terça-feira, 24 de agosto de 2010

O filho dos livros

"Estava rodeado de livros. Nascera rodeado de livros.O pai, bibliotecário tomara a mãe de assalto entre livros, no silêncio de uma tarde distantíssima. A mãe era uma das mulheres que anotava, numa secretária junto da janela, os nomes daqueles que consultavam livros.O pai vigiava aqueles que consultavam livros.



Entre livros, a mãe teve dores; entre livros rebentaram-se-lhe as águas; entre livros pariu-o.



Entre livros cresceu, viveu, trabalhou. Não sabia de outra coisa senão de livros.



Os livros começaram a aborrecer-se do homem dos livros. E, um dia, todas as palavras soltaram-se em letras, as letras envolveram-no, as letras comeram-no em silêncio, em silêncio, em silêncio, no silêncio dos livros mudos."



Baptista-Bastos , 1993


Os meus sinceros agradecimentos a João Miguel Alves por me dar a conhecer este texto.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Há quem compre a sua tese mas e o orgulho pela missão cumprida onde fica?


Confesso que já fiz alguns trabalhos completos para amig@s aflitos por falta de tempo ou experiência. Tendo em conta que se trataram de episódios pontuais, não vejo que a ética, minha ou de quem ajudei, tenha saído amolgada. Até porque foi sempre por amizade e sem contrapartidas monetárias.

Sempre soube que há quem pague pelos seus trabalhos académicos, inclusivamente teses de licenciatura, pós-graduação, mestrado... Nos meus tempos de estudante universitária lembro-me dos anúncios à descarada afixados nos placards dos corredores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, anunciando a prestação destes serviços...perguntava-me que garantias davam estes senhor@s de competência para tal...sempre poderia acontecer que se pagasse uma fortuna por um trabalho medíocre...

Não me choca minimamente que se peça ajuda para uma pesquisa. No meu trabalho como bibliotecária/documentalista, faço pesquisas para terceiros todos os dias! Sei que o meu é um trabalho de retaguarda. A minha entidade patronal paga-me para isso mesmo (e mais, e mais) :).  Mas todo o processo de "digestão" da informação pesquisada fica por conta do utente: a selecção, a organização e a redacção do trabalho proposto.

O que me confunde é que quem se propõe obter determinado grau académico, levar a cabo um curso, estudar para saber mais e enriquecer competências pague para que outro lhe faça  a papinha toda, a tese final...onde fica o orgulho da missão cumprida, do objectivo alcançado por mérito próprio? Uma tese, apesar dos seus alicerces científicos, tem algo de profundamente pessoal e criativo!


Comprar uma tese pode custar 1500 euros. Um 'negócio' em crescimento na Internet


Um familiar de Teresa (nome fictício) precisava de fazer pesquisa para um trabalho universitário. Como ela estava desempregada, ele pediu-lhe para o ajudar a recolher informação nas bibliotecas. Teresa, que sempre gostou de fazer pesquisas, ajudou-o a elaborar o trabalho. "A partir daí pensei que podia fazer isto para fora", reconhece.


A venda de trabalhos académicos é um negócio em expansão. Mas não só. Ainda há dias, a Agência Nacional para a Qualificação reconheceu a existência de um mercado ilegal de venda de trabalhos no âmbito das Novas Oportunidades e até disse já ter denunciado casos ao Ministério Público.


Os alunos queixam-se de falta de tempo e optam por comprar os trabalhos, o que lhes pode custar até 1500 euros... e a validade dos diplomas . Na Internet há muitos anúncios que oferecem estes serviços. Para o professor universitário e sociólogo da Educação Almerindo Afonso, a prática revela um problema "ético" da sociedade.


Teresa avisa que não faz trabalhos completos. "Já me têm telefonado a perguntar se tenho teses feitas ou se as consigo fazer para o dia seguinte. Mas eu não faço os trabalhos por inteiro; só as pesquisas", conta. Aos 54 anos, dedica-se a este trabalho há dois e garante que não lhe faltam pedidos. Algumas pesquisas podem demorar quatro meses e custar 1500 euros.


Quem também não tem mãos a medir é Sandra, 35 anos. Há nove meses que faz teses, apresentações e monografias, e desde então já terminou dez trabalhos. "Só faço um de cada vez, mas alguns são mais exigentes e podem demorar meses", explica. Os estudantes pedem-lhe, ainda, para rever os seus textos. "Tenho muitos casos de pessoas que escreveram o texto todo, mas como não têm confiança pedem-me para rever e fazer correcções", admite. Para fazer a parte teórica, Sandra cobra 15 euros por página.


