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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Esta é uma música de mim para os meus filhos / This music is from me to my kids

Vejo os meus filhos a crescer, a ganharem autonomia...a mais velha já tem 17 anos...
Depois lembro-me do que fiz os meus pais passarem quando era adolescente tardia e jovem adulta (o meu pai não conseguia dormir enquanto eu e a minha irmã não chegássemos a casa, normalmente de madrugada) e penso que está quase a chegar a minha vez de os deixar ir, de os libertar e sofrer ansiosa na espera  de que cheguem a casa, a temer por eles...a só desejar que eles estejam bem e sejam felizes. Ansiosa por uma mensagem, um telefonema. 
O amor é agora o mesmo que senti quando os segurei pela primeira vez nos braços, quando nasceram. Talvez maior ainda porque os conheço agora do direito e do avesso, sei os seus gostos e os seus medos, o seu riso e a sua voz, os seus beijos e abraços, o seu caminho desde os primeiros passos às conquistas e descobertas que os têm definido  e desenvolvido como pessoas...Ser mãe é o melhor da vida e o mais difícil.

Cada vez que oiço esta música, normalmente no carro, enquanto os levo à escola,  penso que poderia ter sido escrita por mim para os meus filhos. Com muito amor.



James Arthur - Safe Inside


I remember when you were all mine
Watched you changing in front of my eyes
What can I say
Now that I'm not the fire in the cold
Now that I'm not the hand that you hold
As you're walking away


Will you call me to tell me you're alright
Cause I worry about you the whole night
Don't repeat my mistakes
I won't sleep 'til you're safe inside
If you're home I just hope that you're sober
Is it time to let go now you're older
Don't leave me this way
I won't sleep 'til you're safe inside


Everyone has to find their own way
And I'm sure things will work out okay
I wish that was the truth
All we know is the sun will rise
Thank your lucky stars that you're alive
It's a beautiful life


Will you call me to tell me you're alright
Cause I worry about you the whole night
Don't repeat my mistakes
I won't sleep 'til you're safe inside
If you're home I just hope that you're sober
Is it time to let go now you're older
Don't leave me this way
I won't sleep 'til you're safe inside


If you make the same mistakes
I will love you either way
All I know is that I can't live without you
There is nothing I can say
That will change you anyway
Darling, I could never live without you
I can't live, I can't live


Will you call me to tell me you're alright
Cause I worry about you the whole night
Don't make my mistakes
I won't sleep, I won't sleep
If you're home I just hope that you're sober
Is it time to let go now you're older
Don't leave me this way
I won't sleep 'til you're safe inside


Will you call me to tell me you're alright
Cause I worry about you

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Natal talvez.../ Maybe Christmas...

 
Talvez nós devamos explicar aos nossos filhos qual o verdadeiro significado do Natal. No fim de semana passado estive com a minha filha mais nova a escolher brinquedos para dar aos meninos cujos pais não vão ter dinheiro para comprar prendas.
Mesmo para quem desdenha o significado religioso (e entra em contra-senso) há toda a apologia da família, da amizade e da solidariedade. Em tempos de crise, os presentes deverão ter um significado simbólico, privilegiando o gesto e não o valor material. E na ausência do presente (que pode até ser um desenho de criança) temos como justo substituto o sorriso na boca, no olhar e no abraço.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ando semi-viva!

Depois de ler isto concluo que sou uma espécie de morta-viva! Bolas! Tenho que fazer por mudar algumas coisas na minha vida mas não é tão fácil como parece, sobretudo quando a nossa vida não é só nossa. Há mais pessoas afectadas pelas minhas decisões. E se arriscar não for apenas um acto de coragem mas também de egoísmo? "Easier said than done!"


Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"

E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias
queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,

Recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.

Estejamos vivos, então!

 Pablo Neruda

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Os Livros (por um poema meu)


Os livros são a jangada,

o comboio

o avião

e a estrada.

A deslocação do vento na cavalgada 

e a viagem

e a paisagem

e a chegada.

São a nossa casa

e o sorrido da pessoa amada.



Ana Tarouca, 24 Jan. 11

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Homenagem à minha barriga / "The Beauty Love Left Behind"


Esta não é a minha barriga mas a minha não ficou em muito melhor estado depois de duas gravidezes e três bébés (com gémeos na barriga fiquei tão larga quanto comprida:)).

Guardo numa timidez orgulhosa (tímida porque em nada corresponde à beleza que normalmente se espera) as marcas na pele de acontecimentos felizes que encheram e enchem a minha vida para sempre.

"The Beauty Love Left Behind. A mark for every breath you took, every blink, every sleepy yawn. One for every time you sucked your thumb, waved hello, closed your eyes and slept in the most perfect darkness. One for every time you had the hiccups. One for every dream you dreamed within me. It isn't very pretty anymore. Some may even think it ugly. That's OK. It was your home. It's where I first grew to love you, where I lay my hand as I dreamed about who you were and who you would be. It held you until my arms could, and for that, I will always find something beautiful in it". (autor desconhecido)


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os Livros (por um poema meu)




Os livros são a jangada,

o comboio

o avião

e a estrada.

A deslocação do vento na cavalgada 

e a viagem

e a paisagem

e a chegada.

São a nossa casa

e o sorrido da pessoa amada.



Ana Tarouca, 24 Jan. 11

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Imaginem que eu sou o cão fofo.../ There are books that are guilty pleasures

...e a cenoura é um bom livro....



...ou até um livro talvez menos bom, um "guilty pleasure", daqueles que te dão gozo ler e tu nem sabes bem porquê, porque até nem lhes atribuís grande valor literário...mas que te puxam para dentro das páginas e te fazem esquecer o mundo!

Leituras inconfessáveis, quem as não tem? Hum? E já agora confessem-se.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um livro a pairar sobre uma tragédia ou um amor feliz?



Uma cena inquietante com um livro a pairar no voo de duas pombas...qual será a história deste livro, deste homem armado que nos olha de soslaio, desta mulher que dorme vulnerável e tranquila, com um sorriso a colorir-lhe o sono?

 Personalizará ela a vítima inocente face à determinação assassina dele? Não é ele que nos sobressalta com o ar astuto, dissimulado, traiçoeiro, as armas escondidas atrás das costas?

Ou será que ele apenas protege com a sua força de guerreiro o sono tranquilo da sua amada e o sorriso dela advém de se saber amada, guardada e segura?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Vamos processar a Bela Adormecida!!!


A minha tradução muito livre:

A Princesa Aurora, vulgarmente conhecida como Bela Adormecida, ao dormir durante 100 anos negligenciou gravemente o seu reino e o seu povo. Quanto ao dragão foi preso por desacato, perturbação da ordem pública e resistência às forças da autoridade. Ambos foram julgados e executados. A partir daí o povo viveu feliz para sempre.

Sempre há histórias com finais felizes!!! :)
Posted by Picasa


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Leitoras de outrora / Female readers from another century



As primeiras são jovens de branco, de pescoço descoberto adornado com pérolas, de uma beleza fresca, em redor de uma mesa onde um livro aberto descansa. Esta é a fotografia das filhas do Czar Nicolau II.


Quanto às jovens da segunda fotografia (1870s), a beleza e a frescura é-lhes roubada pelos vestidos pretos e austeros que as cobrem dos pés à cabeça e pelo semblante carregado. O pequeno livro quase se perde no meio do luto.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vestida para ler / Dressed to read

Pelo frou frou do vestido deve-se tratar de um clássico da literatura, um conto de fadas talvez...se fosse de vampiros apostaria mais num look gótico subtilmente sedutor, se fosse Paulo Coelho talvez adoptasse um estilo hippie, a ler as crónicas de Ricardo Araújo Pereira seguiria a moda das collants às grandes riscas coloridas :) ...a cada livro o seu vestido. 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quatro livros, quatro leituras: as minhas. E uma crispação.

O que ando a ler? Antes de mais declaro-me uma leitora abrangente, diversificada, despreconceituosa ou com personalidade múltipla, como quiserem. Gosto de alternar, misturar sabores, como se faz com um bom prato de comida.

São livros totalmente diferentes uns dos outros e até em línguas diferentes. Os dois primeiros em português, (o segundo obviamente uma vez que é de um autor português!) e os dois últimos em inglês. Que eu saiba não há edições destes últimos em português. No entanto, On Writing de Stephen King merecia e muito. Excelente livro sobre a arte da escrita, surpreendentemente EXCELENTE.



Comer, Orar, Amar - Comer na Itália, Orar na Índia, Amar na Indonésia de Elizabeth Gilbert


Em relação ao primeiro "já comi" e agora reflicto sobre a oração, a meditação e a nossa relação com Deus, temas de que trata a segunda parte do livro. Ainda não alcancei a parte do "Amar". Esta leitura desliza como se fosse água. É muito positivo.




O Apocalipse dos Trabalhadores de Valter Hugo Mãe

É a primeira vez que leio Valter Hugo Mãe. Foi-me apresentado literariamente pela minha cunhada que me emprestou o livro. Escreve muito bem embora não goste de maiúsculas e os diálogos por vezes pareçam ter saído de um livro de Saramago (é difícil perceber quem diz o quê). Reconhecemos e reconhecemo-nos no Portugal que escreve. É triste.





On Writing: A Memoir of the Craft de Stephen King

É genial e está tudo dito. Por mim já não me faz falta mas acho que os portugueses mereciam uma edição em português. É a minha estreia em relação a Stephen King porque não gosto do género literário a que ele se dedica, o horror fantástico mas, fora do seu registo habitual, surpreendeu-me pela positiva. É um misto de autobiografia e manual sobre a escrita. Directo. Simples. Sem papas na língua. 

 



Mr. Darcy Takes a Wife de Linda BerdollUma das muitas sequelas de Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Algum enredo e muito sexo. Caricato porque os romances de Jane Austen nem um beijo têm. Distraí o leitor e mais não se lhe exige. O inglês não é dos mais acessíveis, ao contrário do anterior que se lê sem problemas para quem domina razoavelmente a língua inglesa. É Light.

 

Um último reparo. Para quem lê bem em inglês compensa mais, em termos de preço, comprar os livros na Amazon ou no Book Depository do que numa livraria em Portugal. O que não ajuda sobretudo os autores portugueses e irrita como o caneco! Destes quatro livros um é emprestado, o outro foi prenda do maridão pelo Natal e os restantes dois comprei na Amazon (o que tende a tornar-se cada vez mais frequente).

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um pequeno poema meu :)

n. id.


Os livros são o rio que corre e a jangada,
e o comboio e o avião e a estrada.
E o sabor do vento na cavalgada
São a viagem e a paisagem e a chegada.
São a nossa casa e o sorrido da pessoa amada.

Ana Tarouca (euzinha:))

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quando foi a última vez que fizeste algo pela primeira vez?

 

Ui, agora, de repente parece que ando há muito tempo a fazer as mesmas coisas!!!
E vocês, hum?

Bolas, tenho que fazer uma lista de novas experiências!

Não há pior que águas estagnadas para cheirar mal e atrair os mosquitos! Ou fazer como Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa), sentado à beira do rio a ver a vida a passar!

Há que inovar, mesmo quando já não estamos na idade de todas as primeiras vezes.

Mas também há já os prazeres descobertos, hábitos arreigados, amores conquistados e vícios adquiridos que são para permanecer. :) Ficar, ficar, irem ficando...


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As minhas reflexões sobre a necessidade de ler outra vez livros afinal surpreendentemente novos...


n. id.


Há livros que já  li há 15 ou 20 anos (bolas, tantos!) que preciso de os ler novamente. Já não me lembro de nada do que li, tenho umas ideias turvas ou embora ainda lembre, sei que a minha leitura seria agora fresca, mais abrangente em relação ao mundo e à vida, necessariamente diferente.

Já cresci tanto  :) caramba!, já vivi bastante, felizmente :) que agora estes serão para mim livros completamente novos.
É esse mesmo o encanto de os voltar a ler...descobriremos um novo livro num já lido porque mudámos enquanto pessoas e consequentemente enquanto leitores. Não sendo o livro mais do que o reflexo do seu leitor...a imagem que teremos dele será obviamente outra.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Mourinho é o maior!!! E já agora...

E tem razão quando diz que

"Não gosto de prostituição intelectual!"



José Mourinho

Qualquer tipo de prostituição é degradante, a físicamente explícita de beira de estrada ou a subtilmente encoberta nos hoteis de luxo em Nova York envolvendo inclusivamente figuras públicas.

A prostituição intelectual pode ser menos sujeita a infecções mas a vergonha, a falta de respeito por si mesmo continuam presentes.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Um policial de Natal...

OSmith, para a revista NewYorker de 1997-12-22-29.

Um assassinato perpetrado junto à lareira, por baixo das meias vermelhas que se fazem às prendas...

O corpo do homem morto estendido no chão ao lado da árvore de natal... (parece não ter sujado a carpete, uff!)

E os livros, os livros foram remexidos mas parece que o assassino não levou nenhum.
"Menos mal, menos mal ou estragava-me o Natal" pensa Elisa com o revólver do marido na mão.

"Sherlock, qual o principal suspeito?"
"Elementar meu caro Watson! Se não têm mordomo só pode ter sido o Pai Natal!"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Um leitor desconfiado

 

Que estão para aí a fazer a olhar para mim? Tou a ler, pois tou... vão ler para outro blogue, vão lá!
Tive um dia cansativo aqui na quinta, tou esvaido, preciso de sossego.
Abalem daqui que o porco já está a ficar nervoso, vá lá.

A ilustração é de Robert Dunn.

Não levem a mal a rabugice deste leitor! :))

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A ler agora...algo deliciosamente pernicioso.

O Retrato de Dorian Gray, de Óscar Wilde.

Aqui o cartaz do filme sobre o livro que vale a pena ver.

Ainda não tinha lido nada de Óscar Wilde e a obra que mais me tentava era esta mas o romance gótico consegue ser um bocado penoso, deprimente...surpreende-me no entanto porque este senhor escreve realmente com uma vivacidade, uma ironia, um humor assente no sarcasmo e no paradoxo que é extremamente apelativo. A argumentação imoral da mais imoral das personagens chega a ser deliciosa! :)

Alguns curtos exemplos:

1. Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.

2. A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.

3. O pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos.

4. Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.

5. Perversidade é um mito inventado por gente boa para explicar o que os outros têm de curiosamente atractivo.

6. Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada.

Todo o livro está repleto de pérolas destas. Não direi de sabedoria, algumas são perfeitamente perniciosas e deliciosamente perversas.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Há quem compre a sua tese mas e o orgulho pela missão cumprida onde fica?


Confesso que já fiz alguns trabalhos completos para amig@s aflitos por falta de tempo ou experiência. Tendo em conta que se trataram de episódios pontuais, não vejo que a ética, minha ou de quem ajudei, tenha saído amolgada. Até porque foi sempre por amizade e sem contrapartidas monetárias.

Sempre soube que há quem pague pelos seus trabalhos académicos, inclusivamente teses de licenciatura, pós-graduação, mestrado... Nos meus tempos de estudante universitária lembro-me dos anúncios à descarada afixados nos placards dos corredores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, anunciando a prestação destes serviços...perguntava-me que garantias davam estes senhor@s de competência para tal...sempre poderia acontecer que se pagasse uma fortuna por um trabalho medíocre...

Não me choca minimamente que se peça ajuda para uma pesquisa. No meu trabalho como bibliotecária/documentalista, faço pesquisas para terceiros todos os dias! Sei que o meu é um trabalho de retaguarda. A minha entidade patronal paga-me para isso mesmo (e mais, e mais) :).  Mas todo o processo de "digestão" da informação pesquisada fica por conta do utente: a selecção, a organização e a redacção do trabalho proposto.

O que me confunde é que quem se propõe obter determinado grau académico, levar a cabo um curso, estudar para saber mais e enriquecer competências pague para que outro lhe faça  a papinha toda, a tese final...onde fica o orgulho da missão cumprida, do objectivo alcançado por mérito próprio? Uma tese, apesar dos seus alicerces científicos, tem algo de profundamente pessoal e criativo!


Comprar uma tese pode custar 1500 euros. Um 'negócio' em crescimento na Internet


Um familiar de Teresa (nome fictício) precisava de fazer pesquisa para um trabalho universitário. Como ela estava desempregada, ele pediu-lhe para o ajudar a recolher informação nas bibliotecas. Teresa, que sempre gostou de fazer pesquisas, ajudou-o a elaborar o trabalho. "A partir daí pensei que podia fazer isto para fora", reconhece.


A venda de trabalhos académicos é um negócio em expansão. Mas não só. Ainda há dias, a Agência Nacional para a Qualificação reconheceu a existência de um mercado ilegal de venda de trabalhos no âmbito das Novas Oportunidades e até disse já ter denunciado casos ao Ministério Público.


Os alunos queixam-se de falta de tempo e optam por comprar os trabalhos, o que lhes pode custar até 1500 euros... e a validade dos diplomas . Na Internet há muitos anúncios que oferecem estes serviços. Para o professor universitário e sociólogo da Educação Almerindo Afonso, a prática revela um problema "ético" da sociedade.


Teresa avisa que não faz trabalhos completos. "Já me têm telefonado a perguntar se tenho teses feitas ou se as consigo fazer para o dia seguinte. Mas eu não faço os trabalhos por inteiro; só as pesquisas", conta. Aos 54 anos, dedica-se a este trabalho há dois e garante que não lhe faltam pedidos. Algumas pesquisas podem demorar quatro meses e custar 1500 euros.


Quem também não tem mãos a medir é Sandra, 35 anos. Há nove meses que faz teses, apresentações e monografias, e desde então já terminou dez trabalhos. "Só faço um de cada vez, mas alguns são mais exigentes e podem demorar meses", explica. Os estudantes pedem-lhe, ainda, para rever os seus textos. "Tenho muitos casos de pessoas que escreveram o texto todo, mas como não têm confiança pedem-me para rever e fazer correcções", admite. Para fazer a parte teórica, Sandra cobra 15 euros por página.


O desemprego levou também Catarina a vender trabalhos académicos no ano lectivo passado. A maioria das coisas que fez foram apresentações, principalmente para alunos de ciências. Este tipo de trabalho custava 60 euros.


O aumento da procura deste serviço é, para o professor da Universidade do Minho, "sinal da qualidade do sistema educativo, da falta de expectativas dos jovens e da desconfiança em relação aos diplomas". Ou seja, "querem o certificado e não fazem o curso pelo gosto de estudar. Isto faz com que usem estratégias mais pragmáticas para ter as coisas rápido".


O sociólogo diz que já apanhou trabalhos plagiados. "No mínimo, chumbam!" Mas até agora nunca se apercebeu de que o trabalho tivesse sido feito por outra pessoa.

Diário de Notícias em 23 de Agosto de 2010

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