terça-feira, 11 de janeiro de 2011

As boas vindas ao FMI!

O Sr. bp63 de A Sombra das Imagens escreve com humor e acutilância. Há muito tempo que gosto de ler o que escreve...já nos conhecemos virtualmente de outras paragens. Aqui vos apresento um excerto de um texto seu: 

"A mãe compôs-lhe o laço, não havia meio de ficar direito, parecia que estava vivo o apêndice têxtil, com personalidade própria, teimava sempre em descair para o lado esquerdo; depois, ajeitou-lhe o cabelo, mas o sucesso também não foi o melhor – raios parta a gadelha do rapaz, não há quem lhe acadime isto, é a ruindade a eriçá-lo, sai ao pai que tem cá uma feitio que não se pode –, só mesmo uma boa dose de gel lhe permitiu assentar o desconcerto capilar e obter, assim, de risco ao meio e com a cabeleira pegada à cabeça, um ar angelical de menino bem comportado. No fim, colocou a criança em frente ao espelho e sentiu-se orgulhosa: como estava lindo o seu menino!

Já estava a fechar a porta da rua quando a mãe reparou que a bandeirinha colorida, anteriormente entregue ao seu petiz, ficara esquecida, talvez caída, em casa. No meio de umas vociferações – andas sempre com a cabeça no ar, só prestas atenção no que te interessa -, e depois de ter dado umas boas sapatadas para refrescar memórias infantis que teimavam em sucumbir ao primeiro momento, voltou a casa para recolher o distinto objecto. Felizmente que, quando chegaram à paragem do autocarro, o 45 ainda não tinha passado, caso contrário chegavam atrasados ao aeroporto".

Continue a ler AQUI.



Passamos por várias áreas da biblioteca...


...conforme passamos por várias fases na vida.
 
 
Cartoon de DAN KRALL

O Mourinho é o maior!!! E já agora...

E tem razão quando diz que

"Não gosto de prostituição intelectual!"



José Mourinho

Qualquer tipo de prostituição é degradante, a físicamente explícita de beira de estrada ou a subtilmente encoberta nos hoteis de luxo em Nova York envolvendo inclusivamente figuras públicas.

A prostituição intelectual pode ser menos sujeita a infecções mas a vergonha, a falta de respeito por si mesmo continuam presentes.

Os Loucos de Lisboa

É Ala dos Namorados.



Esta não é a minha versão preferida...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Deixemos de ser uns snobs de merd...

"Em vez de sermos snobs de merda ligando ao nome, ao título, ao canudo ou ao aspecto, deveríamos ser sinceros. Admiramos mais um bom jardineiro ou um mau romancista? Uma boa criada ou um mau político? Precisamos mais de uma boa chave de parafusos ou de um mau poema?..."


Miguel Esteves Cardoso

 
Via João Miguel Alves no Facebook

Mulher, teimo em ti pousar

Quem conhece esta música e poema fenomenais? Manhã. A voz é de Carlos do Carmo e a música de Pedro Abrunhosa.




Manhã, que em ti encerra

Este mar que nao se altera,
este vento na galera
que teima em ti pousar.



Madrugada, de repente
Sou pássaro sou gente,
Tão distante e nunca ausente
E teimo em ti pousar.



Mulher, minha alvorada
Tu és o vento que tarda,
Por ti pouso o cansaço
Na verdade de um poema
Na mentira de um abraço,
Teu leito é o meu regaço
Eu quero assim ficar.




Barco que torna ao porto
No teu corpo eu me aporto,
Ai fico e me recordo
E teimo em ti pousar.



Neblina, despertada
Tao leve quanto a espada,
Que se bate por tudo e nada
E teima em ti pousar.


Mulher, minha alvorada
Tu és o vento que tarda,
Por ti pouso o cansaço
Na verdade de um poema
Na mentira de um abraço,
Meu leito é o meu regaço
Eu quero assim ficar.
Na verdade de um poema
Na mentira de um abraço,
Meu leito é o teu regaço
Eu quero assim ficar.

Deixa-te ficar na minha casa...

Filarmínica Gil com a bela voz rouca de Nuno Norte.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Caçada nocturna pelas ruas de Lisboa

Roteiros de solidão e de gente que se perde pela vida, sempre a procurar em círculos nem sabem bem o quê.

Caçada nocturna



À noite todas as putas são pardas. Sigo pelas ruas secundárias da cidade, mas a bicha faz parecer que estamos na hora de ponta. Bom, a zona das bichas é mais no Conde Redondo, mas não pode dizer-se que, por aqui, não estejamos na hora de ponta.

É vê-los. É verem-me. A fila de putanheiros sabe do que falo. Temos que esperar pela nossa vez. Há um código de respeito. E de vergonha. Não me vejam. E eu não os vejo. Só as putas são visíveis. Os olhos têm destinatários. Mas os meus fraquejam.

Durante o dia, parado nas filas de trânsito, penso no que irei fazer nestas noites. E nestas noites, parado num trânsito de pilas, penso no que ando a fazer dos meus dias. Estradas alternativas que vão dar a casa de alguém. Onde alguém espera por alguém.

