o poeta.
A multidão se inquieta?
Chamem o poeta.
A plateia é selecta?
Chamem o poeta.
Algum mal nos afecta?
Chamem o poeta. O Governo decreta?
Chamem o poeta. A conta é secreta?
Chamem o poeta.
O tubo não excreta?
Chamem o poeta.
A dama é discreta?
Chamem o poeta.
O actor não interpreta?
Chamem o poeta.
O corrupto se locupleta?
Chamem o poeta. Não adiantou a dieta?
Chamem o poeta. Ninguém segue a seta?
Chamem o poeta.
O avô renega a neta?
Chamem o poeta.
O menino caiu da bicicleta?
Chamem o poeta.
Conflito burguês X proleta?
Chamem o poeta.
O lixeiro não faz colecta?
Chamem o poeta.
Não sai a eleição directa?
Chamem o poeta. Chamem o poeta.
Se um for pouco
chamem um enxame. Não importa que mais chamem
do que amem o poeta.
Chamem o poeta!
Chamem o poeta! Mais poemas de Dilan Camargo aqui.
Texto deMiguel Esteves Cardoso sobre as mulheres, com cães e gatos à mistura. Com a irreverência que já se espera dele: Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo - mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes. Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores. Nos vintes, fica-se com a certeza. Nos trintas, aprende-se a disfarçar. Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se. Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim. Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo ou vaidade ou estupidez. Geralmente as três coisas. Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu. Começou logo com a minha linda e maravilhosa mãe, cuja superioridade - que condescendia, por amor, em esconder de vez em quando - tem vindo a revelar-se cada vez mais. As mulheres são melhores e estão fartas de sabê-lo. Mas, tal como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade. Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar. Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos. Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo os vai levar à escravatura vil. Isto não é conversa de engate. É até um tira-tesões. Mas é a verdade. E é bonita.
Miguel Esteves Cardoso, texto publicado no Jornal Público em 8 de Março de 2009.
Quatro quadros, quatro livros do pintor realista iraquiano Iman Maleki. E uma leitura, a minha:
Há nestas pinturas uma tristeza, uma desolação, um olhar triste, as olheiras em volta dos olhos de expressão doente...em cada quadro parece que o livro é a janela ou o esconderijo para a fuga possível...
Dois bonitos poemas de João Manuel Firmino que não quer que se saiba que é poeta.
Não digas a ninguém que sou poeta
Meu amor Não digas a ninguém que sou poeta Os poetas são homens que sofrem muito E eu sou feliz
Meu amor Não digas a ninguém que escrevo poemas As poesias têm palavras complexas e sinuosas Mas as minhas são ingénuas e vêm do coração
Meu amor Não digas a ninguém que sou poeta Os poetas vivem na Lua ou em Marte, Mas eu estou aqui e serei sempre teu poeta Para te amar com toda a minha arte.
1977
Não digas a ninguém que fui poeta
Meu amor, Não digas a ninguém que fui poeta E que te levei centenas de pétalas de palavras Embrulhadas em ramos de giesta
Os poetas são criaturas de fantasia Mas eu sou de carne e osso E tenho a força do aço e a leveza da ardósia
Meu amor, Não digas a ninguém que fui poeta E que me perdi dentro da floresta
Os poetas são criaturas que vivem em outro Universo Alheadas do nosso mundo… alienadas no seu verso Eu habito na Terra que me viu nascer e encontro-me em ti.
Meu amor, Nunca digas a ninguém que fui poeta E que padeci mil tormentos de coisa nenhuma
Os poetas são criaturas tão patetas Mas eu não sou mais que nada Um simples cantar, no raiar da manhã.