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terça-feira, 27 de julho de 2010

A inflamação epidémica dos portugueses: a Portugalite



Entre as afecções de boca dos portugueses que nem a pasta medicinal Couto pode curar, nenhuma há tão generalizada e galopante como a Portugalite. A Portugalite é uma inflamação nervosa que consiste em estar sempre a dizer mal de Portugal. É altamente contagiosa (transmite-se pela saliva) e até hoje não se descobriu cura.


Miguel Esteves Cardoso, in A Causa das Coisas


(Pasta Medicinal Couto, 1950s)


Pois, nada fala da cura contra as Portugalites... É pena.


(Esta imagem foi retirada do blog Ilustração Portuguesa, que reproduz revistas portuguesas antigas. Precioso).



segunda-feira, 26 de julho de 2010

Comer bem, beber bem, LER bem...

«Num país onde se liga tanto ao "comer bem" e ao "beber bem", porque é que os amigos e familiares não começam a preocupar-se com quem não lê? Porque é que não se há-de dizer "Ela não anda bem, sabes? Ultimamente, tem estado a ler muito mal...". E já agora diga-se do país inteiro. Por alto, na diagonal, como quem treslê...»



Miguel Esteves Cardoso, in A Causa das Coisas
 
 
Via Assírio & Alvim

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Rui Zink responde a 5 perguntas sobre como aprender a ser escritor



É possível aprender a ser escritor, ou seja, é possível estudar para sê-lo? Há "técnicas" para isso?



R. Z.: É possível aprender e apreender técnicas, tal como é possível aprender a tocar piano ou a pintar ou a dançar. Naturalmente que dar o passo extra depende de algo que não se pode ensinar e que a pessoa tem ou não em bruto dentro dela. Mas o treino, a técnica e a teimosia ajudam, e não há artista digno desse nome sem nenhuma destas três coisas.



Qual é o seu primeiro conselho a um aspirante a escritor?


R. Z.: Ler e copiar, copiar muito. E, já agora, viver.




Concorda com o apelo à concisão de Saul Bellow? Onde termina uma narrativa literária concisa e começa uma listagem de frases ligadas por um mesmo tema?


R. Z.: Boa questão. Obviamente o apelo de Bellow tem uma batota: ele fê-lo depois de ter escrito prolixos calhamaços. Mas a busca da palavra exacta parece-me tão aconselhável como a busca da nota certa. Senão somos como aquele aluno a quem o professor pediu quanto eram 2+2 e que responde 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, e fica espantado por chumbar, já que deu a resposta certa.



Um escritor principiante deve ousar experimentar novas estruturas narrativas ou deve ater-se às consagradas pela literatura?


R. Z.: E porque não ambas? Com peso e medida umas vezes, sem peso nem medida outras.



Ter um "estilo próprio" é coisa a acalentar como virtude ou é um vício de escrita a combater?


R. Z.: É um objectivo a acarinhar. Mas não serve de nada pensar muito nisso. Ou se chega ou não se chega. Só é escritor, para mim, quem alcança uma voz própria.



Excerto de uma entrevista concedida pelo escritor à revista brasileira Samizdat, em 15 de Outubro de 2008.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cinco citações de Rui Zink sobre a escrita



1. Os escritores não podem cair na armadilha de dizer o que acham que o leitor quer ouvir – isso é tarefa de político.



2. “Qual o sentido do dito ‘ler é escrever, escrever é ler’?” A leitura é um prolongamento, por letras, de um acto que fazemos desde o nascimento até à morte: ler o mundo, ler os sinais, unir os pontos no desenho, não para atingir o desenho que o autor imaginou, mas um outro, sempre um outro.
 
3. A escrita é íntima, a publicação não. Se acho que uma pessoa tem talento para cantar, aconselho-a tentar gravar um disco, pois é simpático partilhar. Além de que, publicando e tendo eco (aplausos, bombons, dinheiro), a pessoa tem incentivo para trabalhar mais e crescer.



4. Tal como eu não posso pintar a cor verde com tinta vermelha, também não posso imaginar sem ser a partir da pessoa que sou e fui. O que somos é a matéria-prima a utilizar, mas obviamente que é apenas o trampolim, não o salto. E todos nós já lemos livros em que tivemos a percepção de que o escritor não fazia ideia do que estava a falar e nos soaram a falso, não é?



5. Um autor é livre de escrever sobre o que quiser com o seu tempo livre. E uma pessoa não escreve sobre o que quer, escreve sobre o que pode. Há assuntos sobre os quais eu gostava de versejar, mas sinto/sei que não consigo. Felizmente, com sorte, aparece sempre alguém que o faz melhor.



