sábado, 20 de fevereiro de 2010

Uma leitura dolorosa: A Estrada de Cormac McCarthy

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Estou a ler A Estrada de Cormac McCarthy, um best-seller que ganhou o prestigiado Pulitzer Prize, um livro muito bem escrito mas penoso de se ler. Apesar de difícil, doloroso, por estarmos perante um mundo pós-apocalipse em que um cataclismo impreciso devastou a terra, o ambiente, os animais, a humanidade e a civilização, onde tudo se resume a cinzas, devastação, frio, fome e cansaço, teimamos em acompanhar um homem e o seu filho na sua viagem épica. Em direcção ao Sul, onde não sabem o que vão encontrar ou se há sequer algo digno de ser encontrado.



Porquê? Porque a relação entre pai e filho, cada um a vida um do outro, enche o livro. Ainda que os diálogos sejam curtos e até pontuais, a economia das palavras simples mas bem seleccionadas parece conseguir condensar a intensidade da relação entre os dois e de ambos perante a situação limite em que sobrevivem.



A história de uma viagem que não é assim tão improvável num futuro relativamente próximo, o que torna mais dolorosa a leitura.



O confronto com o canibalismo e a barbárie é brutal.



O filme está agora nos cinemas mas ainda não fui ver. Decerto Viggo Mortensen estará à altura desta intensa personagem.



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mário Crespo dorme com ‘t-shirt' onde se lê: "Eu ainda não fui processado pelo Sócrates"


O jornalista Mário Crespo mostrou na comissão parlamentar a t-shirt que a empresa Cão Azul enviou há alguns meses para vários jornalistas. Vejam o vídeo:



Saibam mais aqui.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Expresso e EU no País das Maravilhas atrás do coelho "very british".

Eu gosto é do coelho...deve ser por também ter um problema com horários! :)))




A poucas semanas da estreia do filme de Tim Burton, "Alice no País das Maravilhas", o Expresso lança agora uma colecção de quatro livros baseada em duas grandes obras do autor Lewis Carroll - "As aventuras de Alice no País das Maravilhas" e "Alice do outro lado do espelho".

Estes livros são ilustrados com quadros propositadamente desenvolvidos para este projecto pelo artista plástico Diogo Muñoz. Além do texto original, todos os livros contam com comentários do escritor e cronista Miguel Esteves Cardoso.


Saiba mais AQUI.


Já agora, fiquem sabendo que se eu desatasse a correr como se não houvesse amanhã atrás de um coelho branco "very british" com óculos para a miopia e relógio de bolso, e ainda na mais remota  possibilidade de me enfiar por um buraco atrás dele, preferia cair num abismo destes:


Como diz a minha filha, "é bué da fixe"!

Paris, Google: o romance.



A evolução de uma história de amor que se adivinha apenas através das pesquisas no Google. Brilhante enquanto narrativa!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Poema do amor furtivo

O desejo a impele ao encontro do amante
O receio a detém por um momento
Parece a seda de um estandarte
Que ora se abandona ora se furta ao vento




OS CINQUENTA POEMAS DO AMOR FURTIVO e outros poemas eróticos da Índia antiga (introdução e versões de Jorge Sousa Braga)


Fonte: Assírio e Alvim, o site e o blogue

Oh, o coração da Assírio e Alvim!

(cliquem para aumentar)

Fonte: Assírio e Alvim, o site e o blogue

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

6 livros, 6 autores lusófonos, 6 euros...nada mau!



A revista VISÃO vai lançar, a partir de dia 4 de Fevereiro, uma colecção de seis livros de alguns dos mais talentosos e conceituados autores de países de língua portuguesa. Angola, Moçambique, Guiné, Brasil, Cabo Verde e Portugal são os países de origem dos autores, através da língua portuguesa, aproximam três continentes separados pela distância.
O primeiro livro será do autor Mia Couto com romance "A Varanda de Frangipani". Segue-se Pepetela, Chico Buarque, Germano de Almeida, Filinto Barros e José Cardoso Pires. Cada livro será vendido com a revista, por apenas mais € 1.





Datas de lançamento:
4 de Fevereiro - Mia Couto - A Varanda do Frangipani
11 de Fevereiro - Pepetela - Parábola do Cágado Velho
18 de Fevereiro - Chico Buarque - Estorvo  
25 de Fevereiro - Germano de Almeida - Dois Irmãos  
Dia 4 Março - Filinto Barros - Kikia Matcho
Dia 12 Março  - José Cardoso Pires - O Hóspede de Job
Fonte: Visão

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O meu género de clube do livro


Os cartoons de Harold's Planet são um espectáculo!

Louvado seja Deus pelas insónias de amor!



Quando estou contigo, ficamos acordados toda a noite. 

Quando não estás comigo, não consigo adormecer.

Louvado seja Deus, por estas duas insónias!

E pela diferença entre elas.