O desemprego levou também Catarina a vender trabalhos académicos no ano lectivo passado. A maioria das coisas que fez foram apresentações, principalmente para alunos de ciências. Este tipo de trabalho custava 60 euros.


O aumento da procura deste serviço é, para o professor da Universidade do Minho, "sinal da qualidade do sistema educativo, da falta de expectativas dos jovens e da desconfiança em relação aos diplomas". Ou seja, "querem o certificado e não fazem o curso pelo gosto de estudar. Isto faz com que usem estratégias mais pragmáticas para ter as coisas rápido".


O sociólogo diz que já apanhou trabalhos plagiados. "No mínimo, chumbam!" Mas até agora nunca se apercebeu de que o trabalho tivesse sido feito por outra pessoa.

Diário de Notícias em 23 de Agosto de 2010

Adoro este filme, a música ainda mais!

"...I don't want the world to see me
Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am"



Bonita montagem de cenas do filme Cidade dos Anjos com a música linda, linda dos Goo Goo Dolls, "Iris". O amor impossível entre um anjo e uma médica, que o leva a abdicar da sua eternidade. Ah, um pormenor delicioso: nesta história os anjos vivem em bibliotecas. :))

domingo, 22 de agosto de 2010

O romance de Ian McEwan: a única expiação possível para tamanha culpa é a escrita



Acabei de ler Expiação, Atonement na sua versão original, Reparação na versão brasileira. O autor é Ian McEwan. Como já não é a primeira vez que me acontece, foi o filme que me empurrou para o livro. Adorei o filme (Joe Wright, 2007). Após a leitura do romance, concluí que o filme consegue, recorrendo habilmente a flashbacks,  ser fiel ao livro. Tal não se revela fácil visto haver um jogo de perspectivas em que o mesmo acontecimento é visto essencialmente de duas maneiras diferentes: como realmente se passou e filtrado pelo olhar ingénuo e fantasioso de uma menina de 13 anos, Briony.



Em Expiação acompanhamos o emergir de uma relação latente amor-ódio entre Cecilia, a filha mais velha de uma abastada família britânica, e Robbie, jardineiro daquela propriedade e a quem foi facultada pelo patrão uma educação acima da sua esfera social.  

A vivência deste amor acaba por se revelar impossível de forma tragicamente injusta, minada pela perspectiva ingénua  e teimosa de Briony, a irmã mais nova de Cecilia, ao acusar Robbie, de um crime que ele não cometeu. Ao interpretar erradamente o que vê, Briony, inventa uma mentira que vai resultar na condenação de um homem inocente à prisão.

A eclosão da Segunda-Guerra Mundial vai dar contornos verdadeiramente trágicos a esta história de amor assim como um peso épico na culpa de Briony e nas consequências da sua irreparável mentira, de quando ainda era apenas uma criança.


A única expiação possível para tamanha culpa é a escrita, essencialmente este romance.



Sobre o livro importa ainda dizer:


O peso da injustiça e da tragédia, do amor por cumprir e da violência da guerra sente-se mais no livro, tornando-o mais triste que o filme. Há uma passagem em que Robbie caminha em direcção à casa e ao jantar em que o ponto de viragem acontecerá, sentido o gosto da liberdade e de todas as possibilidades de futuro que tem pela frente, quer em termos afectivos quer profissionais:

"Uma palavra encerrava tudo o que ele sentia e explicava por que recordaria com insistência aquele momento depois. Liberdade. Na vida e nos braços e nas pernas. (...) Agora, finalmente, com o exercício de sua vontade, sua vida adulta tivera início. Estava tecendo uma história em que ele próprio era o protagonista, e a cena inicial já causara um certo espanto em seus amigos. (...) Nunca antes tivera tanta consciência de sua juventude, nem experimentara tamanho apetite, tamanha impaciência, para que a história começasse logo". (pp. 50-51)



Umas horas depois, todas estas promessas de futuro estariam irremediavelmente perdidas... 
 

Esta menina de treze anos é a personagem mais fascinante do livro, assim como, vimos mais tarde a perceber, a narradora madura de toda a história. No último capítulo dirige-se ao leitor já como escritora assumida, nos seus 70 anos e doente.