Retiradas da entrevista do escritor à revista brasileira Samizdat, em Outubro de 2008.

Agradeço a João Miguel Alves (no Facebook) a informação. :)

sábado, 17 de julho de 2010

Saiba como Saramago escreveu O Ano da Morte de Ricardo Reis

Em 1998, José Saramago entregou à Biblioteca Nacional um conjunto documental que incluia manuscritos de algumas das suas obras, incluíndo O ano da morte de Ricardo Reis (editado em 1984) que "quer pela importância do livro no contexto da produção literária saramaguiana, quer porque os materiais preparatórios, incluindo uma agenda de 1983 adaptada ao ano de 1936, permitem analisar a metodologia adoptada na elaboração dos seus romances, bem como as correcções e aperfeiçoamentos que introduzia nos dactiloscritos, ao tempo em que ainda utilizava máquina de escrever".

Sobre a agenda cito a referência bibliográfica da fantástica agenda:

Saramago, José, 1922-



[O ano da morte de Ricardo Reis : materiais preparatórios : agenda / José Saramago].-[1983].-[271] p. em 142 f. ; 21 x 14,4 cm


Nota(s): Autógrafo. - Agenda azul, de 1983, de capa dura, escrita a tinta azul, com riscados e sublinhados a marcador verde. Os dias da semana estão emendados pelo próprio autor, fazendo-a corresponder a uma agenda de 1936. Contém anotações diárias retiradas da leitura da imprensa da época, sobre a vida quotidiana e política : boletins meteorológicos, vencimentos de escriturários ou contínuos, a falta de carne em Lisboa, nomes de sabonetes e de produtos de cosmética, falecimentos de figuras da cultura portuguesa ou estrangeira, espectáculos de teatro ou musicais, com locais e preços, numerosas referências aos principais acontecimentos históricos ocorridos em Portugal, Espanha e também na restante Europa durante o ano conturbado de 1936, período em que decorre a acção do romance. A agenda tem junto 1 folha solta, pautada, com um esboço da Península Ibérica e algumas notas, bem como os duplicados de 4 senhas de leitura da Biblioteca Nacional, requisitando o autor para consulta, em Janeiro e Outubro de 1983, os periódicos «Diário de Notícias», «O Século» e «Ilustração», dos anos de 1935 e 1936.


BNP Esp. N45/6

O corpo documental que Saramago entregou à BN é composto por 210 documentos e  encontra-se integralmente digitalizado e disponível AQUI. Deixo também a hiperligação directa para a agenda e outros materiais preparatórios do romance O Ano da Morte de Ricardo Reis.

Um tesouro que achei através do blogue Babel/Livros do Mundo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rui Zink, sempre irreverente: a entrevista à Livros & Leituras

Aqui ficam excertos da entrevista que Rui Zink deu à Livros & Leituras (revista que eu gosto particularmente, agora com site muito apelativo):

"Ler torna-nos melhores, disso não tenho dúvida. O que não quer dizer que nos torne “bons”. Haverá sempre brutos, mas acho que um racista que leia, por exemplo, “A cor púrpura”, pode pensar duas vezes na sua tara. Ler implica empatia com as personagens, compreender os motivos dos outros, as suas paixões, as suas formas de estar na vida. Informa-nos, sem gritarias, que somos todos diferentes mas parte de um mesmo molde".

L&L – Diria que os livros são um território sagrado na era da Informação?

RZ – Bom, actualmente o templo está um bocado ocupado pelos vendilhões… Mas alguns livros (muitos, na verdade) ainda são um espaço de resistência à ditadura do esquecimento. Temos de viver o presente, mas viver só no presente é redutor, empobrecedor, estupidificante. A leitura, pela sua lentidão, recato, recusa do imediato, é um bom antídoto contra a voracidade do imediato. Ao contrário dos bois e das vaquinhas, nós vivemos em simultâneo no presente, passado e futuro, somos animais imaginativos. Mas andam a querer transformar-nos em ruminantes…

L&L – A irreverência, a ironia e o humor podem ser uma forma de arte, ou são apenas uma maneira de estar perante a vida e perante os outros?

RZ – Nem uma coisa nem outra, são instrumentos, parte do trabalho de escrever e da arte de viver. Sem elas tanto a literatura como a vida ficam mais pobres. Mas não são um fim em si, apenas componentes para melhor afinar o motor. Ajudam a ser-se livre, e aconselho a toda a gente o seu exercício moderado.
(...)
L&L – O medo de, muitas vezes, dizer abertamente o que se pensa é uma consequência da vida em sociedade. Acha que há censura ou autocensura por parte de alguns escritores?

