Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Era uma vez a liberdade de escolha nas livrarias...
Era uma livraria que vendia um único livro. Havia 100 mil exemplares numerados do mesmo livro. Como em qualquer outra livraria os compradores demoravam-se, hesitando no número a escolher.
O livro enquanto objecto de gula e classificação
“…esclareço desde já que não uso chinó, lentes grossas nem fatos mal amanhados, estereótipo estafado da figura de bibliotecária, também conhecida por “the shhh people” expressão engraçada pela qual são (ou foram) chamados estes técnicos do livro. Falo de livros enquanto objectos e não necessariamente de leitura. Como poderão imaginar, os processos de tratamento de que os livros são alvo, nada têm de romântico: uma secretária cheia de obras à espera de serem classificadas, catalogadas e cotadas não se compadece com os prazeres da leitura nem com obras primas literárias. Dito de outra forma, um livro do Philip Roth leva exactamente o mesmo tratamento que um livro de receitas de sushi. Pode parecer injusto, mas é assim.
Estamos bem longe da ideia romântica da imagem da bibliotecária a namoriscar entre estantes de madeira, como Spencer Tracy e Katharine Hepburn no filme "Desk Set”, a loura Carole Lombard enroscada nos braços do Clark Gable em “No man of her own” ou uma Betty Davis destemida, no filme “Storm center” em pleno “mccarthismo”. Coisas de filmes a preto e branco, como os microfilmes.
Porque uma bibliotecária, a cores e na vida real, rodeada de códices, obras de botânica, estampas, mapas, romances ou de bases de dados em linha, com cheiro a livros de tinta fresca ou amarelados do tempo, procura, acima de tudo, fazer chegar o seu trabalho junto dos leitores o mais breve possível. Em vez da fantasia das metáforas, da sintaxe apurada da obra e da beleza da escrita, o bibliotecário suspira por um índice bem construído que lhe há-de ser de grande utilidade quando tiver que a classificar.
Para além dos livros que estão à nossa guarda, existem também aqueles que nos oferecem e não lemos, aqueles que vamos comprando e os nunca abrimos, aqueles que damos porque gostaríamos de os ler, aqueles que gostaríamos de ter e nunca compramos por serem caros, aqueles que começamos a ler duas, três vezes e nunca os acabamos, porque entretanto dois ou três outros vão entrando e têm os mesmo destino(1). Sem esquecer os livros que se compram com gula, por causa da capa, pelo retrato que lá está ou seduzidos pela badana, mesmo que o recheio seja, (e é tantas vezes) uma enorme desilusão. Como costuma dizer um amigo, com especial acerto, basta colocar as fotografias ou as imagens certas numa qualquer compilação de receitas de pudins em banho-maria para se tornar um estoiro de vendas.
Para além do seu valor literário, patrimonial ou estético, pouco se fala do livro enquanto objecto. Por mim, parece-me bem que cada um fale do que conhece e “classifique” como sabe.”
(1) "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante", de Italo Calvino
Maria Isabel Goulão (Bibliotecária) para o número de Fevereiro 2008 da Revista Atlântico
Fonte: Miss Pearls
Fernando Pessoa diluído nas cores de Sábat
Fernando Pessoa, o poeta que se desdobrava em vários fingidores, foi retratado pelas aguarelas do cartoonista uruguaio Hermenegildo Sábat. De forma soberba!
"A minha pátria é a língua portuguesa" dizia Pessoa e eu encontro nas suas palavras a minha verdade: é em português que penso, que verbalizo o que sinto, faz parte de mim, de quem sou e da forma como vejo e ouço o mundo.
E reconheço na poesia deste “fingidor” um hino à minha Pátria.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Saramago: a literatura alimenta mas não engorda
«Perhaps it can't do great things for the body, but the soul needs literature like the mouth needs bread.» disse José Saramago em entrevista ao The Independent.
A memória do real e a ficção...
Jorge Edwards [n. Santiago do Chile, 29 de Julho de 1931]
domingo, 17 de agosto de 2008
Livros de Verão
Adoro ler em qualquer altura do ano, do mês, do dia... mas as férias do Verão propiciam a escolha apetecida e cuidada entre aqueles livros que há muito ando para ler mas ainda não tive tempo, aproveitar a sesta dos miúdos para me refastelar a ler no silêncio de curta duração...