Algumas das passagens mais notáveis vêm indiscutivelmente de Briony e dos seus devaneios precoces sobre a sua escrita:


"A maneira mais simples de impressionar Leon teria sido escrever uma história para ele, colocá-la em suas mãos e ficar olhando para ele enquanto lia. As letras do título, a capa ilustrada, as páginas encadernadas, amarradas — essa palavra por si só continha o fascínio daquela forma clara, limitada e incontrolável que ela deixara para trás ao decidir escrever uma peça. Uma história era algo direto e simples, que não permitia que nada se intrometesse entre ela e seu leitor — nenhum intermediário incompetente e cheio de ambições próprias, nenhuma pressão de tempo, nenhuma limitação de recursos. Na história era só querer, era só escrever e ter um mundo inteiro; numa peça era necessário utilizar o que estava disponível: não havia cavalos, não havia ruas, não havia mar. Não havia cortina. Agora que era tarde demais, a idéia lhe parecia óbvia: uma história era uma forma de telepatia. Por meio de símbolos traçados com tinta numa página, ela conseguia transmitir pensamentos e sentimentos da sua mente para a mente de seu leitor. Era um processo mágico, tão corriqueiro que ninguém parava para pensar e se admirar. Ler uma frase e entendê-la era a mesma coisa; era como dobrar o dedo, não havia intermediação. Não havia um hiato durante o qual os símbolos eram decifrados.

A gente via a palavra castelo e pronto, lá estava ele, visto ao longe, com bosques verdejantes..." (p. 22)



"Briony deu-se conta de que poderia escrever uma cena como aquela ocorrida junto à fonte e que poderia incluir um observador oculto, como ela própria. Imaginava-se agora correndo para seu quarto, pegando um bloco de papel pautado e sua caneta-tinteiro de baquelita marmorizada. Já via as frases simples, os símbolos telepáticos se acumulando, fluindo da ponta da pena. Poderia escrever a cena três vezes, de três pontos de vista; sua excitação era proporcionada pela possibilidade de liberdade, de livrar-se daquela luta desgraciosa entre bons e maus, heróis e vilões. Nenhum desses três era mau, nenhum era particularmente bom. Ela não precisava julgar. Não precisava haver uma moral. Bastava que mostrasse mentes separadas, tão vivas quanto a dela, debatendo-se com a idéia de que as outras mentes eram igualmente vivas. Não eram só o mal e as tramóias que tornavam as pessoas infelizes; era a confusão, eram os mal-entendidos; acima de tudo, era a incapacidade de apreender a verdade simples de que as outras pessoas são tão reais quanto nós. E somente numa história seria possível incluir essas três mentes diferentes e mostrar como elas tinham o mesmo valor. Essa era a única moral que uma história precisava ter.

Seis décadas depois, ela mostraria como, aos treze anos de idade, havia atravessado, com seus escritos, toda uma história da literatura, começando com as histórias baseadas na tradição folclórica européia, passando pelo drama com intenção moral simples, até chegar a um realismo psicológico imparcial que descobrira sozinha, numa manhã específica, durante uma onda de calor em 1935". (p. 24)


A ilusão de um final feliz.

 
Nota: A edição que li é a portuguesa, da Gradiva, no entanto as citações aqui apresentadas e a respectiva paginação são de uma edição brasileira disponível no Scribd.

Estudantes, licenciados, pós-graduados, mestres, doutores, situem-se!

Temos muito a cultura, a mania, a presunção e o preconceito dos "senhores doutores". "Doutor" não é um licenciado. É médico ou doutorado. Mas o que é exactamente um doutorado? Matt Might, professor de Ciências da Computação na Universidade de Utah define o conceito de forma simples, esquemática, gráfica.

Começa com um simples círculo:



Sempre que as aulas começam, eu explico para uma nova fornada de estudantes atrás de um título de doutorado o que isso realmente significa.



É difícil de explicar em palavras, então eu uso desenhos para me ajudar.

Imagine um círculo que contém todo o conhecimento humano:


Quando você completa o ensino básico, você sabe um pouco:



Quando você completa o ensino médio, sabe um pouquinho mais:



Com uma graduação no ensino superior, você sabe um pouco mais e ganha uma especialização:



Um mestrado te aprofunda naquela especialização:


Ler e estudar teses te leva cada vez mais em direção ao limite do conhecimento humano naquela área:


Quando você chega lá, você se foca:



Você tenta ultrapassar os limites por alguns anos:





Até que um dia os limites cedem:





Este pequeno calombinho de conhecimento que ultrapassou os limites é chamado de doutorado (Ph.D):





Agora, é claro, o seu foco no mundo é diferente:






Mas não esqueça da dimensão das coisas:


Continue ultrapassando os limites.