Rumi, in «QUAL É A MINHA OU A TUA LÍNGUA? - Cem poemas de amor de outras línguas» (organização de Jorge Sousa Braga)



«Esta colectânea de poemas é o resultado da colaboração anónima de muitos amigos reais e imaginários. Todos eles escolheram um poema de amor (numa língua que não a portuguesa) que, por uma ou outra razão, gostariam de ter escrito. Não é (nem pretendia ser) uma antologia dos mais belos poemas de amor. Acaba, no entanto, por ilustrar as diversas faces, da simples declaração, à reverberação, passando pela reflexão sobre a substância do amor. Levanta ainda uma questão pertinente: existirá um poema de amor moderno?»

Jorge de Sousa Braga, na introdução a este livro.

Fonte: Assírio e Alvim no Facebook

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Crepúsculo, Lua Vermelha e outros vampiros: apetecíveis ou tótós? Sobretudo rentáveis.



Os vampiros de hoje são mais complicados, pensam demais, têm dilemas morais...uma chatice...antes fincavam o dente e pronto!!!

Acerca da Saga Crepúsculo, composta por quatro bestsellers de Stephenie Meyer, fala-se da pornografia da abstinência...eu falaria antes do erotismo da contenção...que não é de todo desagradável.

O que é certo é que a moda pegou. Há amantes de cabidela por todo o lado como bem o diz Ricardo Araújo Pereira, na sua crónica desta semana para a Visão:


Ao que parece, alguém se enganou com o seu ar sisudo e lhes franqueou as portas à chegada: os vampiros estão em todo o lado. Na literatura, no cinema, na televisão, aparecem vampiros a toda a hora. Saiu uma antologia portuguesa de contos com vampiros, há filmes e livros estrangeiros cheios de vampiros, e quase todos os programas de televisão incluem um vampiro: nas telenovelas, lá está um vampiro; nas séries juvenis, lá está um vampiro; nas conferências de imprensa do ministro das Finanças, lá está um vampiro.
Por que razão abandonaram os vampiros a Transilvânia e vieram povoar o resto do mundo? Por uma razão artística muito forte: porque vendem. Aparentemente, o público do início do século XXI tem um interesse sem precedentes pelos vampiros - o que, diga-se, não é fácil de perceber. Os vampiros são um monstro que não inspira particular terror. São, no fundo, um monstro totó. Gostam de sangue, mas isso também os apreciadores de cabidela, e eu não tenho medo deles. Não podem apanhar sol, como as crianças que têm a pele leitosa. Têm medo de alhos, que é das fobias mais maricas que uma pessoa pode ter. E morrem se lhes espetarem uma estaca de madeira no coração. Olha que idiossincrasia tão gira. Ao contrário do que acontece com o resto de nós, os vampiros não duram muito se lhes empalarem o coração. De resto, é um facto que desejam morder-nos o pescoço, o que não deve ser agradável. Mas, se o conseguirem, transformam-nos em vampiros imortais. Que transtorno tão grande. Um monstro que, se não tivermos cuidado, nos dá a vida eterna. Há religiões que, a troco de muito dinheiro, não oferecem metade. Por mim, não me importo de ficar com os caninos um pouco maiores se é esse o preço a pagar para viver para sempre. Nem precisam de me prometer a eternidade: perante a perspectiva da morte, até aceito ficar com a dentição da Teresa Guilherme se me derem mais duas semanas de vida.
O mais surpreendente nestes vampiros modernos é o modo como a adaptação aos tempos actuais os tornou ainda menos assustadores. Apaixonam-se com muita facilidade por raparigas humanas, o que lhes agrava as olheiras. Desenvolveram uma ética que não lhes permite fincar o dente em qualquer pescoço para saciar a fome. São monstros certinhos, que querem comportar-se como deve ser para terem uma vida social igual à das outras pessoas. São uma espécie de diabético que, em vez de tomar a injecção de insulina de vez em quando, toma um sucedâneo de sangue. Não são monstros, são pessoas doentes que querem fazer uma vida normal. É aborrecido. Os vampiros da minha infância andariam por aí a morder pescoços indiscriminadamente. A estes, só lhes falta que a ASAE apareça a proibi-los de sugar artérias em restaurantes. Bananas.
Mais uma vez hilariante! 



"Eles comem tudo, desde que não tenha alho", publicado no site da Visão em 4 de Fevereiro de 2010.





domingo, 31 de janeiro de 2010

Biblioteca: nem todos estão lá para ler.


Fonte: O bibliotecário anarquista

Um Amor, um poema de Nuno Júdice


Um Amor

Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão, 
puxaste-me para os teus olhos 
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua, 
ainda apanhámos o crepúsculo. 
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar 
diferente inundava a cidade. Sentei-me 
nos degraus do cais, em silêncio. 
Lembro-me do som dos teus passos, 
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas, 
e a tua figura luminosa atravessando a praça 
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é, 
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali, 
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha 
essa doente sensação que 
me deixaste como amada 
recordação. 
Nuno Júdice, in "A Partilha dos Mitos" 

Boas leitoras, quero dizer... leituras! :)

Este post deve ser do agrado do público masculino. :)

Eu, por mim, gosto das cores. :)))

(cliquem para aumentar as imagens)

Pinturas de Eric Wallis.

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