RZ – Acho que há autocensura provocada por vários factores. Indico alguns: o desejo de sucesso leva a perseguir o gosto dos leitores, o medo de ser censurado (isto é, o jornal não fazer a criticazinha) leva-nos a lamber as botas aos difusores, as mudanças no modelo editorial podem mesmo levar a mudar estilo e temáticas. Este assunto é extremamente interessante, mas duvido que haja muito interesse em discuti-lo. A verdade é que os escritores não são diferentes das restantes pessoas: uma boa fatia não prima pela coragem nem pela independência.


L&L – “O escritor que gosto de ser e os que gosto de ler são os que colocam o leitor desconfortável”. Pode explicar esta sua afirmação?
RZ – Para dizer o que nós pensamos e dizemos já existem as telenovelas, formato conformista por excelência, mesmo quando os seus argumentistas são excelentes profissionais (e até capazes de, em livro, fazerem diferente). Um livro, como não depende da publicidade nem de rios de dinheiro, pode ir noutra direcção: a de levar o leitor “por mares nunca dantes navegados”. E é claro que à primeira uma pessoa estranha. É mais confortável ir ao meu café de bairro, onde vou todos os dias e já sei que sou bem tratado e comento o futebol com o sr. Abreu. Mas às vezes vale a pena ir até uma cidade desconhecida, onde temos dificuldade em perceber o que dizem, não reconhecemos as ruas, não conhecemos os costumes. Essa cidade tanto pode ser Paris como o Rio, Tóquio, Veneza, Bombaim ou Nova Marte. O que é melhor? Nunca sair do café do bairro ou ir de quando em quando visitar outras cidades, outros mundos, outros modos de dizer as coisas?"


Leia tudo AQUI.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"A homenagem a um Poeta que morreu é decorar-lhe os versos!"




ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA
1923-2010



Moimento



Puseram a bandeira a meia-haste
E decretaram luto na cidade,
Responsos, coroas, círios – quanto baste
Para iludir a eternidade.




Teve o nome nas ruas, em moimentos:
«Nasceu – morreu – tantos de tal – Poeta».
Houve discursos graves, longos, lentos.
- Venham todos os ventos
Do planeta!




Rasguem bandeiras, sequem flores; no céu
Se percam orações, paters e glórias
- Tudo isso é dor que não lhe pertenceu –
Destruam as estátuas e as memórias;
Que os discursos inúteis vão dispersos…



- A homenagem a um Poeta que morreu
É decorar-lhe os versos!



28 de Setembro 1949

domingo, 20 de junho de 2010

7 curtas citações e uma caricatura de José Saramago


Caricatura de Fernando Llera




"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".


"Os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem aos que vão ocorrendo, e o blog é isso, um sismógrafo".


"A única maneira de liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nada".


"Se não disseres nada compreenderei melhor [...], há ocasiões em que as palavras não servem de nada".


"A lucidez é um luxo que nem todos se podem permitir".


"As palavras proferidas pelo coração não tem língua que as articule, retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler".


"O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio".

Fonte: Pensador

A propósito da morte de José Saramago (1922-2010)


O privilégio de um escritor consagrado é as suas palavras continuarem a ser "ouvidas" mesmo depois de falecido. Alguns arranham mesmo o chão da eternidade: Ovídeo, Aristóteles, Platão, Homero...Camões, Shakespeare...Quanto tempo durará a imortalidade de José Saramago? Terá já feito as pazes com Deus?


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Há três espécies de mulheres neste mundo...


Stanislav Plutenko: a miragem pintada de uma mulher bonita.


"Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja e a mulher que se ama. A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração. Certas formas, certo ar voluptuoso, criam o desejo. O que produz o amor, não se sabe; é tudo isto às vezes; é mais do que isto, não é nada disto. Não sei o que é; mas sei que se pode admirar uma mulher sem a desejar, que se pode desejar sem a amar. O amor não está definido, nem o pode ser nunca. O amor verdadeiro..."


Almeida Garrett

sábado, 17 de abril de 2010

As rosas e as ervas daninhas do ímpar jardim humano português


«Os manuais de jardinagem explicavam que um jardim sem muro era mais propenso ao ataque das ervas daninhas. Com um muro alto, era mais difícil as sementes disseminarem-se pela acção do vento. Por outro lado, a sombra do muro impedia a proliferação dessas ervas que, por serem endémicas, preferiam o sol. Havia espécies de plantas ornamentais que se davam bem à sombra e os manuais aconselhavam o seu plantio. Nada disto, porém, era exacto. Apesar do muro, no jardim do sr. Lindolfo proliferavam os dentes-de-leão, as leitugas, as macelas e os beldros. Enquanto isso, as rosas, as petúnias e os amores-perfeitos, se não fossem constantemente vigiados, estiolavam.