Muito, muito bom. E o último esquema ajuda-nos a manter humildes. "Só sei que nada sei" de Sócrates (o grego) continua a apresentar-se como uma brilhante conclusão. 



sábado, 21 de agosto de 2010

10 razões para ler os clássicos /10 Ways to Improve Your Mind by Reading the Classics

Gustave Courbet, A young woman reading,  1866-68



O texto está em inglês mas os clássicos não só são intemporais como universais...



10 Ways to Improve Your Mind by Reading the Classics


The other day I came across some disturbing statistics on reading. According to a Jenkins Group survey, 42% of college graduates will never read another book. Since most people read bestsellers printed in the past 10 years, it follows that virtually no one is reading the classics. Although it’s unfortunate that the intellectual heritage of humanity is being forgotten we can use this to our benefit. By reading the classics to improve your mind you can give yourself an advantage. These examples illustrate 10 ways reading the classics will help you succeed.


1. Bigger Vocabulary

When reading the classics you’ll come across many words that are no longer commonly used. Why learn words most people don’t use? To set yourself apart. Having a bigger vocabulary is like having a tool box with more tools. A larger arsenal of words enables you to express yourself more eloquently. You’ll be able to communicate with precision and create a perception of higher intelligence that will give you an advantage in work and social situations.



2. Improved Writing Ability

Reading the classics is the easiest way to improve your writing. While reading you unconsciously absorb the grammar and style of the author. Why not learn from the best? Great authors have a tendency to take over your mind. After reading, I’ve observed that my thoughts begin to mirror the writer’s style. This influence carries over to writing, helping form clear, rhythmic sentences.



3. Improved Speaking Ability

Becoming a better speaker accompanies becoming a better writer because both are caused by becoming a better thinker. Studying works of genius will teach you to express yourself with clarity and style. By improving your command of the English language, you’ll become more persuasive, sound more intelligent, and enjoy an advantage over less articulate people.



4. Fresh Ideas
 
Isn’t it ironic that the best source for new ideas are writers who’ve been dead for centuries? I’ve derived some of my best ideas directly from the classics. It makes sense when you consider the competition. Everyone you know is reading the same popular blogs and bestselling books. Observing the same ideas as everyone else leads to generic and repetitive thinking. No wonder it’s difficult to sound original! By looking to the classics for inspiration you can enhance your creativity and find fresh subject matter.



5. Historical Perspective

I could argue this point myself, but why bother if Einstein has already done it?

Somebody who reads only newspapers and at best the books of contemporary authors looks to me like an extremely nearsighted person who scorns eyeglasses. He is completely dependent on the prejudices and fashions of his times, since he never gets to see or hear anything else. And what a person thinks on his own without being stimulated by the thoughts and experiences of other people is even in the best case rather paltry and monotonous.

There are only a few enlightened people with a lucid mind and style and with good taste within a century. What has been preserved of their work belongs among the most precious possessions of mankind.

Nothing is more needed than to overcome the modernist’s snobbishness.

 

6. Educational Entertainment

Reading great books is fun. The key is getting past the initial vocabulary barrier. It’s actually less difficult than you think. Even challenging authors use a limited vocabulary. After the initial learning curve, you’ll find the classics as readable as modern books and infinitely more stimulating. Classics have endured because of entertainment value. There’s a reason filmmakers keep remaking old books — they have the best content.



7. Sophistication

If you’d like to excel in conversation, knowledge of the classics is essential. These are books that keep coming up. They’re a part of human history that isn’t going to disappear in 10 years like 99% of books on the bestsellers list. By reading the classics you gain a deeper appreciation of ideas generally taken for granted. Plus quoting Aristotle or Voltaire is a great way to win an argument.



8. More Efficient Reading


I just finished reading The Road by Cormac MacCarthy. It’s so good that it won the Pulitzer Prize. Afterwards I read the first few chapters of Lolita. I was shocked by Lolita’s superiority. Truly great books don’t come around every year. If you only read contemporary literature, you’re drawing from a diluted pool. Why not make the most of your reading time by finding the best of the best?



9. Develop a Distinct Voice


If you’re a writer/blogger, ignoring the classics is a mistake. This has nothing to do with subject matter. Regardless of what you write about, you need to be persuasive and develop a distinct voice. The best way to learn is from the masters. I’ve seen several articles recommend examples of good writing — they’ve all been other blogs. I have a feeling most people reading this article already read enough blogs. Spending some time with the classics will give you an edge.



