O novo livro de António Lobo Antunes, “Que Cavalos são Aqueles que fazem Sombra no Mar?”, foi apresentado no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa. O escritor fez uma série de alusões e citações que vale a pena reter:
"Depois de afirmar que “é muito difícil falar de um livro” e de citar o seu falecido amigo José Cardoso Pires, que dizia que nenhum escritor gostava de falar sobre o que escrevera, Lobo Antunes tentou, embora admitindo: “Há ali uma parte que me escapa”.
Falou de um verso de Ovídio que sempre o obcecou e continua a obcecar - “Lentos, lentos ide, ó cavalos da noite” - do seu quadro preferido, “As Meninas” de Velásquez, e de uma frase de Einstein citada pelo pianista Alfred Brendel: “É preciso fazer as coisas o mais simplesmente possível mas não mais simplesmente do que isso”.
Observou, depois, que “a arte é a nossa única hipótese de vitória sobre a morte”. “Daí o medo que existe da arte - é que ela contém em si uma outra forma de olhar para as coisas, que nós recusamos. Então, é muito tranquilizador as telenovelas, aquilo a que chamam ‘literatura light’, que não sei o que é... todas essas formas de expressão de sentimentos que nos impedem, de facto, de entrar no íntimo de nós”, referiu.
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António Lobo Antunes anunciou a intenção de “continuar a viver com a orgulhosa humildade” com que sempre tem vivido e concluiu com uma frase de Newton: “Não sei o que o futuro pensará de mim. Sempre me imaginei uma criança a brincar na praia, que às vezes encontra um seixo mais polido, uma conchinha mais bonita, enquanto o grande oceano da verdade permanece intacto à minha frente”.
Bonita citação a de Newton! É tão fácil distrair-mo-nos e lutarmos por grãos de areia ignorando miseravelmente a imensão da verdade maior!
E defendo a simplicidade às vezes tão difícil que Einstein defende (é tão fácil cair nos buracos da complicação!).