Sigo pelo Técnico ao Saldanha. Aqui tudo piora. Estou a subir, mas sinto o sangue a baixar-me o juízo. Temos que esperar a nossa vez. E procurar, procurar sempre. Não ver para não ser visto. É essa a regra. Respeito ao código dos putanheiros.

Uma volta ao quarteirão. Duas voltas ao quarteirão. E elas não ficam mais bonitas nem à terceira. Nem à quarta. Eu também não fico mais sóbrio. Estou cansado. Farto.


Aqui não há desejo. É tudo expectativa. Sigo pela Artilharia Um. Dois. Três. Queimei um vermelho junto à prisão. E penso queimar um verde. Para mim, as quintas-feiras são verdes. As quartas amarelas. E as putas são pardas. Pardo não é bem uma cor. E isto não é bem uma vida. Quanto muito, algo suspenso no meio disso. Amanhã é quinta e será queimada pelo sol que não tarda. Esperar pela nossa vez e respeitar o código.

Houve um tempo em que eu parava o carro quando chegava a minha vez. Aqui não há prazer. É tudo consumação. Desilusão e cansaço. Havia a Kali, a rainha senegalesa. E havia a Veronika, a bailarina ucraniana. Veronika não falava português, era toda gesto. Mas isso pouco importava. A comunicação entre putas e putanheiros dispensa a palavra e até a língua. Sai mais caro. De resto, é tudo o mesmo. Putas e putanheiros. Até a palavra é a mesma. Caça e caçador. O caçador carrega a dor que a caça não sentirá.


Nós somos aquilo que consumimos. E aquilo que nos consome reclama, com razão, a nossa propriedade. Sigo pela rua António Maria Cardoso e viro à direita. Era ali que costumava estar a Senhora Dona. Acho que morreu de tudo. Abatida por tudo. Logo ela, tão dada a nada. Ao fim de alguns anos, estas caçadas tornam-se muito parecidas.


Indistintas como as noites. O lado bom é que as presas são muitas. O mau é que sabem todas ao mesmo. O preço a pagar também é sempre o mesmo. Pouco e demasiado.


Sigo pela Antero de Quental. Agora, de repente, sinto que podia parar. Podia inverter a marcha, virar à esquerda e seguir em frente. Parar no vermelho e salvar o verde. Estaria em casa. Onde habito. Mas é cedo como se fosse ainda ontem. Anteontem e antes disso. Ou talvez seja tarde. Depois de amanhã e ainda depois de depois de amanhã. Esperar.

Temos que esperar a nossa vez. Procurar. Insistir. Não ver para não ser visto. É essa a regra. O código. Viro à direita para mais umas voltas ao quarteirão. Tudo o que eu quero é parar. Ir para casa. Arranjar uma casa. Dormir. Arranjar alguém com quem dormir. Parar. Arranjar alguém que me faça parar. Só quero que acabe. Que pare. Mas também sei que é então que tudo, normalmente, começa. Não sei se estão a ver.




Pastor Flores, in Nunca Nada Ninguém


Publicado no Jornal de Letras em 7 de Janeiro de 2011

Elizabeth Gilbert sobre como alimentar a criatividade artística / Elizabeth Gilbert on nurturing creativity

Uma vez que estou a ler com prazer


Quis saber mais e descobri este fascinante discurso da escritora, Elizabeth Gilbert, sobre como alimentar a criatividade artística. Questões que se aplicam não apenas à escrita como à música e à dança.





"Elizabeth Gilbert medita sobre as coisas impossíveis que esperamos dos artistas e dos génios - e partilha a ideia radical de que, em vez de uma pessoa rara "ser" um génio, todos nós "temos" um génio. É uma apresentação divertida, pessoal e surpreendentemente tocante".

Fonte: TED

sábado, 8 de janeiro de 2011

José Leon Machado fala de "A Vendedora de Cupidos"

José Leon Machado: já AQUIALI falei dos seus livros. Encontro agora a sua entrevista ao Jornal de Letras.

"Agrada-lhe imaginar como seria o mundo em épocas distantes. José Leon Machado, 44 anos, fá-lo através da escrita, para melhor conhecer e compreender as suas "origens". Em A Vendedora de Cupidos, o seu mais recente livro, parte da morte misteriosa do padre de uma aldeia para criar um retrato pitoresco do país, atrasado e rústico, durante a II Guerra Mundial. Com a chancela das Edições Vercial, o romance é o segundo título de uma trilogia que atravessa a História do século XX em Portugal, desde a queda da Monarquia até ao 25 de Abril".

As leitoras de sonho de Igor Zharkov



A dormir sobre o livro aberto.



O livro conta a história das personagens, do cenário, de mil e uma aventuras...



A leitora adormecida de livro no colo.

Igor Zharkov

Posted by Picasa

Livro aberto à sombra de uma jarra de rosas vermelhas


“Roses & Cockscomb” de Daniel Gerhartz

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

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