Mostrar mensagens com a etiqueta leitora. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta leitora. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Essa coisa maravilhosa chamada livro / That wonderful thing called book





"When I was about eight, I decided that the most wonderful thing, next to a human being, was a book". 
Margaret Walker


sexta-feira, 2 de março de 2018

"A Leitora" por António Ramos Rosa

Leopold Carl Müller, 1834-1892


A Leitora


A leitora abre o espaço num sopro subtil. 
Lê na violência e no espanto da brancura. 
Principia apaixonada, de surpresa em surpresa. 
Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco. 
Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra. 

Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento. 
Desce pelos bosques como uma menina descalça. 
Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva 
em chama de água. Na imaculada superfície 
ou na espessura latejante, despe-se das formas, 

branca no ar. É um torvelinho harmonioso, 
um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira 
na sede obscura de palavras verticais. 
A água move-se até ao seu princípio puro. 
O poema é um arbusto que não cessa de tremer. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde" 

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A poesia é confissão / Poetry is confession






«Poetry is the one place where people can speak their original human mind. It is the outlet for people to say in public what is known in private...»


Allen Ginsberg

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Quatro características dos amantes de livros

woman-reading-illustration-Catrin Welz Stein




Quatro características dos amantes de livros:



1 – Entendem o valor dos livros
Pessoas que não estão acostumadas com a leitura podem não entender o valor que cada um dos livros tem. Entendem que, por trás das obras, há um crescimento para o leitor, por meio da aprendizagem de novos assuntos.


2 – Leem como hobbie
Principalmente durante o período escolar, muitos estudantes leem por causa de provas ou exigências dos professores. No entanto, aqueles que verdadeiramente se identificam com a leitura, acrescentam a prática no dia a dia. É comum encontrar uma pessoa que goste livros lendo durante o final de semana, por exemplo.



3 – Passam a escrever melhor
Ler bastante faz com que o leitor tenha mais familiaridade com a língua materna e, consequentemente, passam a escrever melhor. O contato frequente com os livros pode fazer com que o estudante entenda melhor as estruturas do português e consiga criar um estilo próprio no momento da escrita.



4 – Dificilmente têm um livro favorito
Por terem o hábito de ler muito, estão sempre entrando em contato com novas obras, dificultando escolher apenas uma como a melhor de todas. Geralmente, por lerem gêneros diferentes, torna-se difícil comparar um livro com o outro.


Universia Brasil via Canto do Livro

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Poema sobre uma leitora atenta / The attentive reader




A Leitora

Ali está ela, atenta, a leitora.
Mas, repara: lê

como se levitasse.
O escrito pouco importa.

É como se não lesse. Imagine:
uma língua tão estrangeira

que ela não reconhecesse,
não soubesse qual e,

serena, não dá por isso.
Ou mais que:

não lê. Vê
as páginas,

como se da janela
a paisagem

e pousasse os olhos
na orla das páginas

sem saber
onde vão as palavras.

Frui, tão-só,
a pele, o almíscar,

a árvore
que o livro foi um dia.


Eucanaã Ferraz

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Os clássicos


Edward John Poynter (1836-1919)


"Um clássico é algo que todo mundo gostaria de ter lido e ninguém quer ler".

Mark Twain

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Uma menina com um livro...uma mulher com o seu amante...um texto de Clarice Lispector


s.id.



Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". 

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Clarice Lispector

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Não há espaço para a mediocridade na literatura / I dread mediocrity in books





"Most of all I dread mediocrity: a book should either be very good or very bad, but, for its life, not mediocre. Mediocrity is something quite unpardonable."

Fyodor Dostoevsky, de uma carta para Apollon Nikolayevitch Maikov

sábado, 7 de maio de 2016

"Ela era fascinada pelas palavras" / "She was fascinated with words"


Maurice Millière (1871–1946)



"She was fascinated with words. To her, words were things of beauty, each like a magical powder or potion that could be combined with other words to create powerful spells".



quinta-feira, 7 de abril de 2016

O que extraem os leitores dos livros? / Woman reading with cat



"Os leitores extraem dos livros, consoante o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno".
Friedrich Nietzsche

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin