sexta-feira, 20 de julho de 2012

Anedotário sobre Relvas por Ricardo Araújo Pereira


:D

Leitura, comunicação e solidão / Reading, communication and solitude


Helene Schjerfbeck (1862-1946)


"Reading is that fruitful miracle of a communication in the midst of solitude"
Marcel Proust

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ainda o caso Relvas: "Carta aberta ao reitor da Universidade Lusófona"



Exmo. Reitor.
Foi com grande satisfação que soube que a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao Dr. Miguel Relvas em apenas 14 meses, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Sempre sonhei com o alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi "encurtado por equivalências reconhecidas" (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional.

É dentro desse mesmo espírito que vinha agora solicitar igual tratamento para a minha pessoa. Embora seja licenciado pela Universidade Nova com uns simpáticos 17 valores, a verdade é que o curso levou--me quatro anos a concluir e o Jornalismo anda pela hora da morte. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da universidade, venho por este meio requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família numerosa), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 15 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de dez anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor.

Respeitosamente,
João Miguel Tavares



Por João Miguel Tavares (jmtavares@cmjornal.pt)

Os livros como "tecnologia de transferência de imaginação"




"Os livros podem parecer nada mais do que palavras numa página, mas eles são realmente uma tecnologia de transferência de imaginação infinitamente complexa, que traduz estranhos rabiscos de tinta em imagens dentro de sua cabeça"
Jasper Fforde, escritor inglês

quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Sou de vidro": um poema de Lídia Jorge


 

Sou de vidro

Meus amigos sou de vidro
Sou de vidro escurecido
...
Encubro a luz que me habita
Não por ser feia ou bonita
Mas por ter assim nascido
Sou de vidro escurecido
Mas por ter assim nascido
Não me atinjam não me toquem
Meus amigos sou de vidro

Sou de vidro escurecido
Tenho fumo por vestido
E um cinto de escuridão
Mas trago a transparência
Envolvida no que digo
Meus amigos sou de vidro
Por isso não me maltratem
Não me quebrem não me partam
Sou de vidro escurecido

Tenho fumo por vestido
Mas por assim ter nascido
Não por ser feia ou bonita
Envolvida no que digo
Encubro a luz que me habita

Lídia Jorge


terça-feira, 17 de julho de 2012

Verdadeiramente artístico / Truly artistic




"I tell you the more I think, the more I feel that there is nothing more truly artistic than to love people."
Vincent Van Gogh

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A pequena leitora de Zhang Biao / Small girl reading by Zhang Biao


Ando semi-viva!

Depois de ler isto concluo que sou uma espécie de morta-viva! Bolas! Tenho que fazer por mudar algumas coisas na minha vida mas não é tão fácil como parece, sobretudo quando a nossa vida não é só nossa. Há mais pessoas afectadas pelas minhas decisões. E se arriscar não for apenas um acto de coragem mas também de egoísmo? "Easier said than done!"


Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"

E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias
queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,

Recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!

 Pablo Neruda

sábado, 14 de julho de 2012

A ouvir The Lumineers, "Ho Hey"


Muito "alto astral" esta música. Boa para o Verão.

A idade no espelho / Age and mirrors



O Espelho

Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.

...
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.

A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos.


 Mia couto, "Idades, cidades e divindades", Editora Caminho, 2007.






Pinturas de Francine Van Hove.


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