terça-feira, 2 de agosto de 2011

Se me queres, quer-me inteira...





Si me quieres, quiéreme entera...


Si me quieres, quiéreme entera,
no por zonas de luz o sombra...

Si me quieres, quiéreme negra
o blanca. Y gris, y verde, y rubia,
y morena...

Quiéreme día, quiéreme noche...
Y madrugada en la ventana abierta!...

Si me quieres, no me recortes:
Quiéreme toda...o no me quieras!


Dulce María Loynaz



Fonte: Poesía Infantil i Juvenil

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"Gosto de ti": um poema de Francisco Valverde Arsénio







Gosto de ti
e das marcas do teu rosto
na almofada da minha cama;

Gosto de ti
e do teu sorriso sereno
adormecido nos lábios;

Gosto de ti
quando nos momentos de paixão e abandono
me desenhas na tua pele;
Gosto de ti
quando vagueias à sombra das laranjeiras
e as folhas caem no chão como poemas;

Gosto de ti e de ser eu… em ti.


Francisco Valverde Arsénio (2011)

18 leitores de Kim Roberti / 18 paintings of readers































 




sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Uma das Manhãs": mais um poema sensual




De Joaquim Monteiro, aqui fica "Uma das Manhãs":


Rente à manhã, sinto uma leve brisa.
Suave e fresca. Acaricia-me.
O dia descobre-me aos poucos, beijando-me,
e eu sou um, entre tantos que desperta.

Docemente me beija a pele adormecida,
sem pudor, desperta-me a virilidade,
assustada, de incontidas noites desejada.
Num alvoroço de luas peregrinas.

A meu lado, o amor ainda dorme.
Tão nua, num desapego lírico de se ver.
Aveludado, meu afago a percorre,
deixando adormecer minha mão,
no ventre luminoso de perdão.

Estremece um pouco; na vã tentativa
de encobrir, desfolhada rosa, que,
meus dedos no orvalho se inquietam.

Lentamente os seios despontam ao raiar,
num leve acariciar dos lábios.
Docemente sorri: afastando-me a mão.
{que agora não; ainda não despertou o coração}

(2011-06-18)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Leitores famosos XXXIX: John Lennon e Yoko Ono

Desperta-me de noite...um poema sensual




De Maria Teresa Horta:

Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito

É rede a tua língua
Em sua teia
É vício as palavras
Com que falas

A trégua
A entrega
O disfarce

E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo

E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vai descobrindo vales.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Era uma vez o princípe desencantado, da realeza real ...

O príncipe desencantado





<><> <><>
Por Ricardo Araújo Pereira:
De acordo com a imprensa, o casamento do príncipe do Mónaco foi visto por um milhão de portugueses. Continua a ser bastante misterioso para mim que alguém queira assistir a um casamento, sobretudo se não pode estar presente no copo de água. Os jornalistas que fazem a cobertura deste tipo de acontecimento avançam com uma explicação: as pessoas gostam muito de contos de fadas. É notável que este tipo de jornalista saiba sempre aquilo de que "as pessoas" gostam, e eu não sou ninguém para os contradizer. Mas o casamento do príncipe do Mónaco, mesmo sendo o casamento de um príncipe, não tem nada a ver com os contos de fadas. Talvez eu tenha sido um leitor desatento de Perrault, dos irmãos Grimm e de Andersen, mas não me recordo do conto de fadas que começa: "Era uma vez um príncipe de 53 anos, careca e relativamente anafado, que tinha, de acordo com a última contagem, quatro filhos bastardos. Numa linda manhã..."

Digamos que não se trata da descrição habitual de um dos príncipes dos contos de fadas - que, refira-se, quase nunca se chamam Alberto. Estamos, além disso, a falar de um príncipe cujo reino, além de não ser bem um reino, tem cerca de dois quilómetros quadrados. É menos de metade da área da freguesia de Bordonhos, em S. Pedro do Sul. Que um grande número de portugueses deseje assistir ao casamento de Alberto Alexandre Luís Grimaldi e nenhum queira saber do matrimónio de Celestino Manuel da Silva Cardoso (presidente da junta de Bordonhos, para os leitores indesculpavelmente ignorantes) é das ocorrências mais estranhas da vida contemporânea.

Em geral, nos contos de fadas os príncipes são filhos de um rei muito bondoso. Ou, em alternativa, de um rei muito malévolo que eles combatem e substituem - passando eles a ser reis muito bondosos. Na vida real, os príncipes são descendentes de homens que eram piratas, ou brutos com jeito para andar à pancada, ou ambas as coisas. No caso do príncipe Alberto, há o problema adicional da progressão na carreira. Trata-se de um príncipe que nunca será rei, uma vez que os seus antecessores não tiveram sequer a decência de conquistar um território à altura de um monarca. É um príncipe que nunca deixará de ser príncipe. O trono do Mónaco sofre do complexo de Peter Pan.

Em resumo, trata-se de um gordito de meia idade que manda numa espécie de borbulha da França, com uma área pouco maior do que três campos de futebol e cujos habitantes são, na sua maioria, pessoas que acedem a ser seus súbditos sobretudo para efeitos fiscais. Não vi o casamento mas estou ansioso pelo filme da Disney.


Crónica publicada na Revista Visão, edição de 14 de Julho de 2011.

Branca de Neve enquanto leitora nua / Snow White as a naked reader


Muito irreverente. De Mark Ryden.

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin