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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Não consuma drogas, beije muito, apaixone-se e o efeito é o mesmo! :)

O Cupido de Kenyon Cox (1856 – 1919)

A bióloga norte-americana Sheril Kirshenbaum afirma, no seu livro "The Science of Kissing.", que o beijo tem um efeito semelhante no cérebro a uma dose de cocaína:

"A tese não é nova, já que nos últimos anos vários investigadores têm demonstrado que a paixão resulta de um cocktail de químicos semelhantes aos libertados pelo consumo de droga, que actuam nas zonas de gratificação do cérebro.

Helen Fisher, especialista em biologia antropológica da Universidade Rutgers, New Jersey, tem sido uma autora prolífica. Allen Gomes sublinha que, apesar de uma comparação directa entre um beijo e uma dose de cocaína poder ser excessiva, Fisher demonstrou existir uma grande proximidade entre as zonas do cérebro atingidas por uma e outra. "Tem que ver sobretudo com a dopamina e parece ser esta a base para o amor ser uma motivação natural", diz o psiquiatra. "Mas se analisarmos, o ódio também acontece perto do amor e a felicidade perto da raiva."

Kirshenbaum, citada este fim-de-semana pelo jornal espanhol "El País", explicava que o facto de a dopamina disparar durante um beijo apaixonado, como acontece no consumo de cocaína, pode explicar os "pensamentos obsessivos associados a um novo romance". "Faz-nos querer mais e sentimo-nos carregados de energia. Sob o seu efeito, perdemos o apetite, temos dificuldade em dormir e de-senvolvemos comportamentos erráticos." Allen Gomes ajuda a diagnosticar: "Como lhe chamou Fisher, a paixão é uma dependência agradável se for correspondida e privativa se houver rejeição."

Dopamina, ocitocina, adrenalina e serotonina são algumas das substâncias produzidas pelos neurónios já associadas à paixão. Com base em níveis acima da média quando se está apaixonado, muitos tentaram já impor um prazo de validade ao encantamento: seis meses a dois anos. Num artigo publicado recentemente na revista "Bipolar", Allen Gomes rejeita a limitação: "Casais com ligações de mais de 20 anos e que se declaram ainda apaixonados mostram activações cerebrais semelhantes aos casais a viverem os primeiros estádios da paixão. Quer dizer que a paixão não tem de ser necessariamente breve. Breve será, por definição, o turbilhão emocional que a acompanha." Kirshenbaum pede mais investigação nesta área: o grosso das cobaias têm sido "jovens universitários em pleno despertar sexual", disse ao "El País".

No final do ano passado, um estudo publicado por Stephanie Ortigue, da Universidade Syracuse, revelou que a activação destes circuitos numa situação de paixão demora um quinto de segundo. Segundo a investigadora, além da resposta eufórica, a paixão também incide sobre áreas intelectuais, por exemplo as que processam a imagem corporal".


Artigo de Marta F. Reis , publicado hoje no Jornal i. Leia na íntegra AQUI.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Caçada nocturna pelas ruas de Lisboa

Roteiros de solidão e de gente que se perde pela vida, sempre a procurar em círculos nem sabem bem o quê.

Caçada nocturna



À noite todas as putas são pardas. Sigo pelas ruas secundárias da cidade, mas a bicha faz parecer que estamos na hora de ponta. Bom, a zona das bichas é mais no Conde Redondo, mas não pode dizer-se que, por aqui, não estejamos na hora de ponta.

É vê-los. É verem-me. A fila de putanheiros sabe do que falo. Temos que esperar pela nossa vez. Há um código de respeito. E de vergonha. Não me vejam. E eu não os vejo. Só as putas são visíveis. Os olhos têm destinatários. Mas os meus fraquejam.

Durante o dia, parado nas filas de trânsito, penso no que irei fazer nestas noites. E nestas noites, parado num trânsito de pilas, penso no que ando a fazer dos meus dias. Estradas alternativas que vão dar a casa de alguém. Onde alguém espera por alguém.

Sigo pelo Técnico ao Saldanha. Aqui tudo piora. Estou a subir, mas sinto o sangue a baixar-me o juízo. Temos que esperar a nossa vez. E procurar, procurar sempre. Não ver para não ser visto. É essa a regra. Respeito ao código dos putanheiros.

Uma volta ao quarteirão. Duas voltas ao quarteirão. E elas não ficam mais bonitas nem à terceira. Nem à quarta. Eu também não fico mais sóbrio. Estou cansado. Farto.


Aqui não há desejo. É tudo expectativa. Sigo pela Artilharia Um. Dois. Três. Queimei um vermelho junto à prisão. E penso queimar um verde. Para mim, as quintas-feiras são verdes. As quartas amarelas. E as putas são pardas. Pardo não é bem uma cor. E isto não é bem uma vida. Quanto muito, algo suspenso no meio disso. Amanhã é quinta e será queimada pelo sol que não tarda. Esperar pela nossa vez e respeitar o código.

Houve um tempo em que eu parava o carro quando chegava a minha vez. Aqui não há prazer. É tudo consumação. Desilusão e cansaço. Havia a Kali, a rainha senegalesa. E havia a Veronika, a bailarina ucraniana. Veronika não falava português, era toda gesto. Mas isso pouco importava. A comunicação entre putas e putanheiros dispensa a palavra e até a língua. Sai mais caro. De resto, é tudo o mesmo. Putas e putanheiros. Até a palavra é a mesma. Caça e caçador. O caçador carrega a dor que a caça não sentirá.