O jardim humano, mesmo assim, era bem mais complexo. Os muros que a sociedade foi construindo para salvaguardar uma pretensa moral iam desabando. Nenhum herbicida, nenhuma monda seria capaz de expurgar os dentes-de-leão da sociedade. Simplesmente porque deixaram de ser considerados ervas daninhas. São ervas entre outras, com a sua especificidade, as suas características próprias, fruto dos mil caprichos da natureza.»



Esta é uma passagem de Jardim sem Muro, de José Leon Machado (2007), o último livro que li. Depois de ler A Estrada, estava a precisar de uma leitura mais leve e bem-humorada e achei-a nesta colectânea de contos. Trata da vida de personagens que nos parecem pessoas reais, mais ainda, familiares. Poderiam ser nossos vizinhos, colegas, "portugas" como nós. :) Sobretudo gente do norte, muitos emigrantes portugueses, alguns professores, algumas imigrantes brasileiras...

Neste livro não há deslumbres de linguagem, malabarismos linguísticos ou overdoses de recursos estilísticos. O escritor não se dispersa. Não há excessos. A escrita é enxuta e não há lugar para palavras supérfluas. (O que não é fácil de conseguir: aliás é esse o desafio do conto enquanto narrativa curta).

É a ironia que confere a estes contos o seu principal factor de atracção. É difícil suspender a  leitura  a meio de um conto: a expectativa inquieta e diverte. O travo irónico da escrita promete a recompensa e o sorriso que vem com o ponto final.

 
Conheça o Calheiros, pequeno empresário da construção civil, cinquentão atrevido que tenta seduzir uma jovem estagiária com idade para ser sua filha. No conto A Nova Gestora.

Em O Despiste, veja como o Mouta, emigrado na Suiça com a mulher e os filhos, vindo passar o Natal sozinho à terra natal, sucumbe a  um momentâneo acesso de fervor religioso entre duas idas à casa de alterne local.

Internautas é sobre as andanças de Lucas, funcionário de repartição de finanças que, aos 34 anos, apanhou o vício da Internet, dos chats românticos (será que detecto aqui um oxímoro?) e das visitas assíduas aos sites pornográficos. É numa dessas noitadas virtuais que conhece a Doidinha, fogosa brasileira, com quem inicia relação romântica e sexual transatlântica.

Quanto a Os Canalizadores, saiba que se o título do conto pode parecer banal e pouco literário, nas suas linhas vai encontrar o mito de Adão e Eva entre canos, tubos de cobre e PVC. :) 
Recomendo vivamente a leitura destes contos em cuja leitura encontramos a ironia que reconhecemos na vida.
 
"Jardim sem Muro é uma colectânea de dezanove contos. As personagens baseiam-se nalguns dos tipos da sociedade portuguesa actual, aparecendo vendedores de automóveis em segunda mão, comerciantes de tintas e vernizes, empreiteiros, serralheiros, canalizadores, carpinteiros, electricistas, professores do ensino secundário, funcionários das Finanças, estudantes de Psicologia, reformados, emigrantes, agentes de segurança, viciados na Internet, coleccionadores de selos e moedas, especialistas em ciências ocultas, frequentadores de casas de alterne e respectivas funcionárias. Os políticos, por evidente falta de utilidade na sociedade, são das poucas figuras com que o autor não perdeu tempo nem gastou papel. Os contos, escritos num tom divertido, deixam transparecer o sorriso sarcástico de Eça de Queirós e o piscar de olho malandro de David Lodge". (Edições Vercial).


quinta-feira, 23 de julho de 2009

"Cão como nós" de Manuel Alegre

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De Manuel Alegre, editado pela Dom Quixote:

"Cão Como Nós: Não era um cão como os outros. Era um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós".

Um livro sensível sem ser piegas. Para quem sabe o que é ter um membro canino na família (mesmo que comam livros! :) ) e amá-lo enquanto tal.

Manuel Alegre parece concordar com Anton Tchekhov (1860-1904) que afirmava: "Que grandes pessoas são os cães!"


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Ainda para amantes de cães e já agora também de gatos, Kovacs sugere Os melhores contos de cães e gatos. Aqui.

Este post é dedicado à minha cadela labrador, grande companheira!

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