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
É um livro que prende o leitor...
Neste momento estou totalmente e positivamente presa ao livro de Isabel Allende, A Casa dos Espíritos.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Todos os homens são maricas quando estão com gripe
TODOS OS HOMENS SÃO MARICAS QUANDO ESTÃO COM GRIPE
Pachos na testa
Terço na mão
Uma botija
Chá de limão
Zaragotoas
Vinho com mel
3 aspirinas
Creme na pele
Dói-me a garganta
Chamo a mulher
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer
Mede-me a febre
Olha-me a goela
Cala os miúdos
Fecha a janela
Não quero canja
Nem a salada
Ai Lurdes, Lurdes
Não vales nada
Se tu sonhasses
Como me sinto
Já vejo a morte
Nunca te minto
Já vejo o inferno
Chamas, diabos
Anjos estranhos
Cornos e rabos
Vejo os demónios
Nas suas danças
Tigres sem litras
Bodes de tranças
Choros de coruja
Risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes
Que foi aquilo
Não é a chuva
No meu postigo
Ai Lurdes, Lurdes
Fica comigo
Não é o vento
A cirandar
Nem são as vozes
Que vêm do mar
Não é o pingo
De uma torneira
Põe-me a santinha
Á cabeceira
Compõe-me a colcha
Fala ao prior
Pousa o Jesus
No cobertor
Chama o doutor
Passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes
Nem dás por nada
Faz-me tisanas
E pão-de-ló
Não te levantes
Que fico só
Aqui sozinho
A apodrecer
Ai Lurdes, Lurdes
Que vou morrer.
Letra de António Lobo Antunes, de uma música do álbum Eu que me comovo por tudo e por nada, de Vitorino, editado em 1992. Com títulos tão sugestivos como Bolero do coronel sensível que fez amor em Monsanto, Canção para a minha filha Isabel adormecer quando tiver medo do escuro ou Fado da prostituta da Rua de Sto António.
Deixo também o
TANGO DO MARIDO INFIEL NUMA PENSÃO DO BEATO
Sem tempo para ter tempo
De ter tempo de te dar
O tempo que tu mereces
Prazeres em que tu morresses
Manhãs que não amanheces
E arrepios que estremeses
Na boca de te beijar
Fico sentado no quarto
Desta cama de pensão
Ausente, despido farto
Cansado dessas mulheres
Que ouvem sem me escutar
Que me olhem sem me ver
Que me amem sem saber
Que me roçam sem tocar
Que me abraçam sem paixão
Que ignoram que eu anoiteço
Que me emsombro que escoreço
Que me enrudo e envelheço
Me pragueio e apodreço
E a quem pago o que me dão:
Uma espécie de ternura
Uma imitação de amor
Lençóis que são sepultura
De carícias sem doçura
E dos meus lábios sem cor
Ai dedos no cabelo
Quero a minha raiva toda
Quero domá-la e vencê-la
Quero vivê-la ao meu modo
Até encontrar por fim
Aquela voz de menino
Há tantos anos perdida
Há tanto tempo esquecida
Em soluços dissolvida
A gritar dentro de mim.
ANTUNES, António Lobo. Letrinhas de Cantigas. Lisboa : Dom Quixote, 2002.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Super Bibliotecária, Super Mulher!
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Tantos livros para colher...
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Uma bibliotecária que faz sexo por ordem alfabética...
domingo, 20 de julho de 2008
sábado, 5 de julho de 2008
Está explicada a minha fome de livros...
A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhuma tela e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional
Umberto Eco
Está explicado porque é que às vezes tenho fome de livros e sou capaz de olhar sôfrega para uma capa ou para um sumário como uma criança gulosa, provavelmente sofrendo da tão falada obesidade infantil , olha para uma vitrine cheia de doces.
A propósito, odeio gomas tanto como odeio manuais de matemática aplicada. Intragáveis!
Erro 404: realidades alternativas
Não é possível apresentar a página
"De momento, a página que procura não está disponível"...blá,blá,blá...
É como bater com o nariz na porta! Quantas vezes tentamos aceder a um site e levamos com esta fórmula indesejada, muitas vezes insistente e irritante.
E se a realidade dos livros se confundisse com a da internet e o temível erro 404 fosse encontrado ao folhear uma das suas obras preferidas...