Nós somos aquilo que consumimos. E aquilo que nos consome reclama, com razão, a nossa propriedade. Sigo pela rua António Maria Cardoso e viro à direita. Era ali que costumava estar a Senhora Dona. Acho que morreu de tudo. Abatida por tudo. Logo ela, tão dada a nada. Ao fim de alguns anos, estas caçadas tornam-se muito parecidas.


Indistintas como as noites. O lado bom é que as presas são muitas. O mau é que sabem todas ao mesmo. O preço a pagar também é sempre o mesmo. Pouco e demasiado.


Sigo pela Antero de Quental. Agora, de repente, sinto que podia parar. Podia inverter a marcha, virar à esquerda e seguir em frente. Parar no vermelho e salvar o verde. Estaria em casa. Onde habito. Mas é cedo como se fosse ainda ontem. Anteontem e antes disso. Ou talvez seja tarde. Depois de amanhã e ainda depois de depois de amanhã. Esperar.

Temos que esperar a nossa vez. Procurar. Insistir. Não ver para não ser visto. É essa a regra. O código. Viro à direita para mais umas voltas ao quarteirão. Tudo o que eu quero é parar. Ir para casa. Arranjar uma casa. Dormir. Arranjar alguém com quem dormir. Parar. Arranjar alguém que me faça parar. Só quero que acabe. Que pare. Mas também sei que é então que tudo, normalmente, começa. Não sei se estão a ver.




Pastor Flores, in Nunca Nada Ninguém


Publicado no Jornal de Letras em 7 de Janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

José Leon Machado fala de "A Vendedora de Cupidos"

José Leon Machado: já AQUIALI falei dos seus livros. Encontro agora a sua entrevista ao Jornal de Letras.

"Agrada-lhe imaginar como seria o mundo em épocas distantes. José Leon Machado, 44 anos, fá-lo através da escrita, para melhor conhecer e compreender as suas "origens". Em A Vendedora de Cupidos, o seu mais recente livro, parte da morte misteriosa do padre de uma aldeia para criar um retrato pitoresco do país, atrasado e rústico, durante a II Guerra Mundial. Com a chancela das Edições Vercial, o romance é o segundo título de uma trilogia que atravessa a História do século XX em Portugal, desde a queda da Monarquia até ao 25 de Abril".

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quem tem medo do lobo mau, perdão, Lobo Antunes?

«Amado por uns, odiado por outros, reconhecido por todos. Lobo Antunes é dos escritores portugueses mais respeitado dentro e fora de portas. Já António, o homem, poucos o conhecerão. Reservado, profundo, visceral, não lhe faltam histórias polémicas, que acabam invariavelmente nos jornais. Talvez ele nem as leia: não lida bem com a crítica e não gosta de dar entrevistas porque as considera irrelevantes. Mas, mais do que tudo, porque uma história de jornal nunca passa disso, de uma história, com toda a ficção e realidade que pode conter: "Sou arrogante, mal-educado, rebelde, geralmente sou sempre o António Lobo Antunes somado a qualquer coisa desagradável. Não corresponde a nada do que sou, a nada", disse em entrevista ao Expresso o autor de "Sôbolos Rios que Vão", o seu novo livro que acaba de ser editado».


Este é um excerto de um artigo publicado hoje pelo Jornal i. Leia tudo AQUI.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O que Rui Zink sempre soube sobre as mulheres

O que Sempre Soube das Mulheres




Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-semesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.



Rui Zink, in "Jornal Metro" em 25 de Maio de 2010

Fonte: Citador

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Seja feliz por nada

Um artigo bonito que me chegou por e-mail e do qual não tenho quaisquer referências: qual o autor, onde e quando foi publicado??? Se souberem digam por favor.

Cliquem para aumentar e ler.
E sejam felizes por tudo, por quase tudo e por nada. :)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Quando o texto jornalístico se aproxima do literário: um artigo sobre a tragédia na Madeira



"Berrei para o meu compadre: 'Fujam!'. Mas já vinham as pedras a saltar"  é o título de um artigo publicado hoje no jornal Público, escrito pelo jornalista Paulo Moura, sobre o momento trágico que se vive na Madeira. O que chama a atenção para esta peça jornalística, entre muitas outras que hoje foram publicadas sobre este mesmo assunto, é que quem o lê parece estar perante um texto literário. A qualidade da escrita é notável. Os intervenientes madeirenses são introduzidos no texto à semelhança de personagens, com acções e histórias de vida. Aqui fica um excerto:

"Na cidade, a chuva parou e as pessoas vieram ao centro ver os estragos, como se fosse um espectáculo que um dia descreverão aos netos. Há muita gente, mas um estranho silêncio. Há zonas alagadas e outras em que a lama solidificou, deixando automóveis incrustados até ao tejadilho à maneira dos fósseis, em posições desgovernadas de quem tivesse participado numa dança louca. Dir-se-ia que andou tudo a voar.

Nas ribeiras ainda corre uma água castanha, rápida e rumorejante. Um som estridente, semelhante a uma gargalhada. Ao fundo, o mar espera, cúmplice. De certos sítios, agora calmos, ninguém se aproxima, com medo, como se ali tivesse rugido uma fera.

O Largo do Pelourinho ainda está alagado e da esplanada de um café apenas emergem os tampos das mesas, onde foi servido um sinistro repasto de pedras e lama. A um nível mais elevado fica a Praça da Autonomia, obra de regime, cercada de água por todos os lados.
 
Leia na íntegra que bem vale a pena AQUI.

A foto é do jornal La Tribuna, publicado nas Honduras.

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