10. Learn Timeless Ideas

We like to believe, in our modern arrogance, that technology has changed everything. In truth, it feels the same to be alive today as it did a thousand years ago. The lessons of the classics carry as much weight as ever. They contain information that is directly applicable to your life. Don’t believe me? Try reading Ben Franklin’s Autobiography without learning something. Reading the classics develops an understanding of the human condition and a deeper appreciation of modern problems.

 
In closing, I’d like to briefly anticipate criticism. This is not an attack on everything modern. To read nothing but the classics would be as foolish as completely ignoring them. The aim is to combine the wisdom of the past with the innovation of the future. The two are inextricably linked — the best books are yet to be written.

 
Also, this is not an appeal to snobbery. Quite the opposite. Reading the classics is a cheap hobby. Used copies can be borrowed from the library or purchased for 1/20 the cost of trendy books that are the talk of high society.



Gracias a la vida!!! Gracias! Obrigada! Thank You! Merci!

Mas não te acanhes Vida que eu continuo a querer mais! :)))

Nem que seja, por vezes,  mais do mesmo!

Uma das minhas músicas preferidas desde a adolescência, há várias versões mas esta, de Mercedes Sosa, é a minha preferida:


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A diferença entre construção e criação



Miguel Ângelo, A criação de Adão, 1510


"The whole difference between construction and creation is exactly this: that a thing constructed can only be loved after it is constructed; but a thing created is loved before it exists."

Charles Dickens

Coitadinho do gigolo! / Poor gigolo!




Sobre este Just a Gigolo/I Ain't Got Nobody medley:

"Just a Gigolo" is best known in a form first recorded by Louis Prima in 1956, where it was paired in a medley with another old standard, "I Ain't Got Nobody" (words by Roger Graham and music by Spencer Williams, 1915). Although these two songs have nothing else in common, the popularity of Prima's combination, and of David Lee Roth's 1985 cover version of the medley, has led to the mistaken perception by some that the songs are two parts of a single original composition".


E a letra:

Just a gigolo

everywhere I go
people know the part
I'm playing




Paid for every dance
selling each romance
every night some heart
betraying




There will come a day
youth will pass away
then what will they say
about me




When the end comes I know
they'll say just a gigolo
as life goes on
without me


'Cause I aint got nobody
nobody nobody cares for me
I'm so sad and lonely
sad and lonely sad and lonely
Won't some sweet mama
come and take a chance with me
cause I aint so bad


Get along with me babe,
been singin love songs
All of the time
Even only be, honey only, only be
Bop bozadee bozadee bop zitty bop


I ain't got nobody 'cept love songs in love
Hummala bebhuhla zeebuhla boobuhla
hummala bebhuhla zeebuhla bop



I ain't got nobody, nobody,
nobody cares for me
Nobody , nobody
I'm so sad and lonely,
sad and lonely,
sad and lonely,
Won't some sweet mama come
and take a chance with me
cause I aint so bad

Get along with me babe,
been singin love songs
All of the time
Even only be, honey only, only be

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Antes do amanhecer/ Before Sunrise



Se querem um filme com acção, pancadaria, intriga, jogos de poder, sexo, esqueçam. Antes do Amanhecer (1995) vive dos diálogos e de uma sequência feliz de momentos inesquecíveis. É um filme que apetece ler, beber as palavras...





Mais sobre este filme AQUIAQUI.


Sabe a filme de férias.

Voz quente, tempo de Verão, ópera de Gershwin

Leona Lewis canta Summertime de George Gershwin, da ópera norte-americana Porgy and Bess.




Ópera norte-americana composta por George Gershwin em 1935, Porgy and Bess teve libreto da autoria de Ira Gershwin e DuBose Heyward, baseado no livro Porgy (1925) da autoria do último e da peça homónima escrita a meias por ele e a mulher Dorothy Heyward. A história aborda a vida na comunidade afro-americana da fictícia Catfish Row, em Charleston, no início dos anos 30. Originalmente composta como uma "ópera folk americana", não foi aceite de forma legítima antes dos anos 70. Conta a história de Porgy, um negro aleijado que vive num bairro pobre de Charleston, na Carolina do Sul, e as suas tentativas para salvar Bess das garras do seu chulo Crown e do traficante de droga Sportin' Life. O teor da história foi bastante controverso, tendo sido acusado diversas vezes de racista.

A obra original de Gershwin, com mais de quatro horas de duração, foi encenada de forma privada pela primeira vez no Outono de 1935 no Carnegie Hall (...).

Em 1959, foi realizada por Otto Preminger e produzida por Samuel Goldwyn uma versão cinematográfica que teve como protagonistas Sidney Poitier e Dorothy Dandridge.



A ópera inclui diversos temas musicais que se tornaram famosos e transcenderam o seu contexto operático, estabelecendo-se como clássicos do jazz ou dos blues: "Summertime" e "It Ain't Necessarily So", entre outros.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Michael Bublé, Diana Krall, Ella Fitzgerald e Barbra Streisand que têm em comum?

O grande, grande clássico "Cry me a river"


Michael Bublé em 2009:








Diana Krall  em 2008:




Ella Fitzgerald  em 1975:




E Barbra Streisand  em 1963:




Nesta retrospectiva que de forma alguma se pretende exaustiva, resta dizer que a canção foi editada pela primeira vez em 1953, cantada pela actriz/cantora Julie London. Joe Cocker também lançou a sua versão em 1970. Esta é uma música com história!

Aqui fica a versão de Julie London e mais não choro!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

"Um livro é sempre uma caixa de ferramentas".



Carta aos pais

Não sei se já reparou numa coisa muito simples: um livro é sempre uma caixa de ferramentas. Há livros para tratar das plantas, há livros para ensinar a conduzir um carro, há livros para viajar pelo mundo fora, há livros para mostrar como se vive em sociedade, há livros para conhecermos as naus, os piratas, as aventuras dos mares e as ilhas dos tesouros, há livros para adormecer e histórias para levar as crianças a comerem a sopa. Mas sejam livros práticos, ou livros de ensino, ou aquilo a que se chama literatura, isto é, romances, poesia, ensaio, teatro, pensamento, história, todos os livros foram feitos, escritos e impressos, distribuídos, dados e vendidos, para ajudar cada um de nós a viver. E é por isso que há livros onde os filhos aprendem a gostar dos pais, os pais descobrem que os filhos não são exactamente como eles eram quando foram os filhos que ainda são, e há livros onde se ensina a ver paisagens, e outros que nos trazem os cheiros e os sabores de outros lugares, e há livros para aprender a namorar, a dizer a ternura, o amor, a dificuldade de dizer, o medo de envelhecer, a tristeza, o deslumbramento de o mundo existir à nossa volta. E nada, absolutamente nada, substitui essa enorme alegria de abrirmos um livro, de lermos meia dúzia de palavras, e vermos um outro mundo possível a nascer dentro dos nossos olhos e das nossas próprias palavras. Hoje em dia, é tudo muito rápido, e a gente perde-se no meio das informações, dos noticiários, dos jornais, das televisões, das internets, dos telemóveis de todas as gerações, e por vezes precisamos de fazer uma pausa, parar para arrumar as coisas à nossa volta e começarmos a pensar com a nossa própria cabeça. Pode ficar certo de que para nos ajudar a pensar, a trabalhar naquilo de que se gosta, a ser mais produtivo e criativo, ainda não se inventou nada de mais eficaz do que um livro. Um livro anda mais devagar, mas dá tempo ao tempo. Ao tempo para viver melhor. Vá com o seu filho a uma livraria, compre-lhe um livro de que ele goste, inscreva-o numa biblioteca, descubra o seu filho nos livros que ele lê e fique mais próximo dele ao falar-lhe dos livros que leu. Lentamente, mas definitivamente, cada livro novo vai fazer parte da família.

Ção (com c de cão)



Fiona Apple canta... Porque não mudar agora para ser mais como os outros?

Porque não, não e não! (como os miúdos respondem).


Acabei de descobrir e adorei tudo: a voz, a música, a letra... Aqui fica:




E a letra:

I'm sentimental
So I walk in the rain
I've got some habits
Even I can't explain
I go to the the corner
and I end up in Spain
Why try to change me now

I sit and daydream
I've got daydreams galore
Cigarette ashes
There they go on the floor
I go away weekends
leave my key in the door
why try to change me now

Why can't I be more conventional
People talk
and they stare
So I try
But that can't be
Because I can't see
My strange little world
Just go passing me by

So let people wonder
Let 'em laugh
Let 'em frown
You know I'll love you
Till the moon's upside down
Don't you remember
I was always your clown
so Why try to change me now


Why can't I be more conventional
People talk
and they stare
So I try
But that can't be
Because I can't see
My strange little world
Just go passing me by

So let people wonder
Let 'em laugh
Let 'em frown
You know I'll love you
Till the moon's upside down
Just you remember
I was always your clown
so why try to change me
why would you want to change me
Why try to change me now



Muito bonito!


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